Valor Econômico
O primeiro turno da eleição paulistana foi
tão sobressaltado que quando o candidato do Psol, logo no início do debate da
Band, deixou seu púlpito em direção ao seu adversário, as cenas de pugilato
incitadas pelo ex-candidato do PRTB, Pablo Marçal, vieram à lembrança.
Com o apagão que atingiu mais de 2 milhões de
casas e estabelecimentos em São Paulo neste fim de semana, havia mais motivos
do que nunca para um debate mais agressivo do que qualquer outro desta
campanha, mas a ausência de Marçal fez diferença.
Se Boulos foi mais incisivo do que em todo o primeiro turno, o candidato do MDB, Ricardo Nunes, também incorporou ao seu modo o legado do candidato do PRTB com uma atitude que beirou o desdém com seu adversário, citando sua desvantagem nas pesquisas e acusando-o de despreparo. Citou ainda o fato de ter uma empresa “sólida e da qual me orgulho”, nascida na periferia sul de São Paulo para explorar o espírito do ex-adversário empreendedor.
Enquanto o candidato do Psol se aproximava do
prefeito para, olhando nos seus olhos, lhe dirigir perguntas, Nunes se dirigia
a Boulos voltado para a câmera. O apagão dominou o primeiro terço do debate com
Boulos centrado nas falhas da zeladoria, Nunes, na atuação regulatória do
governo federal e, ambos, na Enel.
Na defensiva, o prefeito tentou explorar a
atuação de Boulos no tema como deputado federal enquanto o candidato do Psol
repetia sucessivamente a pergunta sobre a responsabilidade pelo manejo e poda
de árvores. O candidato do Psol contrapôs as falas de Nunes sugerindo que a
audiência ligasse para os serviços públicos municipais para tentar conseguir o
que o prefeito disse estar fazendo, na poda ou na marcação de exames.
Quando, às 23h11, eles deixaram,
momentaneamente, o apagão, foi a vez de Boulos lançar os desafios a Nunes, o
primeiro o de que sua empresa não havia recebido o cheque que a Polícia Federal
disse ter sido depositado em sua conta, o segundo foi o da abertura do sigilo
bancário de ambos e o terceiro, se Nunes aconselharia a um paulistano a andar
com o celular na mão.
Sem responder, Nunes girou em torno do
binômio experiência versus inexperiência enquanto o adversário fincou pé na
mudança versus continuidade. No momento mais tenso, quando Boulos chegou bem
perto, o prefeito reagiu: “Vim da periferia e você não vai me intimidar”. O
candidato do Psol reagiu às provocações sobre seu partido levantando a ficha do
partido de Nunes, o MDB, e, para se contrapor ao binômio equilibrado versus
extremista, explorou as mudanças de posição do prefeito em relação a Bolsonaro.
Houve um único pedido de direito de resposta,
de Nunes, negado. Foi tenso, mas devolveu a quem o assistiu a certeza de que as
pegadinhas não evoluiriam para a agressão física.
Um comentário:
Eu gostaria que fosse bem menos tenso.
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