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Essa conta, os militares não querem pagar
Por que o general Eduardo Pazuello, ministro interino da Saúde há dois meses, não foi efetivado no cargo pelo presidente Jair Bolsonaro? Á época de sua designação como ministro interino, mais de uma vez desde então, e ontem em mensagem postada nas redes sociais, Bolsonaro elogiou o desempenho de Pazuello.
Então por que de interino o general não passou a titular? Simples, e até os apontadores de jogo do bicho que circulam pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília, conhecem a resposta. Bolsonaro quis fazer de Pazuello o sucessor de fato e de direito dos ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. Mas…
Mas, os atuais ministros militares e os comandantes das Forças Armadas foram contra. Pazuello seria mais um militar em cargo importante da administração pública, o que reforçaria as críticas sobre o envolvimento das Forças Armadas com o governo. E logo no Ministério da Saúde, posto máximo do combate ao Covid-19.
Desgastaria a imagem do Exército se, no futuro, o resultado do combate fosse mal avaliado. Uma coisa são as Forças Armadas fazerem tudo ao seu alcance para ajudar a deter o avanço da doença – e elas fazem. Outra bem diferente, ocupar o principal papel na linha de frente do combate. Tal papel cabe ao governo.
É por isso que Pazuello voltará ao quartel. Foi como missão que recebeu o convite para ser secretário-geral do Ministério da Saúde, cuidando, ali, da logística de distribuição de remédios, de equipamentos e de testes para o Covid-19. Não deu conta do recado, mas jamais seus colegas de farda admitirão que não deu.
Fará um favor ao Exército se der sua missão por concluída e retomar sua carreira. Certamente será promovido e haverá um bom posto esperando por ele. Que Bolsonaro, mais tarde, explique porque seu governo comportou-se tão mal no enfrentamento da pandemia. As Forças Armadas não tiveram culpa, talkey?
O maior desafio do general Hamilton Mourão
O governo que nunca ligou para o meio ambiente promete ligar
Tudo indica, como o próprio general Hamilton Mourão, vice-presidente da República, admitiu um dia desses, que até o final do próximo ano tudo não passará de “uma conversa de bêbados” – o governo brasileiro a prometer reduzir o desmatamento da Amazônia, os governos europeus a duvidarem disso.
Mourão é bom de gogó como tem demonstrado desde que, como general da reserva, decidiu ingressar na política. Filiou-se a um partido nanico. Imaginou que poderia ser candidato a presidente em 2018. Na véspera da convenção do PSL que indicaria Jair Bolsonaro como candidato, Mourão aceitou ser vice dele.
Nos primeiros 18 meses de governo, Mourão já esteve por cima e por baixo, a variar de acordo com as idiossincrasias do presidente e dos seus filhos. Está outra vez por cima depois que Bolsonaro escolheu-o para enfrentar o desafio de preservar a Amazônia e restabelecer relações com o que se preocupam com ela.
Por ora, faz bem feita sua parte na conversa de bêbados. Fala tudo o que o outro lado quer ouvir, valoriza a tarefa que tem pela frente, mas por enquanto fica nisso só. Não define metas, talvez porque ainda não saiba quais seriam. Não diz como elas serão atingidas e em que prazo. Vai levando as coisas no gogó.
Como convencer seus interlocutores de que o governo que pouco ligou para o meio ambiente se dispõe, doravante, a conceder-lhe uma atenção especial? O governo que acelerou o processo de destruição da floresta será o mesmo que irá detê-lo? E como ficará nessa história o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles?
Talkey, Salles é irrelevante. Sua cabeça poderá ser servida em uma bandeja de alumínio a governos e investidores internacionais que assistem aterrorizados à devastação da maior floresta nativa do mundo. Mas, e Bolsonaro? Ele romperá seus compromissos com garimpeiros, grileiros, pecuaristas que o apoiam tão fortemente?
Não só com eles, os que mais se beneficiam com o que ocorre na Amazônia. Bolsonaro deixará de ser o que foi até aqui, o presidente que mais agride o meio ambiente com palavras, gestos e atos? A cabeça de Bolsonaro foi formada na época em que a ditadura militar passou tratores na floresta para construir o Brasil Grande.
Bolsonaro irá se reinventar? Mourão, de fato, acredita nisso? Não que seja obrigado a acreditar. Se não conseguir fazer seu trabalho, a culpa não será dele.
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