- O Estado de S.Paulo
Ciro Gomes disse na sabatina Estadão/Faap que não quer ser “herdeiro” de votos de Lula porque voto não é herança. Retórica à parte, todo o roteiro da fase atual da campanha do candidato do PDT mira esse espólio. Ao se despedir da entrevista, ele disse que não será nem um “capitão nem um picolé de chuchu”. Não por acaso, foram Jair Bolsonaro e Geraldo Alckmin que concentraram os ataques do pedetista.
Também não foi inadvertidamente que Ciro não citou uma única vez o nome de Fernando Haddad. “Haddad não existe no Nordeste”, me disse recentemente um dos principais aliados do pedetista. Ele quer que continue a não existir. Por isso, também, que Ciro não fala mal de Lula além do protocolar.
Ele monitora a transferência dos votos, ainda que em público rejeite a tese da herança. Sabe que, hoje, ele e Marina Silva estão no testamento, mas que Haddad pode crescer.
Quer aproveitar o vácuo do PT para falar a esse eleitorado: daí a insistência na tecla do programa Nome Limpo e o uso voluntário (sem ser provocado) da retórica mais incisiva, a la “Cirão da Massa”, apelido que ganhou nas redes sociais.
Ciro vê nesta eleição um vetor de mudança – “radical”, segundo ele. Por isso, quer se situar entre os que falam grosso, como Bolsonaro, mas com consistência e do lado do povo. Daí a rapidez com que se coloca no time dos “mortadelas”, contra o “baronato” – que engloba bancos, mídia, empreiteiras e sabe-se lá mais quem.
BANCOS NA MIRA
Pedetista quer aumentar concorrência bancária
A contundência com que Ciro Gomes bate nos bancos não é só para o palanque. O economista Nelson Marconi, coordenador do programa de governo do pedetista, afirmou ontem que, se eleito, ele adotará uma série de medidas para aumentar a concorrência bancária. Ele diz que elas podem ser tanto de regulamentação quanto projetos de lei, e incluirá incentivo à entrada de instituições estrangeiras e a permissão para que pequenas instituições que já atuam no mercado brasileiro e também fintechs forneçam serviços hoje restritos aos grandes bancos.
VALE-GÁS
Economista nega populismo em promessa de subsídio de Alckmin
No afã de se aproximar do eleitor mais pobre, Geraldo Alckmin reeditou o vale-gás, política do governo Itamar Franco. O tucano Alckmin, que até aqui vem rezando pela cartilha liberal, está cedendo ao populismo tarifário do PT? O economista Adriano Pires, responsável pela proposta do PSDB para a área de energia, nega. Diz que a ideia é retirar o subsídio hoje existente, que é para todos (o que ele chama de “Robin Hood às avessas”) e concentrá-lo em 8,7 milhões de famílias que pagariam metade do preço cheio (hoje, cerca de R$ 40) a cada 45 dias. O benefício seria dado por meio de um cartão só aceito para comprar o botijão de gás – para evitar mercado paralelo. “Toda proposta liberal na economia tem de ter também preocupação social”, defende. Ele afirma que a conta, estimada em cerca de R$ 2,3 bilhões ao ano, será paga pelo governo, e não pela Petrobrás, como ocorreu nos 13 anos em que o gás ficou congelado na era Lula-Dilma.
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