Avaliação do ensino básico mostra que São Paulo, sob Alckmin, perdeu a liderança nacional
O PSDB foi vitorioso em todas as eleições para o governo estadual paulista desde 1994. Geraldo Alckmin, ora candidato a presidente, venceu três dos seis pleitos, além de ter sido vice de Mário Covas.
Não se pode dizer, portanto, que a descontinuidade administrativa seja responsável pelos resultados medíocres da educação paulista nos recém-divulgados dados nacionais sobre o aprendizado.
Conforme os resultados de 2017 do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), São Paulo perdeu a liderança nacional em duas etapas do ensino fundamental (5º e 9º ano) e no ensino médio. Manter-se entre os três ou quatro mais bem colocados do ranking não basta para configurar um desempenho aceitável.
Primeiro, porque os padrões do Brasil se mostram muito baixos. Mesmo estudantes de países emergentes que gastam menos no setor obtêm notas melhores em testes internacionais como o Pisa.
O nível médio, em particular, se mantém um gargalo do ensino há décadas. A melhor nota do Ideb, de Goiás, não passa de 4,3, numa escala que vai a 10. A paulista oscilou de 3,9, em 2015, para 3,8.
Deve-se apontar ainda que São Paulo dispõe de mais recursos que os outros estados: base de arrecadação diversificada, pessoal especializado, amplo sistema universitário. Entretanto seus resultados no Ideb e no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) não diferem muito da média brasileira.
Alckmin questionou os números de 2017, pois o ensino técnico foi excluído da avaliação. De fato, essas instituições abrigam boa parte dos melhores alunos da rede estadual. Ainda que com elas São Paulo recuperasse a liderança, porém, a mediocridade permaneceria.
Estados com verbas menores fazem progressos de forma mais rápida e se mostram mais competentes na gestão educacional.
Se as notas comprovam a ineficácia, tribulações recentes põem em xeque a consistência da política tucana para a área. O comando da secretaria estadual foi entregue em 2016 a um juiz que confessava desconhecer o assunto.
Pouco antes de deixar o posto, neste ano, José Renato Nalini criticou diretrizes centrais —e corretas— como a premiação de professores por desempenho, ecoando jargões do sindicalismo.
Antes dele, Herman Voorwald tentou uma reorganização das escolas que, embora meritória a princípio, não passou pelo devido debate e despertou forte resistência.
Será impróprio afirmar que Alckmin desencaminhou a educação paulista. Há aspectos defensáveis em sua administração, e as deficiências do ensino público desafiam todos os níveis de governo. Mas, se não chegam a merecer sumária reprovação, os resultados tucanos certamente constituem decepção.
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