- O Globo
Em mensagem enviada ao Congresso ontem à tarde, na abertura do ano legislativo de 2020, o presidente Jair Bolsonaro falou que o “mundo voltou a confiar no Brasil” e que o “viés ideológico deixou de existir nas relações com o exterior”. Para o seu azar, na mesma hora, o Ministério da Economia divulgava uma queda de 11% na corrente de comércio em janeiro, sobre o mesmo período do ano passado. Houve retração das exportações, das importações e déficit de US$ 1,7 bilhão na balança comercial. Na bolsa, até o dia 30 de janeiro, a saída de estrangeiros chegou a R$ 17 bilhões, e o dólar, que ontem fechou em queda, na última sexta-feira bateu recorde nominal.
Ajuda Federal
O Espírito Santo, que tem as contas mais equilibradas do país, vai precisar da ajuda do governo federal para lidar com as chuvas. O governador Renato Casagrande anuncia hoje R$ 114 milhões para obras de reconstrução e prevenção, após já ter liberado R$ 100 milhões. O dinheiro, contudo, não será suficiente. Casagrande entregou um relatório de recuperação ao ministro Gustavo Canuto, do Desenvolvimento Regional, com gastos estimados em R$ 667 milhões. A situação só não é pior porque o estado tinha recurso em caixa, após o resultado financeiro positivo em 2019. O Espírito Santo registrou dez mortes e 13 mil desalojados após as chuvas. “Temos capacidade para responder a emergências, mas a recuperação vai depender da ajuda da União”, explicou o governador.
Reservatórios em baixa
Mesmo com as chuvas das últimas semanas, o nível de água dos reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste terminou janeiro em 25%, o segundo percentual mais baixo desde o ano 2000 (veja o gráfico). Apesar disso, a Aneel manteve a bandeira tarifária verde nas contas de luz no mês de fevereiro. Segundo especialistas, a metodologia de cálculo das bandeiras foi alterada em 2017 e considera mais as perspectivas de geração hidráulica do que o nível dos reservatórios em si. “Pelas nossas contas, as tarifas devem ficar estáveis em 2020. Mas se o nível de água permanecer baixo ao longo do ano e houver acionamento das térmicas, o repasse para a indústria será imediato. Já para os pequenos consumidores, apenas em 2021, quando os contratos das distribuidoras fizerem aniversário”, explicou Victor Hugo Iocca, da Abrace.
Aposta no corte
As apostas para a reunião do Copom que começa hoje apontam para um corte de 0,25 ponto nos juros. Levantamento feito pela corretora Mirae nos contratos do mercado futuro indica que 80% deles estimam a redução, que levaria a Selic para 4,25%. Esse grupo cresceu nos últimos dias. Há duas semanas, logo depois do IPCA-15 de janeiro mostrar a inflação de serviços pressionada, eram 62% apostando no corte e o restante acreditando na manutenção. O equilíbrio mudou após os dados mais recentes da atividade, que mostraram recuperação ainda fraca. O presidente do BC também indicou que o cenário da inflação estava “confortável” porque o choque no preço das carnes deve se dissipar mais rapidamente. O resultado do Copom sai amanhã.
Temperatura morna
O IBGE divulga hoje o resultado da indústria em dezembro, e a expectativa é de uma pequena queda. Na visão de economistas ouvidos pela coluna, a temperatura da recuperação continua morna. Para Sérgio Vale, da MB Associados, janeiro não foi um mês de aceleração forte da atividade e por isso a consultoria mantém projeção de 2% do PIB este ano. Vitor Vidal, da LCA Consultores, também não vê grandes novidades no ritmo neste início de ano, mas pontua que o mercado de trabalho deu sinais mais positivos em dezembro. “Caged e Pnad vieram melhor que o esperado. A queda da indústria já está na conta, mas tenho expectativa de aceleração de serviços e varejo em 2020”, explicou. A LCA prevê alta de 2,3% no PIB deste ano.
(*Míriam Leitão volta na quinta-feira)
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