O Estado de S. Paulo
Barroso não pisa no chão do mundo real, ou não avaliaria que o tribunal cumpre ‘bem a sua missão’
Palestrante internacional onipresente e
dedicado comentarista político da TV Justiça, também – nas horas vagas –
ministro (presidente) do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, nosso
recivilizador, falou em Roma contra a “apropriação do espaço público por elites
predatórias”.
Falou isso em evento privado patrocinado por
empresas privadas de elite, entre as quais a dos irmãos Batista, de muitos
interesses no STF. (Estava lá também Dias Toffoli, outro palestrante
requisitado; que, na sua porção juiz, suspendeu – em dezembro de 2023 – multa
de mais de R$ 10 bilhões devida pelo grupo J&F, dos Batista, em função de
acordo de leniência.)
Barroso tem cadeira – trono – no “espaço público”. E decerto considera que o problema – essa “apropriação” – ocorre noutros lugares da atividade pública; o que tornaria cômica a alienação, não fosse degradante.
O presidente do Supremo não pisa no chão do
mundo real, ou não avaliaria que o tribunal – sob cujo aval um ministro toca
constituição própria – cumpre “bem a sua missão”. A percepção delirante faz
lembrar o juízo de Cármen Lúcia, em 2022, no TSE, quando, guiada pelo Direito
Xandônico, manifestou preocupação com o risco de a censura a um filme – pela
qual votava – resultar em censura.
Analisando a chaga da desigualdade social
entre nós, disse Barroso desde a Itália: “Temos no Brasil um problema atávico,
histórico e persistente de patrimonialismo, quando não de corrupção, que é essa
má divisão entre o espaço público e privado”.
“Má divisão.” Disse isso, um servidor
público, juiz na Corte Constitucional, em evento privado custeado por empresas
privadas com interesses na Corte Constitucional – que ele preside.
Isso mesmo. Um ministro do Supremo – agente
público – esteve à vontade para denunciar a “má divisão” entre os espaços
público e privado palestrando em evento privado patrocinado por empresas
privadas.
Não sendo cínico, em nenhum momento lhe terá
ocorrido que encarnava – expressava – a “má divisão”. Atávico. Né? Presidente,
Barroso, de um Poder que exige – com razão, contra o patrimonialismo –
transparência do Congresso sobre as distribuições autoritárias de emendas
parlamentares, enquanto comunica opacidades sobre como são pagas (quem paga?)
essas viagens para convescotes particulares (há cachê?) mundo afora.
Questionar isso seria espécie de implicância
do jornalismo, “preconceito contra a iniciativa privada” – decretou Barroso.
Conceito que é bem formado, ministro, sobre a “apropriação do espaço público
por elites predatórias”. Conceito, aliás, educado pelas provas de corrupção que
vêm sendo enterradas – reescrita a história – pelo monocrata Dias Toffoli.
Um comentário:
Hahahahah
Perfeito !
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