O Globo
Presidente não consegue transformar fatos
em votos e cresce pouco em simulações de segundo turno
Depois de uma semana de campanha de rádio e
TV, uma entrevista no Jornal Nacional, um debate na TV e R$ 600 depositados nas
contas de mais de 20 milhões de famílias cadastradas no Auxílio Brasil, o
presidente Jair Bolsonaro (PL) segue estacionado no mesmo indicador da nova
pesquisa Datafolha contratada pela TV Globo e "Folha de S.Paulo". Com
32%, Bolsonaro segue perdendo para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) com 45%. A diferença é que já se passaram duas semanas desde a primeira pesquisa
Datafolha na campanha e agora só faltam 30 dias até o primeiro turno.
A falta de reação de Bolsonaro já havia
sido detectada em três pesquisas divulgadas nesta semana. No Ipec/TVGlobo e
Genial/Quaest, Lula tem 44% e Bolsonaro 32%, os mesmos números de duas semanas
atrás. A pesquisa XP/Ipespe só captou oscilações na margem de erro, com Lula
liderando com 43% das intenções e Bolsonaro 35%.
A expectativa da vitória é o principal motor de uma campanha presidencial e a campanha de Bolsonaro não consegue transformar fatos em votos. Em todas as simulações de segundo turno, Bolsonaro não apenas perde de Lula, ele cresce pouco. No Datafolha, num eventual segundo turno, Bolsonaro ganha seis pontos percentuais do primeiro para o segundo turno, enquanto Lula sobe nove pontos percentuais, num placar de 38% a 53% a favor do petista.
Este quadro se repete nas outras pesquisas.
No Ipec, Bolsonaro vai de 32% no primeiro turno para 37% no segundo, enquanto
Lula sai de 44% para 50%. Na Genial/Quaest, o presidente sai de 32% para 37% e
Lula de 42% para 51%. Na XP/Ipespe, Bolsonaro sai de 35% para 38%, enquanto
Lula vai de 43% para 53%.
Os governistas supunham que a melhora
gradual da avaliação do governo desde maio ajudaria Bolsonaro a crescer. A nova
pesquisa, no entanto, mostra que a aprovação e a reprovação ao governo só
oscilaram dentro da margem de erro nos últimos 15 dias: 42% ainda acham o
governo ruim ou péssimo (eram 43%) e 31% consideram ótimo ou bom (eram 30%). A
rejeição de Lula (39%) e de Bolsonaro (52%) também oscilaram na margem de erro.
Embora o governo tenha conduzido a economia
para produzir bons resultados neste trimestre, com a queda de inflação e
crescimento do PIB e do emprego, Bolsonaro produziu para si mais notícias ruins
do que boas neste início de campanha.
Respondendo à jornalista Renata
Vasconcellos, no Jornal Nacional, o presidente negou que houvesse imitando
pacientes de Covid com falta de ar. Ele foi desmentido pelas dezenas de
milhares de busca na internet pelos vídeos de suas próprias lives de 18 de
março e 21 de maio de 2021.
No debate de domingo, Bolsonaro fez ataques
misóginos à jornalista Vera Magalhães e à senadora Simone Tebet, afastando o
eleitorado feminino que já o rejeita. Na terça-feira, o site UOL publicou
reportagem mostrando que desde os anos 1990 o presidente, irmãos, filhos e
ex-mulheres negociaram 107 imóveis, dos quais pelo menos 51 foram adquiridos
total ou parcialmente com uso de dinheiro vivo. Perguntado sobre o caso, o
presidente foi omisso e disse que “não via problema nenhum” em comprar imóveis
com dinheiro vivo.
Na quarta-feira, O GLOBO revelou que a
Polícia Federal pediu abertura de investigação de Ana Cristina Valle, ex-mulher
do presidente Jair Bolsonaro, sob suspeita de crimes contra o sistema
financeiro e lavagem de dinheiro. A PF suspeita que Ana Cristina, mãe de Renan
Messias Bolsonaro, usou um laranja para contratar um financiamento bancário de
R$ 2,3 milhões para a compra de uma mansão no Lago Sul, área nobre de Brasília.
Também na quarta-feira, o governo enviou o
projeto de Orçamento prevendo a redução do Auxílio Brasil para R$ 400 a partir
de janeiro, contrariando a promessa do presidente de manter o valor em R$ 600.
Pesquisas qualitativas mostram que eleitores cadastrados do Auxílio
desconfiavam da promessa do presidente porque na virada do ano o governo de
fato interrompeu o pagamento do benefício. A proposta do orçamento dá elementos
para esta desconfiança.
Sem um crescimento consistente nas
pesquisas, Bolsonaro perde o engajamento de seus principais cabos eleitorais,
os candidatos a governador, senador e deputados federais e estaduais. A maioria
dos candidatos dos partidos da aliança PP, PL e Republicanos é bolsonarista até
a página 4, o que significa que farão campanha a favor do presidente se acharem
que têm chances de ganhar. Caso contrário, o abandonarão como fizeram em 2018
com Geraldo Alckmin, ironicamente naquela ocasião a favor de Bolsonaro. Sem a
expectativa da vitória, Bolsonaro fica sob pressão e cada semana com menos
tempo.
Um comentário:
Bolsonaro perde no primeiro turno em quase todas as pesquisas, e é massacrado no segundo turno em todas elas! E o sonho dos papagaios é levar o genocida ao segundo turno...
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