Folha de S. Paulo
Influenciador sacudiu a opinião pública, mas
bolsonaristas querem travar projeto contra violência sexual infantil
Afeito a obstruções e viagens de turismo
0800, o Congresso
Nacional está devagar —e às vezes é forçado a parar. O ano de
2025, se acabasse hoje, estaria perdido para aqueles que têm a obrigação de
criar, alterar e revogar leis. A maioria está mais interessada em viver com a
cara enfiada no celular, faturar com emendas secretas e promover a própria
blindagem. Além de relativizar os ataques de Trump ao Brasil.
A PEC da Segurança, por exemplo. Já aprovada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, aguarda a votação em plenário, mas não há sinal disso.
Os criminosos, ao contrário dos
parlamentares, não param de trabalhar e se organizar. Existem mais de 60
facções espalhadas pelas 27 unidades da federação. As duas maiores, PCC e CV,
têm usado bancos digitais para lavar dinheiro. Segundo investigações das
polícias Federal e Civil do Rio e de São Paulo, cerca de R$ 28 bilhões foram
movimentados nos últimos seis anos por meio de fintechs, que forjam operações e
compram criptomoedas, dificultando o rastreamento e bloqueio de recursos dos
titulares da conta.
O descaso atinge a violência sexual infantil,
problema antigo que ganhou repercussão nacional após o efeito Felca.
Com seu vídeo (que tem mais de 44 milhões de visualizações), o influenciador
conseguiu sacudir a opinião pública —proeza que nenhum deputado é capaz de
realizar.
O presidente da Câmara, Hugo Motta,
quer votar nesta semana o projeto que combate a chamada adultização de crianças
e adolescentes. Enfrenta a resistência dos bolsonaristas, que prometem mais uma
vez paralisar os trabalhos. Note-se que não há disposição para o debate, a
ordem é obstruir.
Em linhas gerais, a relatoria de Jadyel
Alencar (Republicanos-PI)
estabelece regras para proteção de crianças e adolescentes no meio digital,
responsabiliza plataformas e obriga a retirada de conteúdos criminosos sem
decisão judicial. O líder do PL, Sóstenes Cavalcante, consegue ver censura no
projeto. "A questão continua muito nebulosa", diz. Nebulosa é a
declaração dele.
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