O Estado de S. Paulo
Além do presidente do BC, os juros e a meta de inflação empurram Haddad para o alvo
Se o alvo até a semana passada foi o
presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que se assumiu bolsonarista,
o desta semana passa a ser o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, lulista,
petista e candidato à Presidência pelo partido uma vez. Mas o tiroteio é com
boatos e ciumeiras, não com balas, e muito menos uma bala de prata.
O presidente Lula atirou no BC, admitiu intervir na autonomia da instituição, desdenhou de Campos Neto como “esse cidadão”, mirou os juros altos e evoluiu para uma negociação para alterar a meta da inflação que, quase consensualmente, é irrealizável. Mas alterar para quanto? E isso baixa a taxa de juros?
“Braço armado” de Lula, o PT reforça o
ataque, enquanto ministros tentam uma bandeira branca. Dois exemplos:
presidente do partido, Gleisi Hoffmann ataca; ministro da articulação política,
o petista Alexandre Padilha diz que o fim da autonomia do BC não está na pauta
e não há “fritura e fervura” de Campos Neto. E é nesse clima de barata-voa que
os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, avisam que
não contem com eles contra o BC.
Com mercado, economistas e Congresso
contra, o PT fica isolado com uma parte da esquerda contra quem tem mandato e
com quem Lula vai ter de conviver metade do governo. Melhor seria desviar o
foco para um debate, que é razoável, sobre a meta irreal de inflação e o efeito
deletério de juros a 13,75%. O PT, porém, não quer discutir, quer atiçar a
guerra.
Ontem, o Diretório Nacional do partido
votou a favor da convocação de Campos Neto pelo Congresso. Hoje, Haddad reúne a
equipe e vai depois a Lula. Na quinta, o Conselho Monetário Nacional (CMN),
integrado por ele, Campos Neto e Simone Tebet (Planejamento), abre o debate
sobre a meta de inflação.
E por que Haddad está no alvo? Porque Lula
e o PT mordem e ele assopra (para os que cobram responsabilidade fiscal e rumos
claros). Por mais que o jogo do presidente e do ministro seja combinado, a calibragem
de Haddad não é simples. Nem pode ir contra o chefe nem sinalizar aos agentes
econômicos e à sociedade que é só paumandado de Lula e PT.
Para complicar, o presidente do BNDES,
Aloizio Mercadante, velho assessor econômico de Lula, entrou na guerra, articulando
seminários internos e externos sobre BC, juros e inflação, temas da Fazenda.
Dada a notícia, pela jornalista Malu Gaspar, todo mundo entrou em campo para
organizar a bagunça. Se a política econômica de Lula fosse transparente como a
política externa, nada disso aconteceria. Em vez de atacar, que tal Lula
mostrar os rumos da macroeconomia? •
6 comentários:
Ótimo artigo, um puxão de orelhas.Mas não vai mostrar os rumos da economia no “novo cercadinho”, né?
Eliane sempre Eliane.
Esse papo fela vem desde a pré-eleição, lembram?
Requentado.
Roberto Campos Neto é uma espécie de 'pauloguedes' mais limpinho
Jegues gostam de campos!
Gostei do trocadilho,rs.
pauloguedes, além dos seus tantos defeitos, também não gosta de banho?
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