Valor Econômico
Governo espera mais cortes nos preços dos
combustíveis
Em menos de dez minutos, o executivo
estrangeiro que visitava Brasília para encontros institucionais concluiu o
percurso entre o hotel e a embaixada de seu país. Estava em busca de
informações sobre o ambiente de negócios do Brasil, as perspectivas para o
mercado regional e formas de otimizar sua operação num país que insiste em
adiar debates inadiáveis.
Como era de se esperar, não conseguiu obter
todas as respostas que procurava. Ao fim do dia, retornou à sua base ainda
confuso com o que pode ocorrer a respeito da legislação trabalhista e sem
otimismo em relação às suas expectativas de simplificação das regras
tributárias. Pôde testemunhar, contudo, como as forças de segurança de Brasília
se preparam de forma cautelosa para os festejos do Dia da Independência.
Enquanto trabalhadores erguem arquibancadas
de metal ao longo da Esplanada dos Ministérios, são reforçadas as grades que
guarnecem a Praça dos Três Poderes. E é compreensível que isso esteja
ocorrendo.
No ano passado, depois que apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) ultrapassaram a barreira feita pela Polícia Militar do Distrito Federal em direção ao Supremo Tribunal Federal (STF), a cúpula do Judiciário entrou em contato com o Comando Militar do Planalto alertando que talvez necessitasse de ajuda do Exército em uma operação de garantia da lei e da ordem. Militares relatam que, sob a ótica das Forças Armadas, a polícia nunca perdeu o controle da situação. Mas foi uma noite tensa.
Neste ano, o receio se deu em razão dos
reiterados ataques do presidente ao sistema eleitoral e ao risco de o 7 de
setembro ser capturado pelo bolsonarismo, resultando num ato violento contra
algum Poder da República. É o que temia, também, o CEO.
Para os negócios, dizia, nada seria pior
neste momento do que a deterioração do ambiente institucional do país. Sem
entrar no mérito do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff
(PT), lembrava ele da queda de mais de 30% nas vendas de seu setor em meados de
2016. Recordava, também, dos prejuízos milionários que a greve dos
caminhoneiros provocou dois anos depois para quem precisava entregar produtos
perecíveis.
Agora, suas preocupações concentram-se em
dois campos. O primeiro é o risco de eventual crise institucional aguda gerar
uma fuga de capitais do Brasil. Em sua visão, a inflação é global e as empresas
têm que lidar com um fenômeno inescapável de tamanha magnitude. Por outro lado,
o que faria muitas empresas perderem bastante dinheiro seria uma desvalorização
cambial de grandes proporções.
Isso pode ocorrer, por exemplo, se
Bolsonaro perder a eleição e não aceitar o resultado. Ou se o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhar a disputa e implementar políticas
heterodoxas fora do roteiro apresentado até agora em suas conversas com
representantes do setor privado. Nesses encontros, Lula e seus aliados têm
assegurado que seguirão um caminho de estabilidade, previsibilidade e respeito
aos contratos. “O capital não aceita desaforo”, sublinha um integrante
pragmático do núcleo da campanha petista. E não aceita mesmo.
Argumento semelhante está nas entrelinhas
da campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro, a qual começa com dois
pilares. Um deles é a lembrança de escândalos de corrupção ocorridos durante as
administrações do PT. Em paralelo, o chefe do Poder Executivo e seus auxiliares
pretendem listar realizações da atual gestão na área econômica, como a redução
de impostos, a diminuição da burocracia e o avanço em negociações comerciais. A
palavra de ordem é comparar.
Porém, o executivo estrangeiro sentiu falta
em suas conversas na capital de sinalizações objetivas sobre o que será feito
por cada campo que disputa o poder.
Uma ideia que apresentou aos seus
interlocutores, por exemplo, vai na direção de padronizar a rotulagem de
produtos nos países da América do Sul. A medida ampliaria as perspectivas de
negócios para quem pretende investir na região.
Diante das dificuldades de se aprovar uma
reforma tributária ampla, uma outra sugestão foi alinhar nacionalmente as
alíquotas do ICMS cobrados pelos Estados sobre a circulação dos mais variados
produtos e serviços. Só esta iniciativa facilitaria, e muito, a vida das
empresas. O Congresso mostrou que é possível fazer isso ao criar um teto para o
imposto cobrado sobre combustíveis e outros bens ou serviços considerados
essenciais.
A campanha eleitoral é um momento propício
para a discussão destes e outros temas. Um começo seria os candidatos à
Presidência confirmarem presença em todos os debates e sabatinas.
Petrobras
Noticiou o Valor na segunda-feira:
“Pela quinta semana consecutiva, a Petrobras fará cortes nos preços dos
combustíveis”. Desta vez, a redução no preço de venda do litro da gasolina nas
refinarias foi de R$ 3,71 para R$ 3,53, o que reforça a tendência de
desaceleração da inflação a menos de 50 dias das eleições. Este não foi, como
se vê, um movimento isolado: a expectativa de integrantes do governo é que a
estatal produza o mesmo tipo de notícia toda semana até o primeiro turno.
Forças Armadas
Termina na sexta-feira o prazo que foi
estendido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a pedido do Ministério da
Defesa, para que integrantes das Forças Armadas analisassem o código-fonte das
urnas eletrônicas.
É de se esperar que seja apresentado um
relatório com sugestões. E uma constatação já é feita por oficiais da ativa que
pretendem manter as Forças Armadas longe de problemas institucionais. Para
eles, o conteúdo do documento pode ser acolhido integralmente, parcialmente ou
até ignorado pela corte. Mas o que integrantes do governo não podem fazer, de
acordo com essas fontes, é tratá-lo como uma imposição à Justiça Eleitoral.
Um comentário:
São tantos conflitos,eu só desejo paz aos homens de boa vontade,e aos de má vontade também,rs.
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