Correio Braziliense
Os ataques de Lula não fazem grande efeito, a
não ser em casos em que a imagem de Bolsonaro no seu próprio campo pode ser
abalada, como a história das meninas venezuelanas, um tiro no próprio pé
O comentário é de quem entende de marketing
eleitoral, Luiz Gonzales, veterano de campanhas do PSDB: “Eu acho que a
estratégia da campanha Bolsonaro de rolar na lama emparedou a campanha de Lula.
Atacada com tantas barbaridades, a campanha de Lula ataca igual. Mas já está
tudo na conta. Ninguém subiu. Mas Lula não projeta esperança e, com isso, não
captura votos dos eleitores sem preferência partidária e sem rejeição brutal ao
Bolsonaro”. O diagnóstico é compartilhado por aliados de Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) não petistas, apreensivos, principalmente, com a situação eleitoral
de São Paulo, onde uma vantagem de 10% dos votos a favor do presidente Jair
Bolsonaro pode leva-lo à reeleição.
Segundo esses aliados, Bolsonaro trouxe Lula para um confronto no pântano das fake news e das baixarias eleitorais como uma estratégia de quem não tem mais nada a perder nesse terreno. O problema é que os ataques de Lula não fazem grande efeito, a não ser em alguns casos em que a imagem de Bolsonaro no seu próprio campo poderia ser abalada, como a história das meninas venezuelanas, que Bolsonaro tratou como se fossem prostitutas e teve que ir até elas pedir desculpas, para minimizar o estrago que sofreu.
Bolsonaro desgasta Lula para virar o “menos
pior” na guerra de rejeições. “Ao repetir o repertório de ladrão, corrupto,
aliado de traficantes e do PCC; comunista, fechador de igrejas etc., Bolsonaro
coloca um obstáculo à subida de Lula”, comenta Gonzales. “Tem mais 10 dias de
televisão. Mas não pode ser só crítica. Tem que ter a confiança, a esperança”,
sugere. Nove de cada 10 analistas concordam com a tese de que o petista entrou
no jogo de Bolsonaro ao adotar a estratégia “bateu, levou” no debate eleitoral.
E não ficou apenas nisso, a mesma coisa está acontecendo nos programas
eleitorais e nas redes sociais. Segundo Gonzales, há muitos temas que poderiam
ser explorados por Lula na campanha para atacar os pontos fracos de Bolsonaro,
sem ter que rolar na lama.
Ninguém entende, por exemplo, por que razão
Simone Tebet (MDB), que vem fazendo uma campanha intensa a favor do petista,
não entra na agenda de Lula, principalmente em São Paulo, onde obteve 1,6
milhão de votos e a diferença de Bolsonaro para petista foi de 1,7 milhão de
votos. A batalha de São Paulo começa a ser considerada perdida por aliados de
Lula, em razão da deriva do PSDB, MDB e Cidadania (que apoia Lula), em direção
a Tarcísio de Freitas (Republicanos), o candidato de Bolsonaro, que está em
grande vantagem eleitoral em relação ao petista Fernando Haddad e atraiu toda a
base do governador Rodrigo Garcia (PSDB). Uma diferença de 10% em São Paulo
pode anular a vantagem de Lula no Nordeste e em Minas, porque é o maior colégio
eleitoral do país, com 34,6 milhões de eleitores, 22,16% dos 156,4 milhões
aptos a votar no país.
Estado-maior
A campanha está mostrando que Bolsonaro tem
um “estado-maior” formado por políticos (Ciro Nogueira, Mario Frias, Flávio
Bolsonaro), militares (Braga Neto e Luiz Ramos) e estrategistas de campanha
(Fabio Wajngarten, Duda Lima e Carlos Bolsonaro) capaz de administrar seus
erros de campanha, manter a iniciativa política e construir alianças nos
estados, principalmente do Sudeste, que estão alterando o cenário eleitoral.
Mas o fator decisivo vem sendo mesmo um novo modelo de campanha eleitoral, o
mesmo que adotou em 2018, com a vantagem de que agora controla o poder central
e tem o apoio das estruturas de poder dos três estados mais importantes do
Sudeste: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas.
“Até 2016, os candidatos consolidavam seus
aliados fiéis, seduziam os simpatizantes e se moviam para o centro”, destaca
Gonzales. Com as redes e a emergência de uma extrema-direita organizada, a
campanha mudou completamente. Bolsonaro fala para sua bolha, consolida os votos
raiz por identidade e ataca Lula à exaustão para desmotivar os eleitores
indecisos a votar. A abstenção o favorece com toda certeza.
Aliados de Lula se queixam de que o petista
está prisioneiro em uma “jaula de cristal”, situação muito comum nos palácios
de governo, com a diferença de quem nem foi eleito. Seu comando de campanha é
monolítico, formado pela presidente do PT, Gleisi Hoffman; o ex-senador Aloysio
Mercadante; o deputado federal Rui Falcão; e o prefeito de Araraquara, Edinho
Silva. O marqueteiro baiano Sidônio Palmeira é pragmático e segue orientação do
grupo, que não é permeável à colaboração externa na formulação da campanha.
Havia muita expectativa de que Lula venceria no primeiro turno e certa disputa por ocupação de espaços de poder no futuro governo, o que atrapalhou a ampliação da campanha em direção ao centro. Os apoios que Lula recebeu no segundo turno não foram devidamente aproveitados na campanha, como é o caso da adesão dos economistas Pedro Malan, Armínio Fraga, Pérsio Arida e Edmar Bacha e de lideranças políticas importantes, entre as quais a própria Simone Tebet, que faz campanha para Lula com seus aliados e sem muito envolvimento do PT.
6 comentários:
Perfeito !
"capaz de administrar seus erros de campanha"
Kkkkkkkkkk
Nem parece q o genocida é o atual presidente, tem a máquina gastando MUITO e o bolsolão e ... está atrás do LULA.
Quanta capacidade, Batman!
Pois é, qd Lula tinha a máquina, ele ficava sempre na frente.
Genocida, capitão das rachadinhas, canibal, pedófilo... O que mais falta descobrirmos sobre Bolsonaro?
O rei das rachadinhas e das rachaduras tem maioria no estado mais rico da federação,uma tristeza!
É os paulistas são considerados inteligentes é, algo não bate.
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