Coligação com partidos como PT, PDT e PCdoB seria inédita em cidades como Rio, São Paulo e Porto Alegre
Bernardo Mello | O Globo
RIO - O PSOL articula alianças para as eleições municipais de 2020 com partidos de esquerda e centro-esquerda como PT, PDT e PCdoB, com os quais jamais se aliou no primeiro turno em capitais como Rio, São Paulo e Porto Alegre.
No Rio, o partido pretende lançar o deputado federal Marcelo Freixo para a sucessão do prefeito Marcelo Crivella (PRB), e estava em conversas adiantadas com o PT até o ex-presidente Lula defender a candidatura da deputada federal petista. Benedita da Silva.
Freixo alinhou o apoio do PV e mantém conversas com a Rede e com o PDT. Esse último, porém, ensaia lançar a deputada estadual Martha Rocha.
— Eu defendo uma frente ampla (da centro-esquerda)em todas as cidades onde for possível. É uma cultura que precisa ser iniciada agora para ser viável nas eleições presidenciais de 2022 — afirma Freixo.
A estratégia é contestada de forma pontual no partido, por meio da pré-candidatura do vereador Renato Cinco no Rio. Cinco, que propõe um debate interno sobre as alianças, admite que sua rejeição a partidos como o PT é minoritária no partido atualmente.
— O PSOL não é monolítico. Acredito que a aliança com o PT não é boa nem eleitoralmente, nem em termos programáticos —disse ele.
No início da década, o PSOL chegou a estabelecer que a direção nacional precisaria validar alianças fora da coligação Frente de Esquerda, com PCB e PSTU, que deu suporte à primeira campanha presidencial do partido, com Heloísa Helena, em 2006.
Reedição em Belém
O PSOL tenta um movimento semelhante em Belém, onde pretende emplacar o deputado federal Edmilson Rodrigues. Prefeito da capital do Pará por dois mandatos pelo PT, até 2004, Edmilson concorreu pelo PSOL nas últimas eleições municipais com apoios de PV e PDT já no primeiro turno. O parlamentar defende que a união da esquerda demonstraria “maturidade” após o avanço da direita na última eleição nacional.
— Você não precisa abrir mão de princípios para reconhecer que há coisas boas em outros campos políticos — diz Edmilson.
Em Porto Alegre, o PSOL pleiteia o posto de vice na chapa que deve ser encabeçada por Manuela D’Ávila (PCdoB). A deputada estadual Luciana Genro, que concorreu à Presidência pelo PSOL em 2014, se reuniu recentemente com Ciro Gomes, candidato derrotado do PDT ao Palácio do Planalto. Ele mantém uma relação conflituosa com o PT.
Luciana admite um possível “impasse” nas conversas para uma frente única de esquerda se o PT condicionar o apoio à participação como cabeça ou vice da chapa.
— Concordamos com o Ciro que a pauta “Lula Livre” não pode ser o principal mote da esquerda — disse Luciana.
A deputada federal Sâmia Bomfim, que se lançou como pré-candidata pelo PSOL à prefeitura de São Paulo, trata com reservas a chance de uma aliança com apoio petista.
— A capacidade de articulação de Lula, que deve aumentar caso deixe o regime fechado, tende a empurrar o PT para uma disputa pela hegemonia — diz Sâmia.
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