Folha de S. Paulo
Povos originários sempre foram alvo de
extermínio no país
As imagens estarrecedoras divulgadas nas últimas
semanas escancararam aos olhos do mundo que no Brasil há uma guerra contra o
povo.
O fato de a população yanomami estar
definhando é a evidência mais recente de que a exploração das riquezas minerais iniciada no período
colonial jamais foi abandonada e se intensificou de forma desmedida e criminosa
nos últimos anos.
Por mais chocante que seja, no Brasil os
povos originários sempre foram alvo de extermínio —assim como os descendentes
de africanos, é bom que se diga.
Fruto da ausência do Estado, a disputa de território entre milicianos e traficantes nas periferias do Rio de Janeiro resultou no registro de 216 tiroteios já nos primeiros dias do ano (dados do Instituto Fogo Cruzado), por exemplo.
Não por acaso, as fotos de idosos, bebês e
crianças cadavéricos em pele e osso na Amazônia brasileira remetem a cenas
aterrorizantes de guerra. Tanto que o Instituto Brasil Israel comparou a situação atual dos yanomamis com a vivência dos judeus
em campos de concentração da Alemanha nazista.
Em Roraima, os cerca de 14 mil doentes na
maior reserva indígena do país são resultado da negligência de diversos atores
que permitiram (por ação ou omissão) que a ambição se sobrepusesse ao interesse
público em favor de exploradores da pátria, como garimpeiros e madeireiros
ilegais.
Quando agentes públicos ignoram que suas prerrogativas e
poderes são derivados e estão subordinados ao Estado, passando a atuar em prol
de interesses privados, dão vez a vários níveis e formas de corrupção, podendo
envolver políticos, governadores, servidores, militares…
Seja como for, a prática está relacionada a
atos espúrios, uma vez que contraria as regras e o papel institucional que
esses entes deveriam cumprir. A sociedade brasileira precisa deixar de ser
tolerante com o intolerável e exigir rigor na apuração de responsabilidades e
no cumprimento das leis. Em todos os casos.
Um comentário:
Ana Cristina Rosa.
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