Fernanda Perrin e Alexa Salomão / Folha de S. Paulo
Durante evento em NY, Ciro Nogueira afirma
que aguarda novo JK no país, citando Caiado e Ratinho Jr. como exemplos, sob
aplausos
O ex-presidente Michel Temer (MDB)
acusou a oposição no Brasil de não cumprir o seu papel e, em vez disso, ter
incorporado a ideia errônea de que, em vez de ajudar o governo por meio de
críticas, deve tentar destruí-lo.
A declaração foi dada durante evento do grupo
empresarial Lide em Nova York (EUA) nesta terça-feira (14), que reuniu uma
série de nomes do setor público e privado brasileiros.
"Vocês sabem que no geral, no sistema democrático, existem a situação e a oposição. A oposição existe para ajudar a governar, é fundamental na democracia", disse. "Ela existe para ajudar a governar e ajuda quando critica, quando observa, quando contesta, quando contraria, quando faz as maiores críticas, não é? Nós temos que acostumar com isso", afirmou.
"Eu lamento dizer que não é isso que se
aplica no nosso país, não é de agora, mas já do passado, de muito tempo atrás,
incorporou-se ao nosso sistema a ideia de que se eu perdi a eleição, o meu
dever é destruir aqueles que ganharam a eleição, e isso não contribui com o
país", completou.
Questionado pela Folha se fazia
referência à oposição bolsonarista, Temer negou e disse que sua avaliação é do
quadro geral da política brasileira e que o problema ocorre do nível municipal
ao federal.
O ex-presidente também afirmou que ainda não
viu Lula fazer uma pacificação do país, como ele acreditava que o petista
faria, mas disse que ainda há tempo para isso no mandato.
Falando pouco depois, o senador Ciro Nogueira
(PP-PI),
que foi ministro da Casa Civil de Jair
Bolsonaro (PL), respondeu os
comentários do ex-presidente, defendendo o papel da oposição e criticando o
governo Lula (PT) por não conseguir se
comunicar com a população.
"Comparo muito o que acontece no Brasil
hoje com o retorno de Getulio Vargas. Getulio tinha sido um grande presidente,
mas, quando voltou, voltou fora da sua época. Não conseguia mais se comunicar
com a população", afirmou Nogueira.
Seguindo a comparação, o senador afirmou
esperar que venha um grande novo presidente à frente, como Juscelino Kubitschek
veio após Getulio. Citando alguns nomes presentes no evento, ele apontou os
governadores Ronaldo Caiado (Goiás) e Ratinho Jr (Paraná). Ambos foram
aplaudidos.
Temer também abordou a tragédia Rio Grande do
Sul. Ele sugeriu a criação de secretarias estaduais e uma nacional para a
prevenção de incidentes climáticos.
O emedebista disse que gostaria de ter criado
o sistema em seu governo, mas que não foi possível, e recomendou aos
governadores presentes no evento que considerem a proposta.
Em razão do desastre no Sul, o seminário do
Lide, que integra uma série de eventos relacionados ao Brasil que ocorrem nesta
semana em Nova York, acabou desfalcado. Na semana passada, uma comitiva de
políticos bolsonaristas foi criticada por estar em Washington enquanto ocorria
a tragédia no Brasil.
O governador gaúcho, Eduardo Leite,
e os presidentes do Senado, Rodrigo
Pacheco (PSD), e da
Câmara, Arthur Lira (PP),
não participaram do evento do Lide nesta terça.
Em vez disso, os três enviaram vídeos,
justificando a ausência em razão das necessidades associadas à emergência.
O evento também reproduziu um vídeo com imagens da destruição pelas enchentes, com dois QR codes ao final para os presentes fazerem doações em dinheiro ou não financeiras. Um cartão com um QR code também foi distribuído nas mesas.
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