Em cerimônia com delegações de 105 países e
16 chefes de Estado, incluindo o presidente Lula, Claudia Sheinbaum destacou o
protagonismo feminino e o papel de seu antecessor e padrinho político
Primeira mulher a assumir a presidência do México, Claudia Sheinbaum tomou posse ontem no cargo, que ocupará pelos próximos seis anos. Em seu discurso, ela destacou o papel de seu antecessor e padrinho político, Andrés Manuel Lopez Obrador, responsável pela “revolução pacífica da quarta transformação da vida pública” do país, como vem sendo chamada por aliados a polêmica agenda política implementada pelo governo anterior.
Sheinbaum toma posse como a primeira mulher a
presidir o México
A cientista e ex-governadora da Cidade do México promete continuar o legado de seu mentor Andrés Manuel López Obrador
A cientista e ex-governadora Claudia
Sheinbaum tomou posse nesta terça-feira (1°) como presidente do México, sendo a
primeira mulher a ocupar esse cargo. Ela ficará à frente do país
latino-americano pelos próximos seis anos.
“É tempo de transformação e é tempo de mulheres. Pela primeira vez, chegamos nós mulheres a conduzir o destino de nossa nação. E eu digo nós, porque não chegamos sozinhas, chegamos todas”, frisou em seu discurso de posse na Câmara dos Deputados do México.
A cerimônia de posse no Poder Legislativo foi
acompanhada por delegações de 105 países. Estiveram presentes 16 chefes de
Estado, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sheinbaum fez questão
de citar nominalmente cada um dos presidentes presentes. “[A presença deles]
mostra o compromisso internacional do México.”
Quase todos os chefes de Estado foram
convidados, à exceção do rei da Espanha, Felipe 6, que não foi chamado, devido
ao fato de a Espanha não reconhecer, segundo o governo mexicano, os prejuízos
causados aos povos indígenas durante o período colonial. Os Estados Unidos
enviaram a primeira-dama, Jill Biden.
Após agradecer aos chefes de Estado,
Sheinbaum falou do seu antecessor e mentor, o político populista de esquerda
Andrés Manuel López Obrador, conhecido pelas siglas Amlo. Ele deixou o cargo
nesta terça-feira (1°).
Ela disse que López Obrador foi o “melhor
presidente” do país, que iniciou “a revolução pacífica da quarta transformação
da vida pública do México”, afirmou, em uma referência à agenda política
implementada pelo seu mentor — numa alusão às três transformações anteriores na
história do México, a independência do país, a reforma do século 19 e a
revolução do século 20.
“[Ele] se retira da vida pública como um
democrata, para seguir lutando em outras trincheiras”, afirmou Sheinbaum.
A sessão de posse foi assistida por diversas
delegações e por parlamentares do México. O Morena, partido de Sheinbaum e
Obrador, tem ampla maioria no Congresso, incluindo as coligações.
Sheinbaum também disse que o México passou,
antes de López Obrador, por um “fracassado modelo neoliberal e de corrupção”,
que durou 36 anos e trouxe uma série de “prejuízos à população” em detrimento
do “mercado financeiro”.
Ela afirmou que o seu governo vai focar nos
mais pobres. “A prosperidade deve ser compartilhada: ‘pelo bem de todos,
primeiro os pobres; não pode haver governo rico, se há pobres’”, disse. Ela
citou, ainda, que vai lutar todos os dias por um México com justiça e
democracia. Também citou que tudo será feito com respeito ao meio ambiente.
Sobre esse tema, comentou que lançará nas
próximas semanas um Plano Nacional de Energia, para tratar de investimentos
públicos e privados e também para prever a transição energética para fontes
renováveis de energia. “Teremos energia limpa a preços baixos para atuais e
futuras gerações”, prometeu. Ela citou, ainda, que lançará uma o programa “mais
ambicioso do mundo” de economia circular.
Ainda em seu discurso, a nova presidente
condenou todas as formas de discriminação. “No nosso governo garantiremos todas
as liberdades. Se respeitará os direitos humanos e nunca usaremos a força do
Estado para reprimir o povo. Respeitaremos a liberdade religiosa”, destacou.
Em relação à economia, ela disse que o seu
governo respeitará a autonomia do Banco Central do México, conhecido como
Banxico. Prometeu ainda manter uma política fiscal responsável. “Promoveremos
investimentos públicos e privados. Investimentos estarão seguros em nosso
país”, afirmou. Ela afirmou que não haverá aumento de preço de gasolina, gás
doméstico e energia elétrica.
Sobre a recém aprovada reforma judicial — que
prevê eleição popular para juízes do país, incluindo da Suprema Corte,
Sheinbaum disse que a reforma trará mais “autonomia e independência ao poder
judicial”. Ela negou que o governo vai influenciar nas eleições: “somos
democratas. Quem decidirá [a eleição] será o povo”, afirmou, numa resposta às
críticas de que a reforma vai enfraquecer a democracia mexicana.
Em relação à política externa, Sheinbaum
citou que manterá a posição do México de não se envolver em questões internas
do país. Ela, contudo, não fez uma menção direta ao resultado das eleições na
Venezuela.
Ela terminou seu discurso prometendo governar
para “todas e todos”. “Consolidaremos juntas e juntos um México cada vez mais
próspero, livre, democrático e justo.” (A
jornalista viajou à Cidade do México a convite da Apex)
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