A
falta do oxigênio é consequência do colapso político de um governo despreparado
para cuidar do Brasil.
Política
é a arte de um povo para definir seu caminho com coesão e rumo, por meio de
dirigentes escolhidos. O colapso do sistema de saúde em Manaus é prova do
fracasso da política. Irresponsabilidade, incompetência, insensibilidade dos
governantes que nós elegemos, sobretudo o obscurantismo deles provocaram a tragédia
da asfixia de doentes por falta de oxigênio. A imagem de brasileiros se
afogando nos corredores de hospitais, por falta de um balão de oxigênio, é uma
metáfora real de um governante com o pé no pescoço do país inteiro.
A falta do oxigênio é consequência do colapso político de um governo despreparado para cuidar do Brasil. O sofrimento e morte no Amazonas, previsto por todos os cientistas e pelos ministros de saúde que foram demitidos porque alertaram, é consequência do descuido do presidente com o sofrimento, seu apego à feitiçaria no lugar da ciência, sua mesquinharia ao politizar a saúde pública e seu despreparo gerencial e sua falta de patriotismo. A crise sanitária é apenas um dos males que ele está provocado.
Nestes
seus dois anos, ele conseguiu nos transformar em uma nação ridicularizada e
desprezada no cenário internacional, está asfixiando o país em função de seu
constante incentivo à destruição das florestas, seu descuido e até repulsa à
educação de base, ensino superior, ciência e tecnologia e aos artistas faz dele
o asfixiador do conhecimento e do espírito nacional, até mesmo esta conseguindo
desmoralizar o Exército brasileiro ao dar-lhe tarefas para as quais seus
generais demonstram despreparo. Bolsonaro é o asfixiador do Brasil.
Mas
lamentavelmente ele não é o único. A asfixia também é feita pelos que não
conseguem barra-la. Há dois anos nosso divisionismo permitiu a eleição deste
asfixiador. E agora a divisão não nos dá a força necessária para seu impeachment
por crime contra os brasileiros e o Brasil. Daqui a dois anos ele pode ser
reeleito, se não nos unirmos e oferecermos uma proposta e um nome confiável nas
eleições de 2022.
Bolsonaro é o asfixiador, mas o Brasil não nos perdoará se não encontrarmos os meios para impedir sua maldade e sua incompetência. Um país caminha errado, quando seu governo é ruim, mas entra em colapso quando as oposições também são ruins ou quando não se unem.
*Cristovam Buarque foi senador, governador e ministro
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