domingo, 12 de maio de 2019

Para novatos, disputa entre nova e velha política é desnecessária

Eleitos por movimentos de renovação dizem que Bolsonaro não elimina ‘vícios’

Dimitrius Dantas / O Globo

SÃO PAULO - Com pouco mais de cem dias de mandato, a maioria dos políticos eleitos por movimentos de renovação, como o RenovaBR, adota postura crítica em relação ao governo Bolsonaro e defende que a disputa entre velha e nova política deveria ficar para trás. Para eles, o Planalto vem falhando em cumprir a promessa de mudar vícios antigos.

As críticas mais duras, como era de se esperar, vêm de deputados eleitos por siglas de oposição, além do único senador que chegou ao cargo via um movimento de renovação, Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Mas mesmo aqueles que elogiam parte da agenda do governo —principalmente a econômica — enxergam limitações em outros setores. O principal deles, afirmam, é a falta de diálogo no Congresso.

Segundo a deputada Tabata Amaral (PDT-SP), um dos aprendizados nos quatro primeiros meses de governo foi perceber que a guerra entre a “velha e nova política” tem sido inútil. Para ela, em nome da nova política, o governo confunde acordos com negociatas e criminaliza a negociação. A visão é compartilhada por outros deputados, como Felipe Rigoni (PSB-ES).

— A boa política tem que ter diálogo. A gente não escolhe com quem a gente conversa na política: quem escolhe com quem conversa, não conversa com ninguém. Mas não tem articulação. Não tem maestro: é uma orquestra sinfônica sem sinfonia —diz Rigoni.

Ex-ministro do governo Temer, Marcelo Calero (Cidadania-RJ) participou de um governo identificado pela ala bolsonarista com a velha política. Deixou a pasta da Cultura após denunciar pressão de Geddel Vieira Lima, na época também ministro, para a liberação de uma obra em um edifício em Salvador. Agora Calero faz parte dos movimentos de renovação e diz que o governo Bolsonaro tem apenas um verniz de nova política.

“SINCERO DEMAIS”
Para Luiz Lima, do Rio, o único deputado do partido de Bolsonaro eleito pelo RenovaBR, o presidente ainda está se acostumando ao posto de presidente da República após mais de duas décadas no Legislativo. Segundo ele, Bolsonaro, muitas vezes, é “sincero demais”.

— Eu diria que o Bolsonaro é uma nova maneira de fazer política, não é um político novo, afinal, tem 28 anos de Congresso. A sinceridade dele tem momentos muito positivos e momentos negativos. Como temos uma polaridade grande, tudo que ele fala, tudo que ele faz, gera um efeito —diz.

Na esteira dos escândalos de corrupção dos últimos anos, vários grupos, como RenovaBR, Acredito e Agora!, foram criados com a intenção de aglutinar o apoio de jovens e profissionais do setor privado para uma atuação na política. A partir dessas organizações, vários deputados, de diferentes partidos, foram eleitos.

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