O Estado de S. Paulo
Há um duelo de rejeições no mercado da política e a 3.ª via continua no acostamento
Um curto-circuito gaúcho entre o PT e o PSB
levou Luiz Inácio Lula da Silva a escolher o Rio Grande do Sul para a primeira
viagem com Geraldo Alckmin, vice em sua chapa. De hoje até amanhã, Lula tentará
resolver o impasse na aliança entre os dois partidos, que têm pré-candidatos ao
governo no Estado onde o presidente Jair Bolsonaro ainda demonstra força
política.
O roteiro também previa um dia em Santa
Catarina, mas outra disputa regional entre concorrentes do PT e do PSB fez a
dupla adiar a visita. Sob o slogan “Todos Juntos pelo Brasil”, a campanha passa
a ideia de movimento para além das fronteiras da esquerda. Nem sempre, porém, é
possível conter divergências domésticas.
O mutirão que Lula quer desavermelhar ainda enfrenta resistências no centro e na centro-direita, sem contar os senões do próprio PT. Na semana passada, o ex-presidente foi aconselhado a levar um economista mais ortodoxo para a equipe, numa tentativa de acalmar a Faria Lima. “Não é preciso essa ansiedade. Nós vamos ter um plano de investimentos”, reagiu Gleisi Hoffmann, que comanda o PT.
Enquanto Lula fustiga a política econômica
do Posto Ipiranga e promete salário mínimo acima da inflação, Bolsonaro afirma
que o adversário esconde o PT e o “comunismo”. O ataque, no entanto, não
aparecerá na propaganda de rádio e TV do PL, que estreia amanhã, a quatro meses
do 1.º turno das eleições.
O comercial mostrará um outro Brasil. Ali
Bolsonaro aparecerá ouvindo o povo, bem ao estilo “gente como a gente”, e irá a
uma igreja. Até aí, tudo caminha como em outras campanhas, certo? Não. Ao
contrário de eleições anteriores, há um clima muito maior de hostilidade e
receio de que as ameaças golpistas de Bolsonaro se concretizem. No país onde um
homem é assassinado por agentes da Polícia Rodoviária Federal que transformaram
o porta-malas de um carro em câmara de gás e o presidente diz que a mídia
defende “a bandidagem”, tudo está de ponta-cabeça.
No momento em que o mercado da política
vive um duelo de rejeições, Bolsonaro admite não ir a debates no 1.º turno para
não levar “pancada”. Sugere, porém, que, quando for, as perguntas sejam
antecipadas. Prestes a virar nanico, o PSDB não terá candidato próprio ao
Planalto, pela primeira vez desde 1989, e a 3.ª via, com Simone Tebet (MDB) a
bordo, continua no acostamento.
Lula conversou no mês passado com Fernando Henrique, por telefone, e o convidou para entrar no mutirão. O PSD de Gilberto Kassab deve pegar carona ali em breve. E Ciro Gomes, do PDT? “A vida se encarregará de resolver isso”, disse, em tom enigmático, o deputado José Guimarães, um dos conselheiros de Lula. Quem viver verá.
Um comentário:
Dizem que existe até a quarta via,na verdade,só existe uma via,a via-democrática votando em Lula.
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