Aliado de Eduardo Leite, ex-presidente do PSDB quer disputar o Senado por SP, mas enfrenta resistência de Rodrigo Garcia
Por Cristiane Agostine / Valor
Econômico
SÃO PAULO - Ex-presidente do PSDB, o
ex-senador José Aníbal criticou ontem a declaração do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva de que seu partido “acabou”. Aníbal afirmou que a fala de Lula
atrapalha qualquer tipo de negociação por apoio de tucanos e reforçou: “Eleição
não se ganha de véspera”.
“Quem quer conversar não decreta o fim do
seu interlocutor”, disse. “Nem procurou o PSDB para conversar e já diz que o
partido acabou. Lula tem que se acautelar. Eleição não se ganha de véspera.”
Aníbal é um dos tucanos históricos citados
por Lula para um possível diálogo em busca de apoio já no primeiro turno da
eleição presidencial. Na semana passada, em reunião da coordenação-geral de sua
pré-campanha, Lula teria citado nominalmente Aníbal como alguém que pretende
procurar para conversar, segundo o relato de participantes.
Com a desistência do ex-governador tucano João Doria de concorrer à Presidência, o PT tenta manter um canal aberto com o PSDB. Dias atrás, o ex-senador tucano Aloysio Nunes declarou voto em Lula já no primeiro turno. A manifestação, em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, ocorreu antes de Doria desistir.
Na terça, no entanto, Lula desgastou-se com
tucanos ao atacar o PSDB. “Se achavam que iam banir o PT Uma vez teve um
senador do PFL que disse que era preciso acabar com ‘essa desgraça do PT’, o
Jorge Bornhausen. O PFL acabou. Agora quem acabou foi o PSDB. E o PT continua
forte, continua crescendo e [é] um partido que conseguiu compor a maior frente
de esquerda já feita nesse país”, disse.
Aníbal reconheceu o enfraquecimento do
PSDB, que culminou com a desistência de Doria. No entanto, afirmou que Lula não
deveria tentar “antecipar situações”, ao falar sobre o fim da sigla. “O PSDB
passou, de fato, não só por uma desidratação, mas por um desempenho deletério
na Câmara. Um partido que teve Paulo Renato Souza como ministro da Educação
agora vota em ‘homeschooling’ na Câmara, vota com o governo Bolsonaro”, disse.
“Mas não se decreta o fim de um partido.”
No Twitter, o PSDB também criticou Lula.
“Não adianta querer reescrever a história. Foram anos de PT, Lula e Dilma
semeando o ódio, perseguindo adversários, dividindo a sociedade e montando uma
máquina de mentiras (hoje chamadas de fake news)”, postou a conta do partido. O
deputado Aécio Neves (MG) classificou a declaração do petista como “arrogante e
desrespeitosa”.
Aníbal anunciou ontem que pretende
concorrer ao Senado na chapa do governador e pré-candidato à reeleição, Rodrigo
Garcia (PSDB). Na terça-feira, ele reuniu-se com apoiadores na capital paulista
e definiu que vai postular a vaga. Garcia, porém, tem negociado com o União
Brasil a indicação do candidato a senador, e com o MDB, a vaga de vice em sua
chapa.
Aníbal disse que sua pretensão tem o
respaldo dos tucanos que apoiaram o ex-governador Eduardo Leite (RS) na prévia
contra Doria. Ele afirmou que terá hoje reunião com o presidente estadual do
PSDB, Marco Vinholi, para formalizar sua intenção de concorrer.
Na negociação com o União Brasil, Garcia cita como possível nome o ex-juiz Sergio Moro na vaga para senador. Moro, porém, tem resistência de seu próprio partido. O governador também mencionou o presidente do diretório municipal do PSDB, Fernando Alfredo.
Um comentário:
A frase do lula,isolada,soa arrogante mesmo,mas dentro do contexto acaba fazendo sentido - E que o PSDB se fortaleça para voltarmos ao debate e embate civilizado entre coxinha e mortadela,rs.
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