- O Globo
Partido afrontou a Justiça ao ignorar a determinação de suspender seu programa
Se ainda havia alguma dúvida, ela desapareceu na tarde desta terça-feira, 4 de setembro. Ao insistir com o programa eleitoral proibido pelo TSE, o Partido dos Trabalhadores provou que não tem qualquer apreço ao legal, ao justo, ao democrático. Foi muito mais do que simples desrespeito, o PT afrontou a Justiça ao ignorar a determinação de suspender o programa com mensagem dúbia sobre o papel de Lula na eleição. Depois de ouvir a ordem do ex-presidente preso de manter a luta pela sua candidatura, o PT resolveu encarar o TSE.
Os líderes do partido resolveram pagar para ver. Aliás, pagar talvez não seja nem o caso. Embora o TSE tenha determinado multa de R$ 500 mil para cada vez que o programa ilegal for ao ar, o PT vai recorrer quando a conta chegar. Mas mesmo se tiver de pagar, a estratégia grotesca e antidemocrática vale R$ 1 milhão por dia, no raciocínio dos mandarins do partido, uns R$ 18 milhões até a eleição. Deixa que o Fundo Partidário paga a conta, se ela vier mesmo a ser cobrada.
O PT perdeu na Justiça cinco vezes (Moro, TRF4, STJ, STF e TSE). Em cada uma delas acusou de injusta a Justiça. A nenhuma delas se rendeu. Perdeu, claro, todos os recursos. Vai perder outra vez no Supremo. Mesmo assim, segue acusando um hipotético “eles”, que talvez sejamos nós, os brasileiros, pela perseguição implacável ao inocente Lula preso sem provas. Oras, sejamos razoáveis, Lula perdeu em cinco instâncias. Se fosse democrático, já teria optado por seguir o jogo com a alternativa que lhe resta.
Mas, não. Preferiu a afronta. É como se um time cometesse um pênalti e não deixasse o adversário cobrar, mesmo tendo o juiz marcado a falta e a confirmado com o bandeirinha, o auxiliar da linha de fundo e com o VAR, o árbitro de vídeo. Qual a solução nesse caso? O jogo não pode prosseguir. Talvez seja essa mesmo a estratégia do PT, impedir que a democracia se manifeste. Afinal, o partido quer fazer crer que eleição sem Lula é fraude. Na verdade, a fraude é a candidatura de Lula.
Talvez o Partido dos Trabalhadores aposte que o único recurso do TSE é impor a multa. Não é. Apesar do equívoco cometido na madrugada de sábado passado, quando permitiu que a campanha seguisse na TV sem a definição de candidato, o tribunal pode ainda proibir a veiculação do programa diante da afronta. Seria um recuo do TSE, mas justificado pela intransigência do PT. O fato é que nunca antes se viu situação semelhante na democracia brasileira. Nem Bolsonaro seria capaz de ir tão longe.
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