Tucano defendeu aliança com centrão dizendo que não se governa sozinho
Cristiane Jungblut / Silvia Amorim / Letícia Fernandes | O Globo
BRASÍLIA — Candidato à Presidência da República, Geraldo Alckmin teve sua candidatura homologada neste sábado pelo PSDB com ataques ao PT e a Jair Bolsonaro (PSL) e uma defesa enfática da aliança com lideranças envolvidas em escândalos de corrupção.
Alckmin associou o grupo de Bolsonaro a “fanáticos” e defensores de uma ditadura que tende a se tornar “anarquia”.
— Ainda hoje a América Latina vê regimes produzidos por quem promete dar murro na mesa dizendo que faz e acontece, que pode governar sozinho ou apenas acompanhado de fanáticos. Gente assim quer a ditadura, que degenera em anarquia. Precisamos da ordem democrática que dialoga, tolera diferença, ouve contraditório — atacou.
Alckmin acusou o PT de “bravatas” e "radicalismos":
— Vamos mudar o Brasil não com bravatas, conversas fiadas, gritaria, tumulto e desarmonia entre os poderes. Foram bravatas e radicalismos que criaram a coincidência que sintetiza a herança trágica que o governo petista nos deixou. São 13 milhoes de desempregados, o número do PT.
O tucano, criticado por não crescer nas pesquisas, disse que é um nome competitivo:
— Alguns dizem que serei bom presidente mas não sou bom candidato porque falta uma dose de pimenta. Mas essa eleição não é para candidato, mas para presidente. Estamos mais do que preparados para liderar esse processo de mudança.
Em defesa de aliança de sua candidatura com o centrão — DEM, PP, PR, PRB e SD — disse que não se faz um governo apenas comum bom presidente.
— Não basta uma mulher ou homem. Um governo de qualidade requer espírito público, coesão, alianças para fazer o melhor para o povo. Aceito ser candidato pelo PSDB e dos demais partidos que aqui nos apoiam nesta ampla aliança dos que acreditam no caminho do desenvolvimento e não na rota da perdição do radicalismo.
Mesmo ao lado de políticos investigados, ele afirmou que “ninguém tolera mais um estado infestado pela corrupção”.
A escolha da senadora Ana Amélia (PP-RS) como vice foi explicada pelo candidato como sinal do “empoderamento” feminino:
— É uma palavra nova. Ana Amelia é empoderamento.
VACINA CONTRA CENTRÃO
O combate à corrupção foi a tônica dos discursos na convenção como uma reação às críticas que Alckmin recebe pela aliança com partidos de centrão — bloco conhecido pela prática do fisiologismo nos últimos governos.
Partícipe das conversas para convencimento de Ana Amélia a aceitar a vaga de vice, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) foi um dos primeiros a tentar vacinar Alckmin do desgaste pela coligação.
— Com essa chapa vamos provar que é possível governar com decência, honestidade e competência. Duvido que tenha outro candidato com a retidão e honestidade de Alckmin. Que candidato deu prova de que sabe governar com Congresso e não transformar o pais num centro institucionalizado de corrupção? Não somos iguais aos outros partidos que estão aí.
Presidente nacional do DEM, ACM Neto também reagiu aos efeitos que a composição política poderá causar para o discurso ético de Alckmin.
— Aqui estão homens sérios e comprometidos em construir um país melhor para os brasileiros – afirmou.
ACM Neto foi elogiado pelo líder do PSDB na Câmara, Nilton Leitão, pela participação na articulação da aliança entre o centrão e Alckmin.
— Foi um gigante, paciente e grande líder, que no momento em que o Brasil mais precisava, convocou todos para pensar no futuro. ACM Neto reunificou todos esses partidos que levarão Geraldo Alckmin à vitória.
Ana Amélia expôs em seu discurso que a aliança do PP com Alckmin não foi fácil. Parte do partido, incluindo o presidente, Ciro Nogueira, defendia o apoio a Ciro Gomes (PDT).
— No meu Progressista, Ciro (Nogueira, presidente nacional do PP) entendeu essa missão, apesar das dificuldades regionais que tem.
A candidata a vice também reforçou o discurso da ética.
— Quando aceitei o convite tive a honra de dizer que quero contribuir modestamente porque a régua moral de Gealdo Alckmin é a mesma que sempre usei. Tenho a responsabilidade com o dinheiro do contribuinte. Gasto apenas 30% do que tenho direito a verba indenizatória. Nunca usei auxílio moradia porque tenho minha casa. É isso que o brasileiro quer, um governo austero, uma nova forma de mostrar que este país tem jeito. E o jeito é Geraldo Alckmin presidente.
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