- Folha de S. Paulo
Vélez Rodríguez tem se destacado pelo discurso ideológico e pela afetação intelectual
Ao lado do chanceler Ernesto Araújo, o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, é um nome da cota do ideólogo Olavo de Carvalho no primeiro escalão do governo. Não é casual que ambos tenham se destacado neste início de gestão pelo discurso marcadamente ideológico e por um tipo de afetação intelectual que contribui para tornar a maçaroca direitosa mais picaresca —digamos assim.
Araújo tem alguma experiência no serviço público, ao contrário de Vélez Rodríguez, aparentemente pouco equipado para responder aos desafios da complexa máquina para a qual foi indicado.
Esperava-se do ministro a seleção de técnicos gabaritados, capazes de compensar suas deficiências. Não é o que se tem visto. O novo titular da pasta preferiu convocar alguns de seus ex-alunos de filosofia para ocupar funções relevantes. Ao mesmo tempo, recuou da escolha de nomes que já teriam sido acertados.
Sua conduta errática levou ao afastamento de Antônio Flávio Testa, cientista político da Universidade de Brasília, referência na campanha bolsonarista, cotado para ser o secretário-executivo.
Também causou turbulência a nomeação de Murilo Resende Ferreira para o Enem. Um dos coordenadores do conservador MBL (Movimento Brasil Livre) classificou-o, numa rede social, de lunático, conspiratório e fora da realidade.
Vélez Rodríguez terá pela frente decisões cruciais quanto ao papel da União no sistema educacional, o aumento da eficiência de professores e a melhoria dos resultados.
O novo governo precisará também discutir o tema fundamental do financiamento. O atual modelo do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) vence em 2020 e já se debatem alternativas para elevar recursos e aperfeiçoar critérios de distribuição.
Não será com seu blá-blá-blá carola que o ministro enfrentará essas questões.
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