O presidente Jair Bolsonaro usou a ONU para divulgar a sua realidade paralela, num discurso com pelo menos uma dúzia de afirmações controversas, meias-verdades e mentiras. Ei-las:
1) “Desde o início, alertei que tínhamos dois
problemas para resolver: o vírus e o desemprego, e que ambos deveriam ser
tratados simultaneamente”.
2) “Parcela da imprensa brasileira politizou o vírus, disseminando o pânico entre a população. Sob o lema ‘fique em casa’ e ‘a economia a gente vê depois’, quase trouxeram o caos social ao País”.
Nada mais falso. Graças à mídia, a população teve
informações fundamentais sobre o vírus e como se prevenir. Informações que o
governo se recusou deliberadamente a dar.
3) “Nosso governo (...) estimulou, ouvindo profissionais de saúde, o tratamento precoce da doença”.
Em vez de OMS, Ministério da Saúde e
epidemiologistas, o presidente ouviu amigos, aliados e interesseiros para
propagandear a cloroquina – que não tem comprovação científica em nenhum lugar
do mundo.
4) “Temos a matriz energética mais limpa e diversificada do mundo”, “preservamos 66% de nossa vegetação nativa”, “(temos) a melhor legislação ambiental do planeta”.
Graças ao quê? Aos governos anteriores, à evolução
do setor agropecuário e ao Congresso, que acusam o governo justamente de
ameaçar essas conquistas.
5) “Os incêndios acontecem (...) onde o caboclo e o índio queimam seu roçado”.
Ninguém protege melhor o ambiente do que o caboclo
e o índio, enquanto a PF investiga em direção oposta: fazendeiros
inescrupulosos.
6) “Os focos criminosos são combatidos com rigor e determinação”.
Será?
7) “No campo humanitário e dos direitos humanos, o Brasil vem sendo referência internacional”.
Não é o que as estatísticas dizem...
8) Houve “um aumento do ingresso de investimentos (em 2020). Isso comprova a confiança do mundo no nosso governo”. Há controvérsias...
9) “Apresentamos ao Congresso duas novas reformas: a do sistema tributário e a administrativa”.
Não tem reforma tributária, só uma proposta
pontual, e a administrativa só saiu sob pressão, um ano e meio depois.
10) “Somos vítimas de uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre Amazônia e Pantanal (...), com apoio de instituições internacionais a que se unem a associações brasileiras impatrióticas para prejudicar o governo e o Brasil”.
Se tantos e tão diversificados querem prejudicar
Bolsonaro, como ele se sustenta no poder?
11) “A nova política do Brasil de aproximação simultânea a Israel e aos países árabes”.
Depois de meses insistindo na embaixada brasileira
em Jerusalém...
12) “O Brasil saúda o Plano de Paz e Prosperidade lançado pelo presidente Donald Trump”.
Usar a ONU para badalar Trump, que disputa a reeleição em alguns dias, é fora de propósito. Os democratas nos EUA que o digam.
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