Valor Econômico
Escolhido para comandar a Força, Tomás
Paiva atuou em episódios deletérios ao petista
Em meio à delicada crise de confiança
descortinada após a intentona bolsonarista de 8 de janeiro, o presidente Lula
demitiu o general Júlio César de Arruda do comando do Exército e nomeou Tomás
Miguel Miné Ribeiro Paiva.
Três dias depois, o presidente criticou o
antecessor Jair Bolsonaro, afirmou que as Forças Armadas não podem servir a
interesses políticos e garantiu que o novo comandante pensa “exatamente” como
ele.
“Eu
escolhi um comandante do Exército que não foi possível dar certo, eu tirei e
escolhi outro comandante. Tive uma boa conversa com o comandante [Tomás Paiva]
e ele pensa exatamente com tudo o que eu tenho falado sobre a questão das
Forças Armadas”, disse Lula.
Será?
Uma consulta um pouco mais detida ao livro “Poder Camuflado”, que escrutina a atuação política de militares “do fim da ditadura à aliança com Bolsonaro”, como diz o subtítulo, recomendaria mais prudência do que euforia ao petista.
Tomás Paiva foi um dos poucos militares da
ativa que aceitaram conceder entrevista em “on” ao jornalista Fabio Victor,
autor da obra. Nas quase 450 páginas, é citado nominalmente em dez ocasiões. Em
quase todas, aparece como protagonista ou participante ativo de episódios
politicamente benfazejos a Bolsonaro e/ou deletérios a Lula.
A citação mais antiga remonta a 2014. Tomás
Paiva era ninguém menos que o comandante da Academia Militar das Agulhas Negras
quando o então deputado Bolsonaro foi beneficiado por uma inédita e teratológica
autorização - ou vista grossa - para fazer um comício para cadetes e aspirantes
em dia de formatura. Na propaganda bolsonarista, o evento seria mais tarde
transformado em ato inaugural de sua campanha à Presidência.
Dois anos depois, com o processo de impeachment
de Dilma Rousseff no Senado, Tomás Paiva surge chamando de “burra” uma posição
petista reproduzida num documento partidário. A burrice, segundo ele, era a
autocrítica do PT por não ter mexido no sistema de promoção das Forças Armadas
nem no currículo das escolas militares.
Tomás Paiva é retratado como amigo do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de quem havia sido ajudante de ordens.
É um traço que vem sendo citado como sinal positivo.
Proximidade ainda maior, porém, parece
haver com o general Eduardo Villas Bôas, o ex-comandante do Exército que
originalmente era visto como moderado e legalista, mas hoje é identificado como
o grande promotor da indesejada ampliação da intromissão de militares em
assuntos políticos.
Não fica claro se Tomás Paiva tem Villas
Bôas como seu maior mestre castrense. É solar, porém, que Villas Bôas o enxerga
como o mais brilhante de seus pupilos. “Tomás é certamente, num círculo bem
estreito, o mais completo oficial que conheci”, escreveu o ex-comandante em seu
livro de memórias, trecho pertinentemente reproduzido em “Poder Camuflado”.
Com detalhes, Fabio Vitor reconstitui a
história do famoso tuíte de 2018 de Villas Bôas postado para coagir o Supremo
Tribunal Federal (STF) a não conceder habeas corpus a Lula, que estava preso e
dependia disso para disputar a Presidência.
Tomás Paiva contribuiu para o episódio.
Como ajudante de ordens de Villas Bôas, participou de uma reunião para editar o
texto. Depois de elogiar a redação final, foi ele quem transmitiu ao general
Otávio Rêgo Barros a autorização para a publicação.
Já em junho de 2018, com a campanha
eleitoral em curso, gerou estranheza a descoberta de uma visita do então
candidato Bolsonaro a Villas Bôas e aos membros do Alto Comando. Omitida da
agenda oficial, a história só veio a público porque o ex-deputado Onyx
Lorenzoni, apoiador de Bolsonaro, publicou uma foto no Twitter.
Em face da constrangedora constatação de
que o Exército estava se envolvendo na campanha e, pior, agindo com
parcialidade, Tomás Paiva foi o mentor do que ficou parecendo um reparo
improvisado. A instituição afirmou então que todos os principais candidatos
seriam também convidados.
Na última citação, de 2021, Tomás Paiva
aparece novamente em situação extravagante. Na contramão dos fatos e das análises
não apaixonadas, ele classificou como “muito ruído” o temor diante a
apropriação eleitoreira e golpista do Sete de Setembro daquele ano.
Bolsonaro havia levado uma multidão ao
delírio dizendo que o STF tinha que enquadrar o ministro Alexandre de Moraes
“ou esse Poder pode sofrer aquilo que não nós não queremos”. Em alusão à
invasão do Capitólio, já havia dito que o Brasil teria “problema pior que os
EUA” se não adotasse o voto impresso.
Com centenas de caminhões e faixas que
pediam “intervenção civil-militar” e impeachment no STF, os fanáticos chegaram
perto de invadir a corte - o que acabou sendo feito 16 meses depois.
Não é crível supor que, antes da nomeação,
Lula não tenha tido a curiosidade de examinar o que Tomás Paiva andou fazendo
em carnavais passados. Se é assim, por que o escolheu?
Três dias antes da nomeação, numa cerimônia
militar, Tomás Paiva fez um incisivo discurso pró-democracia. Sem nenhuma
ambiguidade, falou das Forças Armadas como instituição de Estado, não de
governo, exaltou a alternância no poder e defendeu o respeito ao resultado das
urnas.
Desconcertante para os golpistas, o
discurso pode ter funcionado como o ticket para a promoção. Depois dele, o
preço a ser pago por uma guinada autoritária ficou bem mais alto. Mas isso
ainda soa insuficiente para explicar a nomeação.
Uma passagem de 1989 rememorada pelo
próprio Lula em depoimento feito em 2014 à Comissão da Verdade parece mais
convincente. Está no livro.
O petista lembrou que naquele ano, numa
viagem à Espanha, se encontrou com o então premiê, Felipe González, que
perguntou como ele iria lidar com as Forças Armadas e escolher seus comandantes
se ganhasse a eleição. Rindo da própria ingenuidade, Lula disse ter respondido
que iria “discutir com o movimento e tentar fazer uma formação para eles serem
mais democratas”.
“Aí o Felipe González falou assim para mim:
‘Ô, Lula, sabe quanto tempo você leva para formar um general? No mínimo, 40
anos. O teu mandato é só quatro. Então você não vai conseguir formar o teu
general democrático, Lula. Você vai ter quer estabelecer uma relação de
confiança com as Forças Armadas, com o que tem aí.’”
Tomás Paiva é o que tem aí.
17 comentários:
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkklllkkkkkkkkk
Muito interessante e informativo o texto! Parabéns ao autor e ao blog que divulgou esta matéria!
HUMOR DE FINO TRATO
40 anos pra formar um generaleco! Q desperdício de tempo e recursos.
Bozo teve esses generalecos ao seu lado. 40.anos de experiência de todos eles, apoiando o bozo.
BOZO PERDEU!
LULA GANHOU!
LULA DEMITIU UM GENERALECO COM.FORMACAO DE.40 ANOS.
LULA NOMEOU OUTRO GENERALECO COM FORMACAO DE 40 ANOS.
ESTE ÚLTIMO GENERALECO JA DEMITIU OUTRAS PATENTES COM, DIGAMOS, 3O ANOS DE FORMAÇÃO.
Sabem quanto tempo leva pra formar um LULA?
Resposta: SÉCULOS!
Bobagem, Lula tem menos de 100 anos, maluco!
Sim, é q um estadista como LULA só surge a cada 100 anos. Vejam a história do Brasil e do mundo.
E ele tem pouco estudo se comparado aos generalecos. Mas ele tem TALENTO! TEM HONESTIDADE. TEM CARÁTER.
Comparem seu talento com o do mourão, do cid, do arruda,... etc.
100 ANOS.
OU MAIS, GENTE!.
Ah, em tempo. Os generalecos têm suas formações custeadas pelo Estado, ié, o seu, o meu, o nosso dinheirinho.
Lula, se muito, tem 2o grau. Custou muito menos do q qualquer generaleco.
A instrução formal dos generalecos custou muito mais do q a do Lula. Dinheiro jogado no lixo golpista ' vejam os yanomamis.
Mas a experiência de vida do LULA faz uma enorme diferença.
Isso não se ensina em bancos escolares. Muito menos em bancos escolares de escolas miliquentas.
Por que está plagiando o de 100 em 100 anos que eu disse do Pele. Primeiro foi o Paoagaios do Bozo, depois o Jegue que virou Jegues, o kkkkkkkkkkk,e agora o predestinado que nasce de 100 em 100 anos. Vou cobrar direito autorais de você, O.k?
Kkkkkkkkkl boa essa!
Acima, resposta para o anônimo das 17.32 que “roubou” minha ideia.
A instrução formal do ex-capitão custou muito mais que a do Lula.
Foi
O que eu postei nesse Blog ( depois do dia 31 de Dezembro, não tenho certeza sobre o dia, em resposta a um artigo sobre o nosso querido atleta Pelé. Quando for bajular o Lula use suas próprias palavras, copiar ideias dos outros como se fossem suas é feio e incorreto. Voltar a escola é recomendado em casos como o seu.
domingo, 1 de janeiro de 2023
Cristovam Buarque* - A trégua Pelé
Blog do Noblat / Metrópoles
Na partida de Pelé, percebe-se a grandeza de um gênio da humanidade. Ao contrário, a partida de Bolsonaro mostra a mediocridade dele
Anônimo disse...
Mai’s que um gênio, Pele foi um predestinado que nasce de 100 em 100 anos, talvez até mais. Sua humildade conta o seu valor, duas pessoas valorosas quase no mesmo dia, só podia, Bento e Ele.
2/1/23 00:37
Comprovei e aguardo sua resposta para não dizer que tudo do Lula é falácia.
Depois ainda ficam criticando o “gado” do Bolsonaro longe de mim elogia-ló, em seu governo sofri perseguição que jamais pensei passar em toda minha vida. Mas não suporto a vassalagem e a bajulação do “gado” do Lula. Não compete tamanho fingimento e falta de amor próprio. Isso para mim é imperdoável e nojento.
Pare de usar os Yanomamis como mantra de falácias, estão estão usando o infortúnio de nossos irmãos na forma de fazer política baixa, fingida e rasteira
Lula calado é um poeta, quem disse isso sabia o que estava falando. Na velhice isso de torna mais imperativo, para não dar bom dia a cavalo, ensinava minha trisavô.
Um menino de 6 anos armado atirou na professora dele, 5 ou. 6 tiros foram disparados . Esse mundo está se tornando mais e mais perigoso, não convém tumultuar ainda mais o que tumultuado já está.!Não usem mentiras e falácia como massa de manobra e contribua para um mundo melhor.
Lula deve ter apenas o primário completo,como Machado de Assis.A escola apenas nos ensina ler e escrever (eu entrei na escola sabendo),conhecimento e cultura a gente só tem nos livros,revistas,jornais etc.
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