terça-feira, 11 de outubro de 2022

Eliane Cantanhêde - Janones e Nikolas, os fundamentais

O Estado de S. Paulo

Economia? Políticas públicas? Não, só ataques, desconstrução e fake news

Como estava escrito nas estrelas e na história das eleições, os dois candidatos a presidente no segundo turno partiram para a ignorância, ou melhor, para o vale-tudo, ataques e fake news sem pudor. Não eles, diretamente, mas seus assessores, aliados e massas de manobra, principalmente, na internet.

É aí que a guerra sai dos comitês de campanha e põe na linha de frente dois personagens: André Janones, da tropa do ex-presidente Lula, que foi reeleito deputado em Minas, e Nikolas Ferreira, o “Janones do presidente Jair Bolsonaro”, deputado mais votado do País, com 1,5 milhão de votos. Os dois são de Minas, segundo maior colégio eleitoral, que se orgulha de que nenhum presidente se elegeu sem vencer no Estado.

Janones, 38 anos, emerge na greve dos caminhoneiros, de 2018, e, com 11 milhões de seguidores no Twitter, se arvorou a candidato à Presidência, até recuar e virar uma conquista preciosa de Lula. Nikolas, 26, surfou na onda bolsonarista-conservadora. Contra aborto, drogas, ideologia de gênero e por aí afora, Nikolas virou estrela no mundo digital. E, agora, um ídolo no QG de Bolsonaro.

Por trás de ambos, há os estrategistas das campanhas. No caso de Nikolas, o “gabinete do ódio”, que agita o bolsonarismo desde 2018 sob inspiração do vereador do Rio Carlos Bolsonaro. Mas as ideias confluem e fluem.

Janones e Nikolas são do ataque, candidatos e assessores que cuidem da defesa. Nikolas, por exemplo, vincula Lula a “ditaduras genocidas”, drogas, aborto, igrejas fechadas, padres perseguidos e até assassinatos. Mais do que propagandear ideias conservadoras, ou reacionárias, ele usa essas fake news para corroer a imagem de Lula e evitar a migração de votos de Simone Tebet e Ciro Gomes e de indecisos para o petista.

Janones é mais cauteloso com fake news como essas, mas se atribui a ele a pescaria nas redes de vídeos e áudios antigos de Bolsonaro falando absurdos, como uma entrevista do então deputado ao The New York Times dizendo que “comeria índio”. O TSE mandou tirar do ar, ao que a campanha lulista chiou: Por quê? Não é fake news, é real, é ele falando. E o bolsonarismo rebateu: Mas foi tirado de contexto, era sobre cultura indígena...

Economia? Crescimento? Contas públicas? Educação? Saúde? Ambiente? Política externa? Nada disso está em pauta, nos debates, na internet. Os dois lados limitam-se a se atacar, para aumentar os respectivos índices de rejeição. Afinal, segundo turno é assim. O eleitor ainda disponível não vota no “melhor”, mas no “menos pior”, e é isso que Janones e Nikolas oferecem a ele.

2 comentários:

Anônimo disse...

Cantanhêde, não há equivalência entre os dois. Nenhuma.
Janones se defende atacando. Ponha a mão na consciência e admita q a violência, o desrespeito, as mentiras são majoritariamente bolsonaristas.

ADEMAR AMANCIO disse...

Concordo com o anônimo,não há equivalência nenhuma,a vida pregressa de Bolsonaro é mais suja que qualquer fake news.