segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Felipe Moura Brasil - Lula 3 x Lula 1

O Estado de S. Paulo.

Já que Lula não vai mais para a cadeia, a única chance de seu governo dar certo é fazer mais do que falar

As frases mais verdadeiras de Lula são de 2003, antes do mensalão, do petrolão, do uso do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a favor de ditaduras socialistas, das fraudes fiscais e da crise econômica nos governos do PT.

Naquele ano, ele confessou em 27 de março:

“Quando a gente é de oposição, pode fazer bravata porque não vai poder executar nada mesmo. Agora, quando você é governo, tem de fazer; e aí não cabe a bravata.”

Em 22 de abril, ele reconheceu também:

“Nós não somos vítimas de nada. Somos vítimas da nossa competência ou da nossa incompetência.”

No mesmo dia, ele ainda sentenciou:

“Como dizia Lampião em 1927, neste país, quem tiver 30 contos de réis não vai para a cadeia.”

Vinte anos depois, Lula é o exemplo máximo de que (1) ricos podem até ir para a cadeia no Brasil, mas lá não ficam; (2) todas as formas de incompetência e malícia podem ser transformadas em narrativas vitimistas; e (3) não há limites para a continuidade, no governo, das bravatas vociferadas como oposição.

Quando ele declarou, na Argentina, que o impeachment de Dilma Rousseff foi um “golpe de Estado” e, no Uruguai, que Michel Temer é “golpista”, lembrei os discursos de 2016 da atual ministra do Planejamento, Simone Tebet, sobre o afastamento da petista do cargo.

“O devido processo legal foi observado. Golpe? Não! Isso se chama democracia. Os fatos existiram: os decretos e as pedaladas. A autoria se faz presente da senhora presidente da República, por ação e por omissão dolosa”, disse Tebet na tribuna do Senado Federal. “Por todo o mal que causou e está causando à população brasileira, eu voto a favor do impeachment”, declarou a então senadora emedebista.

Quando Lula, ainda no exterior, prometeu retomar o modelo de financiamentos que rendeu calotes de Cuba e Venezuela no BNDES, recorri aos dados do próprio banco estatal para expor o tamanho do acinte com os contribuintes brasileiros, ao que a Secom lulista veio a público como Ministério da Verdade fingir que não há risco de prejuízo nos empréstimos jamais quitados.

Ninguém, no entanto, refuta Lula melhor que Lula. Já que ele não vai mais para a cadeia, a única chance de seu governo dar certo para o nosso povo, seria ele aceitar que o PT não foi vítima de nada e que, quando é governo, tem de fazer mais do que falar.

2 comentários:

Anônimo disse...

"Fazer mais do que falar" - desce do palanque, Lula!

ADEMAR AMANCIO disse...

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