Rejeição recrudesceu na campanha, assim que candidato da legenda ameaçou Bolsonaro
Já se tornou lugar-comum considerar esta uma das mais importantes eleições pós-redemocratizacão. É certo que cada uma delas, desde a primeira, em 1989, tem sua marca. Naquele ano, pelo fato de ser a volta das eleições diretas para presidente, depois do apagão da ditadura militar, o pleito foi relevante por si só.
Veio o ciclo dos tucanos no poder, com o PSDB aliado à centro-direita (PFL/DEM), de 1995 a 2002, desembocando em outro fato histórico, o do período lulopetista, em que a esquerda chegou ao Planalto pelo voto, tendo à frente um metalúrgico sindicalista, Lula. E foi também dentro do estado democrático de direito, sem ferir a Constituição, que o período lulopetista chegou ao fim, no impeachment de Dilma Rousseff, na primeira parte do seu segundo mandato. Por crime de responsabilidade cometido em manobras contrárias à Lei de Responsabilidade Fiscal, para escamotear a situação dramática das contas públicas.
A História caminha e, na atual eleição, o PT vive a inédita situação de disputar o pleito com seu líder carismático Lula preso em Curitiba, por corrupção e lavagem de dinheiro. E, representando o impugnado Lula, o candidato petista, Fernando Haddad, ministro da Educação do ex-presidente e de Dilma, começa a enfrentar um movimento antipetista, o que não era observado em grandes dimensões desde a vitória de Lula em 2002.
Muito visível no pleito de 89, quando Lula ainda era o metalúrgico mal-humorado e radical, antes de assumir a persona “paz e amor" em 2002, o antipetismo parece voltar agora com força.
Confirmado para substituir Lula nas eleições, devido à impugnação da candidatura do ex-presidente pela Lei da Ficha Limpa, Fernando Haddad acelerou nas pesquisas. Em simulações, seu nome era dos menos apoiados. Mas logo ultrapassou adversários, ficando em segundo lugar, nas proximidades de Jair Bolsonaro (PSL). Sua progressão apontava para a possibilidade até mesmo de ultrapassar o líder das sondagens eleitorais.
Mas o antigo antipetismo reapareceu. Sintomático que o salto dado por Haddad, em pesquisas do Datafolha, de 16%, em 20 de setembro, para 22%, oito dias depois, enquanto Bolsonaro se mantinha em 28%, antecedeu a um crescimento forte de quatro pontos percentuais do candidato do PSL, ao mesmo tempo em que o petista oscilava um ponto para baixo. A aproximação de Haddad parece ter despertado eleitores que, acima de tudo, não querem a volta do PT ao Planalto. Seria o voto útil contra o partido.
A pesquisa do Ibope divulgada ontem não alterou este quadro. Há pesados passivos sobre o PT, devido à corrupção e à responsabilidade pelo desastre econômico iniciado em 2014. Pode ser que tenha chegado a hora de o partido pagar esta conta nas urnas. Mas ainda há muitas incertezas até o fim da tarde de domingo.
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