Folha de S. Paulo
Até o Exército, antes idolatrado pelos
'patriotas', hoje é vítima da desinformação
Programado para o segundo semestre, no clima
das eleições municipais,
o Femeapá —Festival
de Mentira que Assola o País— começou bem antes e de maneira incontrolável.
Mais eficiente para propagar desinformação em doses industriais, a edição deste
ano promete superar os piores momentos das turnês de 2018, 2020 e 2022.
Portando celulares na mão e rolando a timeline sem parar, parte do público
delira com a autopromoção e o discurso "libertário"; outra parte se
revolta, já cansada de denunciar a má-fé.
Um dos maiores patrocinadores do espetáculo é o presidente da Câmara, Arthur Lira, que em abril anunciou a criação de um grupo de trabalho para discutir a regulação das big techs. Desde 2020 tramita o PL 2.630, que já passou por dezenas de audiências públicas. Na prática, o que Lira fez foi enterrar, mais uma vez, o projeto.
A orquestração da cascata é transnacional. Em
março, uma comitiva de deputados liderada por Flávio Bolsonaro passou uma
semana nos EUA, usando recursos públicos, com o objetivo de convencer
parlamentares do Partido Republicano de que o Brasil é uma ditadura e, como
tal, precisa sofrer punições. O bando de patriotas insistiu na velha teoria da
conspiração que voltou a ser espalhada pelos robôs de Musk: a de que o
ministro Alexandre
de Moraes, do STF, agiu para
eleger Lula.
Enquanto a catástrofe climática matava no Rio
Grande do Sul, todo tipo de mentira viralizou, e continua a viralizar. Difícil
escolher a mais inacreditável, mas uma delas "informava" que
Bolsonaro havia destinado R$ 17 milhões, aquele dinheiro que ele recebeu de
apoiadores, para ajudar as vítimas das enchentes.
Os terroristas do like aproveitam a tragédia para faturar, política e
financeiramente, com ataques que atrasam o socorro e ampliam a desgraça. Sobrou
até para as Forças Armadas, antes idolatradas e hoje hostilizadas. O
Femeapá-2024 apenas começou.
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