Folha de S. Paulo
Cinco aliados dão explicações convergentes
para declarações do petista e reação de investidores
"Colocar pobre na universidade não é
gasto, é investimento", disse Lula. "A quem interessa o teto de
gastos? Aos banqueiros?", questionou. "Vamos
gastar o que for preciso", declarou o ex-presidente. "Nós
precisamos pagar primeiro a dívida que temos com o povo pobre", afirmou.
Lula disse essas frases em setembro de
2019, junho de 2021, março de 2022 e abril de 2022. Nas últimas 48 horas,
declarações muito parecidas causaram
forte turbulência no mercado financeiro, como se o candidato e o
presidente eleito fossem personagens diferentes.
Cinco pessoas do entorno do petista dão explicações convergentes para a ação de Lula e a reação dos investidores. Elas ajudam a desenhar o que tende a ser uma gestão política da área econômica.
1) Lula e aliados entendem que um aperto de
despesas, na contramão do discurso de campanha, é um caminho curto para perder
sustentação política. Ainda que a ampliação de sua aliança tenha sido crucial,
boa parte dos 60 milhões de votos vem de sua base
eleitoral de baixa renda, mais sensível aos gastos do governo.
2) O petista quer enfatizar que a área
social será o ponto central de seu mandato. Aliados reconhecem que, nesse
contexto, Lula calibrou mal a declaração sobre "essa tal de estabilidade
fiscal", mas insistem que não há espaço para irresponsabilidade.
3) O presidente eleito também tinha
objetivo de pôr em primeiro plano a proposta que amplia gastos sociais, como o
Bolsa Família, driblando a regra do teto. Acrescentam que "o
mercado" não puniu
Jair Bolsonaro da mesma maneira quando ele expandiu gastos em
plena campanha.
4) Um auxiliar afirma ainda que há uma
desconexão de expectativas. Lula escolheu um vice de centro-direita e admitiu a
necessidade de ouvir economistas com visões distintas, mas nunca prometeu um
ministro ou uma agenda liberal. Ele deve saber que contrariar essas
expectativas tem um custo.
5) Outro aliado resume: não importa o ministro; Lula tomará as decisões na economia.
3 comentários:
Lula poderá tomar as principais decisões na economia, mas só as que forem levadas até ele... Na prática, centenas ou milhares de outras decisões igualmente importantes serão tomadas pelo ministro e seus subordinados, que não vão consultar Lula sobre decisões técnicas e mesmo políticas que precisem ser tomadas em horas ou dias!
É preferível investir nos pobres que roubar.
Lula assustou o mercado.
Tá.
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