Por César Felício | Valor Econômico
SÃO PAULO - A união do tucano Geraldo Alckmin e do centrão demandará muita negociação para o reordenamento das alianças locais. São poucos os Estados em que existe um alinhamento entre PSDB, PP, DEM e PR, para citar os partidos mais importantes da maior aliança eleitoral na eleição presidencial.
O risco do tucano permanecer frágil em Estados centrais existe, mas a união nacional deve abrir espaço para a formação de novos palanques nos locais em que as candidaturas regionais ainda estão em fase de consolidação.
Os quatro estão juntos em São Paulo e tendem a se unir no Paraná e em Pernambuco. No primeiro caso em torno da candidatura de João Doria (PSDB) a governador e nos outros dois para o apoio respectivo à governadora Cida Borghetti (PP), que tenta a reeleição e ao senador Armando Monteiro (PTB).
Nos demais casos há muito a ser feito para garantir um palanque sólido a Alckmin, cujos índices nas pesquisas rondam os 2% de intenção de voto fora de São Paulo.
A anteposição no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina é entre o PP e o PSDB. O gaúcho Luiz Carlos Heinze (PP) tende a apoiar Jair Bolsonaro na corrida presidencial, na esperança de superar Eduardo Leite, ex-prefeito de Pelotas, candidato pelo PSDB.
Em Santa Catarina, a demanda do PP para que o senador tucano Paulo Bauer desista de sua candidatura ao governo para o ex-governador Esperidião Amin já foi levada a Alckmin.
Em Minas Gerais e Goiás, o confronto é entre os tucanos e o DEM. No caso goiano, trata-se de um problema insolúvel: Ronaldo Caiado (DEM) e o grupo do ex-governador Marconi Perillo (PSDB) representam a principal polarização no Estado e estarão em lados opostos na eleição.
Em Minas, tenta-se conciliar as candidaturas ao governo estadual do tucano Antonio Anastasia e do deputado Rodrigo Pacheco (DEM). Foi outro problema levado a Alckmin.
No Ceará, na Bahia, no Rio Grande do Norte e no Piauí, as principais siglas do centrão apoiam lideranças filiadas a partidos que são adversários diretos da candidatura presidencial tucana. No Ceará, o DEM e o PP estão no chapão pela reeleição do petista Camilo Santana (PT), com aval do PDT de Ciro Gomes.
No Piauí, o PP de Ciro Nogueira, presidente da sigla, está na coligação do petista Wellington Dias. No Rio Grande do Norte, Carlos Eduardo Alves (PDT) reúne na sua chapa o PP e o DEM do senador José Agripino Maia.
Na Bahia, PP e PR são aliados do PT do governador Rui Costa.
A conjugação entre Alckmin e Centrão poderá vitaminar a candidatura do ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) no Rio de Janeiro, já que nenhum dos demais partidos que apoiam o tucano para presidente conta com candidatura viável no Estado. Ou servir de catalisador para uma chapa única no Amazonas, onde os partidos oscilam entre apoiar Amazonino Mendes (PDT) ou Omar Aziz (PSD) e nenhum acordo foi fechado.
Também pode servir para as legendas alinhadas a Alckmin acertarem o passo no Distrito Federal, onde ainda não há candidato definido para derrotar a candidatura à reeleição do impopular governador Rodrigo Rollemberg (PSB). Desta união pode surgir ainda um candidato a se confrontar em Alagoas com o governador Renan Filho (MDB), que irá apoiar o PT no plano presidencial.
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