Folha de S. Paulo
Ajudante de ordens de Bolsonaro ficará com
a boca fechada?
Vocês se lembram de José
Acácio Serere?
Era um "patriota", que se dizia pastor evangélico e cacique xavante,
mas estava sendo financiado por fazendeiros e empresários de Mato Grosso. Ele
foi preso em dezembro pela tentativa de invasão do prédio da PF, no mesmo dia
da diplomação de Lula no TSE.
Sua prisão desencadeou uma onda de
vandalismo em Brasília por parte de bolsonaristas, com carros e ônibus
incendiados e depredação de patrimônio público. Um trailer do que seria o 8/1.
Na cadeia, Serere divulgou uma carta dizendo ter se baseado em informações
erradas e se desculpou pelos ataques ao sistema eleitoral.
Assim que começaram as investigações e prisões ligadas à invasão das sedes dos Três Poderes, surgiram as desculpas esfarrapadas. Ao depor na PF sobre o inquérito que apura os autores intelectuais dos atos golpistas, Bolsonaro conseguiu fazer mais um papel chocante —o que é muito fácil para quem tem um currículo como o dele. Entregou um documento com imagens que buscam provar que ele estaria sob efeito de morfina quando publicou um vídeo contra as urnas eletrônicas.
Os advogados de Anderson
Torres, para conseguir sua soltura, exibiram laudos médicos com o relato de
que o ex-ministro da Justiça apresenta "sintomas de alteração emocional,
chorando de forma compulsiva, expondo palavras e ideias sem nexo". O
paciente estaria a ponto de "ceifar a própria vida". Investigado por
dificultar o trânsito de eleitores, Torres afirmou ter ido à Bahia nas vésperas
do segundo turno para visitar uma obra. Só faltou dizer que ajudou os
companheiros a virar uma laje. Realmente são palavras e ideias que não fazem o
menor sentido.
Braço direito de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid ficou em silêncio em seu primeiro depoimento. A pergunta é se ele, encrencado não só com denúncias de golpismo como de lavagem de dinheiro, fará parte da conspiração de desculpas ou se abrirá o bico.
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