terça-feira, 11 de outubro de 2022

Edu Lyra - Candidatos têm de discutir combate à pobreza

O Globo

A população precisa saber com urgência o que será feito, concretamente, para que sua vida melhore

O Brasil vive uma das eleições mais tensas e polarizadas da sua História. Para quem duvida, basta assistir a um trecho qualquer dos últimos debates presidenciais. Debates são oportunidades preciosas para a sociedade discutir os rumos do país. É o momento em que o eleitor médio, mesmo aquele meio avesso à política, sintoniza sua TV para escutar o que cada candidato tem a dizer.

No primeiro turno, tal oportunidade foi perdida. O debate de propostas deu lugar a uma sequência de ataques, ao clima de tumulto e a jogos de cena elaborados mais para gerar memes na internet do que para ajudar o eleitor a formar sua opinião. Ocorre que o Brasil atravessa a crise social mais grave das últimas décadas, e a população precisa desesperadamente saber o que será feito, concretamente, para que sua vida melhore.

Logo, esta coluna é uma espécie de presente aos dois presidenciáveis: uma lista de perguntas decisivas para o futuro do Brasil, que gostaríamos de ver respondidas nos próximos debates, em vez de uma repetição das acusações e ofensas pessoais.

1) O número de favelas dobrou na última década, passando de quase 7 mil em 2010 para mais de 13 mil. Como os dados mais atualizados são de 2019, é certo apostar que deve ser ainda maior. O que o candidato pretende fazer para conter essa escalada da pobreza e, paralelamente, para levar o básico de infraestrutura urbana e social a esses territórios?

2) Segundo levantamento deste ano, 125,2 milhões de brasileiros (mais da metade da população) enfrentam algum grau de insegurança alimentar; cerca de 15% passam fome de fato. O candidato tem alguma proposta para enfrentar esse problema com a devida urgência — não em quatro anos, não em uma década, mas assim que assumir o governo?

3) Dentre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil tem a segunda maior população de jovens que nem estudam, nem trabalham. Os “nem-nem” representam 36% das pessoas com 18 a 24 anos. Qual é a proposta do candidato para atrair esses jovens de volta à escola e abrir novos espaços para eles no mercado de trabalho?

4) Estamos no mês das crianças, então falemos um pouco delas: a pobreza infantil bateu recorde em nosso país. E 44,7% das crianças com até 6 anos vivem em domicílios abaixo da linha da pobreza, segundo levantamento do ano passado. Em números absolutos, são quase 8 milhões de meninos e meninas. Dada a importância da primeira infância para o desenvolvimento físico e psicológico, o que o candidato pretende fazer para que o futuro dessas crianças não seja roubado de maneira talvez irreversível?

5) Segundo o IBGE, o Brasil tem quase 30% de sua população abaixo da linha da pobreza, ou mais de 60 milhões de pessoas. O desemprego está na casa dos 9%, e a informalidade atingiu um recorde de quase 40 milhões de pessoas — muitos daqueles que têm uma ocupação continuam em condição precária. O que o candidato pretende fazer para reverter esse quadro, não por meio (apenas) de programas assistenciais, mas com um programa de emancipação, via emprego e acesso a direitos sociais básicos?

A lista poderia continuar, mas encerro com uma última e decisiva pergunta: o próximo presidente, qualquer que seja ele, herdará um país profundamente dividido e contaminado pela doença do ódio político. Qual é o plano para reunificar o Brasil?

Em respeito ao povo brasileiro e às próximas gerações, que o segundo turno seja uma oportunidade de assistirmos a esse tipo de debate.

 

Um comentário:

Anônimo disse...

Porra, um articulista d'o Globo equivale os candidatos LULA e genocida na "cuestão" do combate à pobreza.
Porra, simetria LULA X palerma da República nas políticas sociais - inclusão?
E ainda tem a pachorra de cobrar de ambos "algo concreto" e urgente pra q nossa vida melhore.
Essa petulância toda SABENDO Q LULA TIROU O BRASIL DO MAPA DA FOME.
PQP!
PQP!
Ô imprensazinha de merda!