Haddad diz que busca trajetória de ajuste nas contas após dez anos de déficit
Bernardo Lima / O Globo
Ministro alega que ‘distorções’ estão sendo corrigidas, mas que não é possível ‘corrigir 10 anos em 6 meses’
O ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, afirmou nesta sexta-feira que o governo busca uma trajetória de
ajuste nas contas públicas após 10 anos seguidos de déficit primário, nas suas
palavras. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fixou como zero (ou
seja, receitas iguais às despesas) a meta de resultado das contas públicas de
2024.
— Nos últimos 10 anos foram R$ 2 trilhões de
déficit público e eu tenho dito que isso não favorece um crescimento maior da
economia brasileira. O que está garantindo isso é justamente fazer o que
estamos fazendo, recompondo a base fiscal do estado brasileiro, que foi erodida
ao longo desses anos — disse o ministro.
Segundo Haddad, o governo está buscando uma
trajetória de ajuste.
— Nós estamos procurando justamente fazer uma
trajetória de reajuste, depois de 2022, onde houve um enorme desarranjo em
função do processo eleitoral — disse Haddad a jornalistas no Ministério da
Fazenda nesta sexta.
Economistas apontam uma piora no quadro das contas públicas a curto e longo prazo, o que, segundo especialistas, dificulta o crescimento da economia brasileira.
Entre as preocupações a curto prazo, são
apontadas por exemplo as mudanças nas metas fiscais de 2025 e 2026, alteração
no arcabouço fiscal para antecipação de R$ 15 bilhões nos gastos. A longo
prazo, economistas alertam para a resistência do governo em atacar as despesas,
a dinâmica de gastos da Previdência e a política de correção do salário mínimo.
Segundo o ministro, no entanto, a busca pela
trajetória de ajuste não é simples. Ele diz que não é possível corrigir erros
cometidos por dez anos em um curto período de gestão e afirmou que a inflação
está sob controle.
— Estamos com uma inflação bastante
controlada. A inflação deste ano vai ser menor que a do ano passado. A do ano
passado foi bem menor que a do ano anterior, sobretudo levando em consideração
as distorções provocadas pelo populismo da desoneração dos combustíveis, que
gerou um efeito perverso sobre as contas públicas. Isso tudo está sendo
corrigido. Mas você não consegue corrigir 10 anos em 6 meses.
A meta de inflação para 2024 é de 3%, com
margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos. Ou seja,
ela será considerada cumprida caso fique entre 1,5% e 4,5%.
Em abril, o Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, acumulado dos
últimos doze meses foi de 3,69%. No ano passado, o índice terminou o ano em
4,62%, dentro da meta estipulada.
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