- O Globo
Argentina, México e Uruguai condenaram o cerco de Maduro à Assembleia Nacional da Venezuela. No Brasil, o maior partido de esquerda insiste no apoio ao regime chavista
O cerco militar à Assembleia Nacional da Venezuela agravou o isolamento internacional do regime de Nicolás Maduro. Os governos de Argentina, México e Uruguai, que não reconhecem Juan Guaidó como presidente autoproclamado, condenaram a manobra para impedi-lo de entrar no prédio. “O funcionamento legítimo do Poder Legislativo é um pilar inviolável das democracias”, advertiu a chancelaria mexicana.
No Brasil, o maior partido de esquerda escolheu outro caminho. Nas redes sociais, figurões do PT festejaram o tumulto em Caracas. “Acabou a aventura e a brincadeira chamada Juan Guaidó”, tuitou o líder do partido na Câmara, Paulo Pimenta. “Já vai tarde. Aproveita e leva o Bolsonaro com vc. Derrotado até como autoproclamado...”, empolgou-se a deputada Maria do Rosário.
A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, escreveu que o líder da oposição venezuelana “armou para se passar de vítima” porque não conseguiria se reeleger. É possível que ele não tivesse os votos necessários, mas isso não justifica o uso da força para barrar sua entrada no palácio.
As cenas de Caracas são típicas de uma autocracia bananeira. No domingo, o governo mobilizou tropas com escudos e cassetetes para cercar os acessos à sede do Legislativo. Guaidó tentou pular a grade e voltou para casa com o terno rasgado. Na segunda-feira, a Venezuela amanheceu com dois políticos que se diziam presidentes da Assembleia.
Ontem a oposição conseguiu entrar no prédio, mas foi enxotada com bombas de gás lacrimogêneo. Aliados do governo ainda cortaram a luz do plenário para assegurar o fim da sessão.
Ao insistir no apoio incondicional a Maduro, o PT fica em más condições para criticar os arroubos autoritários do governo Bolsonaro. O momento do Brasil exige uma oposição que defenda a democracia como valor absoluto, acima de afinidades ideológicas. Se os petistas abrirem mão deste papel, outras forças políticas vão ocupar o lugar.
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