- Folha de S. Paulo
Mentirada é estratégia conhecida do presidente, mas agora põe vidas em risco
No início da tarde, o ministro da Saúde lançou um alerta. Henrique Mandetta afirmou ser "muito importante evitar as notícias falsas" sobre a pandemia do coronavírus e fez um apelo: "Estamos lidando com a vida de seres humanos". Ainda falta mandar o aviso ao presidente.
Jair Bolsonaro acordou no Dia da Mentira disposto a golpear a realidade. Pela manhã, ele publicou um vídeo para dizer que as medidas de isolamento implantadas no combate ao vírus haviam provocado desabastecimento de comida em Minas.
Não era verdade. A rádio CBN foi até a Ceasa e mostrou que a situação era normal. A gravação havia sido feita durante a limpeza do espaço. O presidente apagou a postagem e pediu desculpas, não sem antes ser desmentido pela ministra da Agricultura, que disse não haver notícias de desabastecimento no país..
Sergio Moro também pegou carona em relatos falsos. Na terça (31), o ministro da Justiça interrompeu uma entrevista no Planalto e divulgou o boato da prisão de um traficante que teria passado a cumprir pena em casa para evitar contágio pelo coronavírus. Era mentira. Segundo a Polícia Civil gaúcha, o tal homem não estivera preso antes.
O presidente e seus aliados continuam espalhando desinformação para manipular o debate da crise. Redes como Twitter e Instagram já tiveram que apagar ou editar postagens de bolsonaristas para conter a correnteza. O último alvo foi Regina Duarte, que publicou a informação falsa de liberação da cloroquina pela Anvisa no tratamento da Covid-19.
A mentirada é uma conhecida estratégia política do governo para produzir tumulto e confundir a população. A diferença é que, agora, esse jogo põe vidas em risco.
Porta-voz da ala radical do Planalto, Carlos Bolsonaro afirmou que o país caminhará para o socialismo se a população pobre depender de dinheiro do Estado para comer. Além da crise, os miseráveis também serão vítimas da cegueira ideológica.
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