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Que tipo de candidato ele será
Que margem de autonomia terá Fernando Haddad para representar Lula enquanto o PT insistir em enganar o eleitor com a farsa de que Lula será candidato? Porque é de margem que se trata – autonomia ampla, geral e irrestrita, Haddad jamais terá.
E que impressão, boa ou má, deixará no eleitor uma figura reconhecidamente cheia de ideias próprias e que, no entanto, falará o tempo todo por outra presa e condenada, e que prometerá, caso se eleja, governar como a outra governaria?
À primeira pergunta, a resposta é: Haddad terá uma margem estreita de autonomia. Ele é talentoso e bom de bico o suficiente para aos poucos tentar alargar a margem. Mas se arriscará? E deixarão que se arrisque?
O PT sabujo e ortodoxo da senadora Gleisi Lula Hofmman, e de outros que pensam e agem como ela, espera dispor de um Haddad disciplinado, tanto quanto possível uma espécie de boneco do ventríloquo encarcerado em Curitiba.
À segunda pergunta, sobre que impressão um candidato assim deixará no eleitor, exclua-se nesse caso o eleitor petista de raiz. Esse engole qualquer coisa, quanto mais um candidato que se apresente como porta-voz do pai dos pobres e mãe dos ricos.
Como reagirá o eleitor que votou em Lula, depois em Dilma, decepcionou-se com o poste, e agora enxerga em Haddad mais um poste? Estará disposto a dar a Lula mais um cheque em branco? A acreditar que da masmorra, Lula mandará no governo?
Lula já acreditou em duas coisas depois de preso: que acabaria logo solto e que poderia ser candidato este ano. Agora só acredita em uma: que se eleger Haddad, será solto. A ser assim, deveria libertar Haddad para que ele tente se eleger.
O PT e a escolha de Sofia
Lula ou Fernando Haddad para presidente da República?
Em breve, o PT se verá na mesma situação de Sofia, a mãe polaca do romance de Willian Styron forçada a escolher qual dos seus dois filhos deveria morrer para que pelo menos um se salvasse.
Caso insista em valer-se de todos os recursos judiciais para prolongar ao máximo a farsa da candidatura de Lula, ficará sem tempo suficiente para fortalecer a candidatura de Haddad.
Ao assumir, ontem à noite, a presidência do Tribunal Superior Eleitoral, a ministra Rosa Weber deu uma notícia ruim e outra boa para o PT e seus devotos.
A ruim: um candidato a cargo público, se não possuir condição de se eleger, pode ter seu pedido de registro negado ‘de ofício’ pelo tribunal. Desnecessário, pois, qualquer pedido de impugnação.
A notícia boa para o PT: serão respeitados a ferro e a fogo todos os prazos do processo de registro. Assim, a farsa de que Lula é candidato poderá se estender até 17 de setembro, no máximo.
Ocorre que até lá o PT ficaria sem um candidato para chamar verdadeiramente de seu na propaganda eleitoral no rádio e na televisão. Lula, por falta de registro; Haddad, por ser apenas vice.
A eleição será no dia 7 de outubro. A propaganda no rádio e na televisão começa no próximo dia 31. Nesta sexta-feira, sem o PT, haverá mais um debate na televisão entre candidatos a presidente.
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