quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Hélio Schwartsman - Pelo voto útil

Folha de S. Paulo

Particularidades do pleito paulistano dão um nó nos raciocínios que costumam justificar o voto útil

Sou fã incondicional do voto útil, que é um outro nome para pensamento estratégico. O panorama da disputa pela prefeitura paulistana, contudo, dá um nó nos raciocínios que normalmente embasam um voto útil.

A grande dificuldade é definir o objetivo que orienta as preferências do eleitor. Uma meta "civilizacional" defensável seria excluir do segundo turno o candidato extremista e antissistema que é Pablo Marçal. Seria uma aposta na volta da normalidade eleitoral, com um candidato mais à esquerda enfrentando um da direita republicana.

Nesse contexto e considerando que é a direita que está dividida, o mais lógico seria votar em Ricardo Nunes. Reforça esse raciocínio a alta probabilidade de Marçal ser beneficiário de um voto envergonhado, não captado pelas pesquisas.

Embora a chance de um segundo turno paulistano sem um representante da esquerda seja historicamente baixa, ela é diferente de zero. Assim, se o eleitor com inclinações progressistas vota em Nunes para tirar Marçal e isso acaba custando a vaga de Guilherme Boulos, ele se condenará a uma espécie de opróbrio de consciência eterno.

Em nenhum lugar está escrito que o pensamento estratégico deve ficar limitado ao primeiro turno. É perfeitamente possível e legítimo estendê-lo para a segunda votação, o que torna o espaço de raciocínios possíveis ainda mais exuberante.

O eleitor de esquerda está obviamente interessado em eleger um prefeito de esquerda. E, dado que o campeão de rejeições é Marçal, seguido por Boulos, o melhor caminho para a vitória do psolista é enfrentar o ex-coach. Progressistas corajosos deveriam votar em Marçal no primeiro turno para facilitar a eleição de Boulos no segundo.

Generalizando um pouco mais e considerando que a rejeição a Marçal é tão alta que praticamente inviabiliza suas chances de vitória final, alguém pode ficar tentado a dizer que o que mais amplia a utilidade do voto é o eleitor, no primeiro turno, escolher o candidato que corresponde a sua preferência genuína, o que, paradoxalmente, é uma negação do voto útil.

 

4 comentários:

Anônimo disse...

Textinho vagabundo, o colunista parece perdido nesta eleição!
"Progressistas corajosos deveriam votar em Marçal no primeiro turno para facilitar a eleição de Boulos no segundo." E criarem um segundo turno entre Marçal e Nunes, já que Boulos não teria seus votos pra chegar no segundo...

João Paulo Macedo disse...

No caso dos paulistanos, qualquer alternativa de voto útil baseado num pensamento estratégico se converte em medida contraproducente. Se opta pelo Nunes, a fim de excluir Marçal do segundo turno, arrisca colocar Boulos contra alguém que tem mais chances de lhe derrotar na segunda fase. Se vota no Marçal, com a intenção de alçá-lo ao segundo turno com o candidato da esquerda, assume o risco de tirá-lo da disputa e formar uma segunda etapa apenas com candidatos de direita retrógrada.

Anônimo disse...

Marçal se não ganhar no primeiro turno vai pro segundo turno
O candidato da extrema esquerda Guilherme bolos é muito ruim e manjado pelo paulista pelo paulista
Invasor de propriedade privada Preso três vezes por baderna e incitação à violência

ADEMAR AMANCIO disse...

Se os progressistas votarem em Marçal,Boulos ficará de fora no segundo turno.