O Estado de S. Paulo
A intuição política de Lula e de Bolsonaro
domina as respectivas campanhas
Talvez os marqueteiros consigam encontrar a
“faísca” para as campanhas, mas Lula e Bolsonaro se dedicaram até aqui à
improvisação. As falas dos dois líderes nas pesquisas seguem, por enquanto,
aquilo que cada um acha que funciona, e são dirigidas sobretudo aos já
convertidos. Obedecem claramente às respectivas intuições.
Curioso notar que dentro das duas campanhas há dúvidas sobre a eficácia das falas de ambos, tidos pelos respectivos seguidores como infalíveis. Os profissionais da política no Centrão queixam-se de que os ímpetos antidemocráticos por parte de Bolsonaro não estão trazendo benefícios eleitorais. Mesmo considerando o fato de que acusar o STF de impedi-lo de governar, e de favorecer o adversário, encontre forte ressonância muito além do bolsonarismo raiz.
Os profissionais de campanha do PT
confessam que faria bem a Lula uma “tutela” – que ele recusa – quanto ao uso de
temas de apelo restrito a círculos de esquerda universitários. Para não falar
da utilização das ferramentas digitais, nas quais o bolsonarismo está ganhando
do lulopetismo. Ser velho na política não é necessariamente um fator negativo,
mas os conselheiros políticos de Lula (aliás, vários ao redor dos 70 anos de
idade) dizem em particular que ele por vezes soa desgastado.
Ocorre que Lula e Bolsonaro chegaram a um
ponto na trajetória de vida política e pessoal no qual ficou difícil que ouçam
conselhos. Ou que possam ser “reinventados” por algum marqueteiro genial.
Por sabedoria política, intuição, preguiça
mental ou circunstâncias que mudam em questão de horas (ressonância nas redes
sociais), ambos têm se esquivado de qualquer debate abrangente ou de
profundidade. Era um fato inevitável diante da principal característica na qual
afundou a eleição de outubro: cada um dos dois principais personagens assumiu a
mesma postura de ser “o bem” contra “o mal”.
Lula pode se dar ao luxo de parecer pouco
focado e sem a preocupação de postular novas ideias em qualquer setor. Os
ventos que o empurram são poderosos, embora não o controlem: é o sentimento
geral de que a vida está piorando, carestia aumentando, sem que o governo
tivesse encontrado até aqui um paliativo convincente mesmo arrebentando a boca
do cofre ou dominando redes sociais – prova de que a popularidade digital não é
igual a popularidade na vida real.
O grande quadro é que permite ao favorito
nas eleições defender a volta a um passado que é pura imaginação. Seu
adversário, correndo o risco de perder já no primeiro turno, oferece um futuro
que deixou mais distante.
Um comentário:
Pobre não é militante digital,por isso a preferência de Bolsonaro nas redes,são de riquinhos ignorantes,fascistóides e desocupados.
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