sexta-feira, 15 de março de 2013

OPINIÃO DO DIA – Eduardo Campos: é preciso unir os brasileiros

"Temos o desafio de pensar o Brasil estrategicamente, tivemos um 2011 pior que 2010 e um 2012 pior que 2011. Os Estados Unidos sofreram muito com a crise financeira iniciada em 2008 e cresceram mais do que o dobro que o Brasil no ano passado."

Eduardo Campos, governador de Pernambuco e presidente do PSB. O Estado de S. Paulo, 15/3/2013

Manchetes de alguns dos principais jornais do país

O GLOBO
Uma semana depois... Cesta básica sobe, ao contrário do prometido
Governo força ‘maquiagem’ no IDH
Pastor pede socorro ao governo

FOLHA DE S. PAULO
Igreja não pode virar ONG beneficente, alerta o papa
Brasil está no limite da burrice, diz Jorge Gerdau
Desoneração gera disputa entre varejo e indústria
Nobel nega elo entre Bergoglio e ditadura militar
Kassab avisa a Dilma que é cedo para tratar de reeleição
Ataques põem Bagdá em alerta após quase dez anos da invasão

O ESTADO DE S. PAULO
Na 1ª homilia, papa pede conduta 'irrepreensível'
Brasil avança pouco no IDH, mas é destaque em relatório
BC vê piora na inflação, mas fala em 'cautela'
Kassab: PSD não aceita ministérios
STF derruba lei que parcela precatórios

VALOR ECONÔMICO
Governo mudará regime de proteção a patentes
STF proíbe o pagamento parcelado de precatórios
'Bancões' avançam no consignado
Papa argentino leva Cristina a se reaproximar da Igreja
Anatel faz um mutirão para evitar prescrição de multas

BRASIL ECONÔMICO
Ata do Copom derruba previsões de alta da taxa de juros em abril
Brasil se manteve em 85º lugar no ranking de IDH
Fora da Esplanada
Energia e petróleo são destaques no plano de inovação

CORREIO BRAZILIENSE
O evangelho segundo Francisco
Brasil avança bem devagar, conclui a ONU
Em vigor, lei dos royalties é alvo no STF
Governo da Bahia suspende exame de virgindade na polícia

ESTADO DE MINAS
Primeiro sermão. Primeiro alerta
País melhora, mas não sobe no ranking
Pacote libera R$ 32,9 bilhões para tecnologia

O TEMPO (MG)
Igreja corre risco de se tornar uma `ONG piedosa´, diz papa
Líderes evangélicos ressaltam que Feliciano não fala por eles
Aumento salarial é previsto somente para magistrados
PSD recusa ministério até 2014
Procons serão fortalecidos, mas ainda estarão longe do ideal

GAZETA DO POVO (PR)
Paraná e Rio querem mudar cobrança do ICMS sobre energia
Francisco pede bases sólidas para a Igreja
Obras e problemas travam ligação viária da RMC
Embratur quer impor teto para as tarifas aéreas
STF derruba lei que parcelava os precatórios

ZERO HORA (RS)
Jovens formam maior grupo de endividados
Recomendação de fechar virou multa à Kiss

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Mais três fábricas no complexo da Fiat
Benefícios para doméstica não atingem diaristas
Humildade e Cristo na pauta do novo papa

O que pensa a mídia - editoriais de alguns dos principais jornais do país

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Uma semana depois... Cesta básica sobe, ao contrário do prometido

Preços de alimentos e artigos de higiene pessoal aumentaram 0,55% na semana

Levantamento do Procon-SP e Dieese aponta que custo para o trabalhador ficou maior, apesar da redução de impostos

Apesar da desoneração de impostos anunciada pela presidente Dilma no último dia 8, o custo da cesta básica subiu 0,55% na última semana. O valor médio de uma cesta com 31 produtos passou de R$ 384,58 para R$ 386,71, segundo pesquisa do Procon-SP e Dieese. Ainda segundo a pesquisa na Região Metropolitana de São Paulo, 16 produtos tiveram alta, contra 14 em queda. Entre produtos que tiveram corte de impostos, mas subiram de preço, estão a batata, a farinha de mandioca, o açúcar e biscoito maisena. O governo pretendia redução de até 12% nos produtos da cesta, mas empresários do setor já alertavam que baixa deveria ser de apenas 6%.

Ficou só na promessa

Pesquisa do Procon/Dieese mostra que cesta básica subiu, após governo cortar impostos

Roberta Scrivano

SÃO PAULO - Apesar da desoneração anunciada pelo governo, os preços dos itens de primeira necessidade tiveram reajuste de 0,55% nesta última semana. O valor médio de uma cesta com 31 produtos, que na quinta-feira passada era de R$ 384,58, passou ontem para R$ 386,71. A conta é de pesquisa semanal da Fundação Procon feita, em parceria com o Dieese, em supermercados da Região Metropolitana de São Paulo. Ainda de acordo com o levantamento, 16 produtos tiveram alta, contra 14 quedas.

A cesta básica considerada pelo Procon inclui alguns itens que não foram contemplados pelo governo. Mesmo destacando esses produtos da conta, o resultado continua sendo de aumento: de R$ 99,13, de quinta-feira passada, para os atuais R$ 99,69, variação de 0,56%. Para efeito de comparação, nos primeiros sete dias de março (portanto, antes do anúncio da desoneração) o preço médio da cesta havia caído 0,41%, na comparação com a última semana de fevereiro.

Entre os itens que tiveram corte de impostos e subiram estão farinha de mandioca, leite, macarrão, biscoito e batata, com altas de até 15,9%.

A desoneração de tributos federais foi anunciada pela presidente Dilma Rousseff na última sexta-feira. O objetivo era reduzir o preço da cesta básica em 12%. Já na segunda-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, convocou para reunião em Brasília os principais empresários e representantes do setor de supermercados e comércio e cobrou "repasse imediato" ao consumidor dos menores impostos. Participaram do encontro representantes de redes como Pão de Açúcar, Carrefour, WalMart e BR Foods.

Na Ao final da reunião, Fernando Yamada, presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), divulgou nota afirmando que o setor responderia "positivamente a esta medida de combate à inflação". No mesmo texto, João Galassi, da Associação Paulista de Supermercado (Apas), disse que a redução de impostos era "um pleito" do setor e garantiu que "a partir de agora, os repasses dos produtos ao consumidor serão de 100% com base nos repasses da indústria". Procurados ontem, nem Abras nem Apas quiseram se pronunciar.

Repasse deve ser de um terço do desconto

Quarta-feira, entidades industriais comentaram a desoneração e não mostraram otimismo sobre o repasse de descontos. A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) que, por meio de nota enviada à Apas, disse que não poderia reduzir preços dos produtos. "Tendo sido cancelado o crédito presumido de 7,4%, concedido pelo governo para a indústria na desoneração prevista na MP 609, fica a indústria do café impossibilitada de assumir aumentos de custos resultantes da diferença com o PIS/Cofins de saída, igual a 9,25%, sob pena de prejuízos", dizia a nota.

Ontem, a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) divulgou que "os cálculos de impacto sobre os preços dos produtos desonerados são complexos, pois envolvem particularidades tributárias dentro das diversas cadeias produtivas" e completou que "ainda não é possível apresentar os percentuais de redução dos preços da indústria ao varejo".

"O Ministério da Fazenda e a indústria têm se reunido diariamente, desde a última segunda-feira, para dirimir dúvidas sobre a operacionalidade das medidas que desoneraram a cesta básica e, assim, compreender a redução real dos preços da indústria", completa a Abia.

Para consultores de varejo, os menores impostos só serão sentidos pelo consumidor a partir da primeira semana de abril. Mas a expectativa não é de repasse total. Será de um terço ou, no máximo, três quartos do total do desconto.

- Os estoques de produtos da cesta básica giram rápido, em 20 dias. Os preços menores começarão a ser sentidos na primeira semana de abril. Mas não será uma explosão de descontos - explicou Nelson Barrizzelli, economista especialista em varejo e professor da FEA/USP.

Para o diretor da consultoria Mixxer, Eugênio Foganholo, o preço menor será sentido mais em mercados focados no público de menor renda.

- O pequeno varejista repassa o desconto porque o cliente compra itens da cesta básica. Nos supermercados sofisticados, a procura é por outros produtos e parte da desoneração pode tornar-se margem de lucro.

Fonte: O Globo

Governo força ‘maquiagem’ no IDH

Órgão das Nações Unidas divulga que Brasil ficou em 85º lugar no ranking de desenvolvimento humano (IDH), mas, pressionado pelo governo, faz cálculo "informal" em que país subiria 16 posições.

Brasil fica estagnado na 85ª posição do IDH

Indicador de bem-estar mantém o país no grupo do desenvolvimento elevado. Pnud elogia avanços

Lucianne Carneiro, Martha Beck e Nice de Paula

RETRATOS DO BRASIL

RIO e BRASÍLIA - O ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 2012 mostra o retrato de um Brasil estagnado. O país manteve a mesma 85ª posição registrada em 2011, de um total de 187 nações, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O indicador que apura o bem-estar das populações avançou de 0,728 para 0,730, uma alta de 0,27%, o que mantém o Brasil no grupo dos países de desenvolvimento elevado. Porém, pressionado pelo governo brasileiro, que alegou que as estatísticas usadas estavam defasadas, o organismo da ONU recalculou, pela primeira vez, o IDH do Brasil. A nova conta foi divulgada ontem mesmo, durante o lançamento do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) 2013, mas, segundo o Pnud, é apenas um exercício informal.

Pelo cálculo, o IDH do Brasil passaria para 0,754. O país estaria no mesmo nível do Cazaquistão, com IDH de 0,754, que ocupa o 69º lugar no ranking. Seria avanço de 16 posições, se as demais nações ficassem nas mesmas condições. Mas o Pnud esclarece que não há qualquer alteração oficial no ranking, porque não foram recalculados os índices dos outros países.

A maior diferença seria na expectativa de anos de estudo. O IDH oficial considera que os brasileiros que entram na escola hoje terão, em média, 14,2 anos de escolaridade no futuro, com base em estatísticas de 2005. Com as contas refeitas, a projeção de escolaridade salta para 15,7 anos - a mesma escolaridade projetada para a Suíça.

Em seu relatório, o Pnud faz uma série de elogios ao Brasil e o inclui no grupo de 15 países que mais avançaram no IDH desde 1990. Entre estes, Brasil, Argélia e México foram os que avançaram, graças principalmente a ganhos e saúde e educação, e menos devido ao aumento da renda. O Brasil é apresentado como exemplo bem-sucedido de desenvolvimento econômico com redução da pobreza e da desigualdade, e há citações de iniciativas como o Plano Real, o Bolsa Família e o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).

Apesar da melhora recente na distribuição de renda no país, se o IDH do Brasil fosse ajustado pela desigualdade do país, sua posição no ranking cairia para a 97ª, mostra o relatório.

A educação - que mostrou avanços expressivos nos anos 90 e no início da década de 2000 - foi um dos principais fatores a segurar o desenvolvimento humano brasileiro recentemente.

- O Brasil já esteve em 73º lugar no ranking de IDH, em 2010, e agora está em 85º. A distância do primeiro lugar hoje é maior do que já foi. Efetivamente, a situação do Brasil no ranking do IDH piorou - afirma o professor da Universidade de Cambridge e da UFRGS, Flávio Comim. - A educação é a imagem mais forte da parada, mas a renda não se mexe muito, e a expectativa de vida também não.

O governo brasileiro reclama do fato de o IDH relativo a 2012 ter sido calculado com dados defasados em até sete anos. O indicador que mais prejudicou o Brasil no IDH, por exemplo, foi o relativo aos anos de escolaridade esperados. Ele mostra quanto tempo um país consegue manter uma criança na escola. O Pnud fez a conta oficial usando média de 14,2 anos, registrada em 2005. Já a conta informal foi feita com dados do Censo de 2010, o que elevou a média para 15,7 anos. A média de anos de escolaridade saltou de 7,2 anos da conta oficial para 7,4 anos na atualizada. A expectativa de vida - indicador de saúde para o IDH - subiu de 73,8 anos para 74,1 anos, e o indicador de renda, de US$ 10.152 para US$ 11.547.

Segundo o representante do Pnud no Brasil, Jorge Chediek, o cálculo do IDH traz informações defasadas de diversos países. Ele explicou que cada um tem formas diferentes de computar dados, o que torna difícil a uniformização para o cálculo do IDH. Por isso, o Pnud se baseia em informações reunidas pela Unesco (no caso da educação), Banco Mundial (renda) e Divisão de População da ONU (saúde).

- O Brasil tem dados mais atualizados, tem o IBGE, mas a maioria dos países não tem o mesmo padrão e a mesma frequência de compilação (de informações). Então, o Pnud tem de utilizar dados mais antigos. O governo brasileiro está ciente dessas limitações - disse Chediek, adiantando que não haverá mudanças no relatório.

Sobre os avanços em desenvolvimento no Brasil, ele lembra que, em 1980, metade dos brasileiros maiores de 25 anos tinha menos de três anos de escolaridade. Hoje são sete anos.

Apesar dos avanços, há desafios como o abandono de estudos,. Como o caso de Zelia Alves. Empregada doméstica e moradora de São Gonçalo, ela voltou a estudar este ano.
- É muito cansativo. Trabalho no Flamengo, vou para a escola e só chego em casa meia-noite. Mas estou tentando realizar um sonho que não consegui quando deveria - diz Zelia, que havia parado de estudar no Ensino Fundamental.

Colega de turma de Zelia, Rosana Brito, moradora da Rocinha, diz que voltar a estudar "é uma grande chance, mas é muito complicado".

Fonte: O Globo

BC alerta para inflação elevada e disseminada

Ata da reunião do Copom, porém, mostra ambiguidade sobre nova alta da taxa de juros

Gabriela Valente, João Sorima Neto

BRASÍLIA e SÃO PAULO - Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, o Banco Central alertou para a inflação disseminada que persiste em patamares altos e disse que esse pode não ser um "fenômeno temporário". Por isso, a política de juros tem de ser "administrada com cautela". Tanto nas previsões do BC quanto nas do mercado, a inflação está acima da meta de 4,5% neste ano e em 2014. Mas, na ata, os diretores do Copom também apontam vários fatores que favorecem um recuo da inflação. Os economistas consideraram a ata ambígua e já têm dúvidas sobre se os juros subirão no mês que vem.

"O Copom avalia que a maior dispersão recentemente observada de aumentos de preços ao consumidor, pressões sazonais e pressões localizadas no segmento de transportes, entre outros fatores, contribuem para que a inflação mostre resistência", afirma a ata. "Embora essa dinâmica desfavorável possa não representar um fenômeno temporário, mas uma eventual acomodação da inflação em patamar mais elevado, o Comitê pondera que incertezas remanescentes - de origem externa e interna - cercam o cenário prospectivo e recomendam que a política monetária deva ser administrada com cautela".

Na semana passada, o BC manteve, por unanimidade, a taxa básica de juros (Selic) em 7,25% ao ano. Mas deixou a porta aberta para uma alta em abril.

Na ata, o Copom ressaltou pontos positivos para a inflação, como a projeção de um recuo de aproximadamente 15% na tarifa residencial e energia. E a expectativa de aumento de preços administrados caiu de 3% para 2,7% este ano.

Juros futuros recuam

O economista Sergio Vale , da MB Associados, aposta que o Copom não subirá os juros no mês que vem.

- A ata ficou em cima do muro - afirmou. - Há uma ambiguidade na visão do banco que não havia no passado.

Para o economista-chefe da corretora Gradual, André Perfeito, o BC não cravou que elevará os juros:

- O conjunto da ata me pareceu mais para a estabilidade e acomodação da inflação. O BC pode ter apenas admitido que a inflação está num patamar mais alto para retomar a credibilidade com o mercado.

Os contratos de juros futuros recuaram após a divulgação da ata do Copom. Na BM&F, o contrato futuro de juros com vencimento em julho de 2013 recou de 7,28% para 7,18%. O DI para janeiro de 2014 foi de 7,96% para 7,84%, e o de janeiro de 2015, de 8,70% para 8,62%.

- A ata sinaliza que o governo não deverá subir o juro em abril - disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco WestLB, acrescentando que o governo quer esperar os efeitos da desoneração da cesta básica

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), fechou em queda de 0,18% aos 57.281 pontos. Já o dólar avançou 0,20% frente ao real, para R$ 1,975 na venda.

Fonte: O Globo

Regulando o apetite dos aliados

Enquanto partidos da base cobram cargos nas agências reguladoras, Dilma congela indicações

Chico de Gois, Maria Lima

BRASÍLIA - Com a reforma ministerial praticamente fechada, partidos da base do governo se preparam para mostrar as garras e brigar por outros espaços, sobretudo nas agências reguladoras. Com o mapa da mina na mão, os aliados já identificaram pelo menos 21 cargos que já estão vagos ou assim ficarão até o final do ano. Mas a presidente, que tem uma predileção por indicações técnicas em detrimento das puramente políticas, tem retardado a escolha de integrantes dessas agências.

Dos 46 cargos disponíveis em dez agências, há cinco diretorias vagas; seis estão ocupadas por diretores interinos - alguns há quase um ano - e dez têm mandatos que vencem até o final de 2013. Ou seja: 45% dos cargos estão passíveis de indicações, o que só aguça os interesses partidários, sobretudo daqueles que não terão o espaço desejado no primeiro escalão do governo.

O PMDB, por exemplo, quer indicar o substituto de Nelson Hubner, que deixou nesta semana a diretoria-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A intenção do partido é ampliar seu controle sobre o setor energético, que tem obras milionárias sendo tocadas - os peemedebistas já ocupam o Ministério de Minas e Energia, com Edison Lobão (MA), e estão no comando de algumas centrais elétricas.

O PT está de olho na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), interessado num cargo que deverá ficar vago no mês que vem, ocupado interinamente pelo ex-ministro dos Portos, o cearense Pedro Brito, ligado aos irmãos Cid e Ciro Gomes, do PSB.

Um dos líderes da base no Senado conta que, desde que a presidente sofreu derrota imposta pelos senadores, com a rejeição ano passado de Bernardo Figueiredo para diretoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), ela ficou com raiva. A partir de então, ao invés de indicar nomes para serem sabatinados e aprovados, resolveu pôr em postos-chave das agências funcionários sem mandato e sem delegação para assinar e despachar como diretores.

Esse líder contabiliza 16 vagas em aberto e lembra que, nos últimos meses, a presidente só enviou dois nomes, indicados pelo PT, para serem sabatinados: Ivo Bucareste, para a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), e Leandro Reis para a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Nomes ainda não apreciados pelos senadores, que estão fazendo "corpo mole". A prática atual da presidente tem irritado os aliados, alerta o líder, preferindo ficar no anonimato:

- Tem agências funcionando com apenas dois diretores, resolvendo tudo de saúde pública e resolvendo que remédio entra ou não no Brasil. Só tem uma agência completa, a Aneel, o resto está nessa situação. Tem funcionário há mais de nove meses respondendo e assinado como diretor, sem o aval do Senado - disse o aliado, ressaltando: - Isso é ilegal. Dirigentes de agências têm que ser sabatinados e aprovados pelo Senado. Mas isso é muito cômodo para a presidente Dilma. As agências viraram secretarias pessoais da presidente. Ficou confortável para ela, que ficou zangada com a derrota de Bernardo Figueiredo. Agora, ela não precisa do Congresso.

Ao mesmo tempo em que ignora, pelo menos por enquanto, os desejos dos políticos nessa área, a presidente tenta mudar o perfil das agências. Irritada com o que considera ineficiência das agências, Dilma pretende dar-lhes mais poder, mas, também, cobrar resultados e estabelecer metas que beneficiem a população e não as empresas prestadoras de serviço. Essa determinação de Dilma já foi seguida no caso das empresas de telefonia, que foram multadas, proibidas de vender novas assinaturas por alguns dias até que apresentassem planos mais consistentes e reais de investimentos e melhorias.

Nesse sentido - de fortalecer as agências, mas exigir delas a contrapartida em benefício do consumidor -, a chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, confirmou ontem que foi por determinação da presidente que o governo pediu para retirar da pauta do Congresso o projeto de lei 3.337/2004, enviado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Esse projeto tinha objetivo contrário à nova visão do governo: pretendia, entre outras coisas, tirar das agências e transferir aos ministérios a decisão sobre outorga de serviços, o poder de autorizar concessões.

- A mensagem que a presidente enviou para retirar o projeto deixa claro que ela quer fortalecer o papel das agências e fixar metas para elas - disse Gleisi, ontem.

Projeto fortalece papel do senado

O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), cobrou do governo o envio de um outro projeto, que restabeleça, em sua opinião, a importância e autonomia das agências - elas foram criadas no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

- Esperamos que o governo envie um projeto de lei de melhor qualidade e que haja ampla discussão no Congresso, dada a importância das agências. É o mínimo que esperamos. Nesses dez anos de gestão petista, essas agências foram desvirtuadas - afirmou o tucano.

Apesar de não concordar com os adjetivos da oposição, os petistas também defendem um novo papel para as agências. O senador Walter Pinheiro (PT-BA), por exemplo, é autor de uma proposta de emenda constitucional (PEC), que deverá ser votada na semana que vem no plenário do Senado. Essa PEC dá aos senadores poderes para convocar os dirigentes das agências para prestar contas de sua gestão uma vez por ano. Está em discussão, inclusive, uma emenda para incluir o chamado "voto de destituição" - hoje, depois de aprovados pelo Senado, os dirigentes ficam praticamente imunes durante os quatro anos de mandato.

- Hoje, a gente pode convocar ministro e não pode convocar dirigentes de agências reguladoras para prestar contas. A presidente Dilma sequer pode demitir imediatamente os irmãos Paulo e Rubens Vieira, da ANA (agência de Águas) e Anac (Aviação Civil), flagrados em desvio de conduta. Essa PEC vai permitir que o Senado possa exercer seu papel fiscalizador, de acompanhar a atuação desses dirigentes em defesa da população - justificou Walter Pinheiro.

O senador Jorge Viana (PT-AC), vice-presidente do Senado, disse que, além dessa PEC, o governo tem que enviar ao Congresso outros projetos:

- A validade dessas agências já venceu. Temos que ter um olhar diferente para essas agências, que são fundamentais para a prestação de serviços em áreas estratégicas, de forma eficiente. Foram criadas lá no inicio da década de 90, temos que trazê-las para o Brasil de hoje.

Fonte: O Globo

Com Afif quase ministro, Kassab agora diz que posto não é da cota do PSD

Ex-prefeito afirma que partido é "independente", mas apoia reeleição de Dilma

Germano Oliveira

SÃO PAULO - O presidente nacional do PSD e ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, contou ter dito à presidente Dilma Rousseff, em jantar anteontem à noite em Brasília, que seu partido não vai apoiar o atual governo no Congresso e que não deseja a política do toma lá dá cá. Portanto, o PSD não quer ministério algum. E informou que, se a presidente indicar o empresário Guilherme Afif Domingos para a Secretaria da Pequena e Média Empresa, o fará em sua cota pessoal. Garantiu, no entanto, que o PSD já decidiu apoiá-la na sua disputa pelo reeleição em 2014. Só então, o partido governará junto e aceitará ministérios.

- Vamos ficar independentes até 2014. O PSD não quer participar do atual governo. Não participamos da campanha e não ajudamos a eleger a presidente. Portanto, não queremos ministério algum agora, porque não apoiamos a política do toma lá dá cá - disse Kassab ao GLOBO ontem, após o jantar com Dilma, do qual participou ainda o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD).

Segundo Kassab, o fato de o PSD não participar da atual base aliada não significa que será oposição a Dilma.

- Poderemos até votar com o governo naquilo que o parlamentar entender que será bom para o país, mas sem o compromisso de ser da base de apoio no Congresso. A decisão fechada é mesmo a de independência. Por isso, não queremos ministério agora e não desejamos participar do atual governo - disse Kassab.

Por isso, diz ele, se Dilma escolher Afif Domingos para ser o secretário da Pequena e Média Empresa, com status de ministério, não o será dentro da cota do partido.

- O Afif é uma referência em matéria de pequena e média empresa. Isso foi no governo Sarney, foi no governo Collor; no governo de Fernando Henrique ele foi até do Sebrae. Sempre que Lula queria algo no setor da microempresa, falava com Afif. Então, nomear Afif não está dentro da cota do PSD - disse Kassab, negando que o partido esteja fazendo chantagem para aumentar o cacife e ter mais ministérios já.

O próprio Kassab já foi cotado para ser ministro:

- Nunca passou pela minha cabeça ser ministro de Dilma agora.

Ele disse ter dado garantias à presidente de que o partido vai apoiar sua reeleição:

- A maioria do partido quer reeleger Dilma. Essa tendência é irreversível. Aí sim, vamos trabalhar juntos e ter ministérios depois de 2014.

O ex-prefeito negou que possa vir a apoiar uma eventual candidatura à Presidência do governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos. Isso porque Campos estaria muito próximo do ex-governador José Serra (PSDB), que poderá apoiar o governador pernambucano por estar insatisfeito com a candidatura do senador tucano Aécio Neves (MG) à Presidência. Serra foi o mentor político de Kassab, que sempre confessou dever muito a Serra. Logo que criou o PSD, em 2012, comentou-se que o novo partido poderia se fundir ao PSB de Campos, formando-se uma terceira via, além de PT e PSDB.

- Não tem nada disso. A tendência é caminharmos com Dilma. Não tem Eduardo Campos nesse projeto - garantiu Kassab.

O ex-prefeito anunciou ainda que será candidato a governador de São Paulo em 2014 e, assim, Dilma poderá ter mais um palanque, já que o PT deverá ter candidato.

- Acho até que ela terá três palanques em São Paulo, porque o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, do PMDB. também já disse que será candidato a governador. Não tem problema algum. No segundo turno, todos nós nos entenderemos - disse Kassab.

Fonte: O Globo

O jogo alto de Kassab

Ex-prefeito de São Paulo descarta ingressar na Esplanada antes da eleição de 2014, mas aliados avaliam que se trata de um lance do PSD para conseguir dois ministérios

Karla Correia, Denise Rothenburg

Mirando muito acima do que o Palácio do Planalto tem a oferecer de espaço para o PSD na Esplanada, o presidente do partido, Gilberto Kassab, disse à presidente Dilma Rousseff que a legenda não vai integrar o governo antes da eleição de 2014. Dessa forma, Kassab “recusou” uma pasta no corpo ministerial de Dilma e afirmou que o PSD não entrará na reforma ministerial desenhada pela presidente desde o fim do ano passado.

Isso é o discurso oficial. A mensagem passada pelo ex-prefeito de São Paulo, o negociador pragmático que empenhou seu apoio ao tucano José Serra na corrida pela prefeitura da capital paulista ao mesmo tempo que construiu pontes em direção ao petista Fernando Haddad, foi que, se a presidente mantiver a intenção de chamar seu correligionário Guilherme Afif Domingos para a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, estará dentro da “cota pessoal” de ministros de Dilma. Não será, “de forma alguma”, o atendimento a uma demanda do PSD.

“É claro que não há a menor hipótese de ela convidar o Afif e ele não aceitar”, observa um integrante da cúpula do partido, deixando clara a estratégia do PSD. No jantar com a presidente Dilma, na noite da quarta-feira, Kassab afirmou que manterá o apoio da bancada ao governo nas votações no Congresso. Da mesma forma, continua com planos de integrar formalmente a aliança em torno da candidatura de Dilma à reeleição, no ano que vem, incluindo aí a sua fatia no horário eleitoral gratuito de rádio e tevê.

“Só a partir de 2014 fará sentido que o PSD participe da base de sustentação do governo”, disse Kassab a interlocutores do partido ontem pela manhã, ao fazer seu relato do jantar com a presidente. Sem vincular o provável convite a Afif ao atendimento de uma demanda do partido, o PSD não só se cacifa para uma segunda pasta como mantém a liberdade para mudar de rumo e acenar com o apoio a um eventual adversário de Dilma em 2014.

Nova pasta

Entre os aliados que se engalfinham por mais espaço na Esplanada, a posição de Kassab foi entendida como uma jogada ensaiada da legenda por uma segunda pasta. A oferta do Planalto seria o comando da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, mais uma vice-presidência na Caixa Econômica Federal — a de Governo ou a de Habitação. É pouco, na avaliação do PSD, que ambiciona o Ministério da Agricultura, já prometido ao PMDB mineiro, ou a Secretaria de Aviação Civil, também ambicionada pelo PMDB e pelo PR. O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (Cbic) e presidente do PSD de Minas Gerais, Paulo Safady Simão, seria o segundo nome da legenda.

Apesar da negativa de Kassab, o Planalto mantém a possibilidade de acomodação do PSD na base governista nos cálculos para a reforma ministerial. A expectativa é que os primeiros anúncios de mudanças no primeiro escalão sejam feitos até segunda-feira, antes de a presidente viajar para o Vaticano, onde assistirá à missa de investidura do papa Francisco.

Por outro lado, o posicionamento do PSD abriu para o governo a possibilidade de destinar a Secretaria da Micro e Pequena Empresa ao PR, varrido do Ministério dos Transportes em 2011 e ávido para voltar a figurar no primeiro escalão. A pasta continua sendo o alvo preferencial do partido, que, contudo, negocia uma alternativa incluindo diretorias subordinadas ao Ministério dos Transportes. Nessa equação, o PR ficaria com Micro e Pequena Empresa, criada com status de ministério, mais os comandos do Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit) e da Valec, estatal responsável pelas ferrovias federais.

Outra possibilidade é colocar Micro e Pequena Empresa à disposição do PMDB, o que facilitaria a ampliação do número de ministérios ocupados pela legenda. Além da acomodação do PSD, PMDB e PR, Dilma ainda precisa resolver a situação do PDT no Ministério do Trabalho. O atual comandante da pasta, Brizola Neto, é um nome que agrada a Dilma, mas é também um desafeto do presidente do partido, Carlos Lupi, que trabalha pela substituição dele no cargo. As repetidas demonstrações de “independência” do PDT no Congresso e os acenos da legenda em direção à porta de saída da aliança pela reeleição de Dilma pressionam a presidente a acatar Lupi e demitir Brizola Neto.

Fonte: Correio Braziliense

Definição com o PMDB

A presidente Dilma Rousseff volta a se reunir hoje com o vice-presidente Michel Temer para bater o martelo sobre o quinhão do PMDB na redivisão de postos na Esplanada entre os partidos da base governista.

É a terceira vez que os dois se sentam à mesa na tentativa de conciliar as demandas do principal aliado do PT no governo com as demais legendas da base. Na última terça-feira, Temer deixou o jantar com Dilma no Palácio da Alvorada tendo praticamente acertado a indicação do presidente do PMDB mineiro, Antônio Andrade, para o Ministério da Agricultura.

Na intenção do Palácio do Planalto, o atendimento à bancada de Minas Gerais do PMDB — que há tempos ameaça debandar em direção ao apoio do projeto de candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência da República — seria o ponto de partida da reforma ministerial. O atual comandante da pasta, Mendes Ribeiro, seria direcionado para a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE). Hoje à frente da SAE, Moreira Franco seguiria para a Secretaria de Aviação Civil (SAC).

A SAE, contudo, passou a ser vista pelo governo como uma possibilidade para contemplar os planos expansionistas de outras legendas aliadas. Sem um orçamento significativo para investimentos, a pasta não é vista como uma perda substancial para o PMDB, que aceita abrir mão de seu comando em busca de um consenso com os demais partidos da base. PR ou PSD ficariam com a secretaria.

Entraves

Começam aí os complicadores dentro do PMDB. O problema dessa opção seria o destino de Mendes Ribeiro. Com a secretaria indo para outro partido, restaria ao atual ministro retornar ao seu mandato de deputado federal. O que tiraria a cadeira do deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS), considerado pelo Planalto como um elemento moderador na bancada liderada por Eduardo Cunha (RJ).

A opção por Antonio Andrade para a Agricultura também não agrada na totalidade a ala mineira do partido. O deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), que abriu mão de uma candidatura à prefeitura de Belo Horizonte para apoiar o petista Patrus Ananias, ainda trabalha para ser contemplado com o ministério, em uma espécie de compensação por ter se retirado da disputa em 2012. (KC)

Fonte: Correio Braziliense

Kassab diz que é cedo para compromisso com Dilma

Ex-prefeito dá passo atrás e não garante apoio à reeleição da presidente em 2014

Após meses negociando com o governo, Kassab ganha tempo para observar o cenário e evitar defecções no PSD

Vera Magalhães, Daniela Lima

SÃO PAULO - Após meses negociando a entrada do PSD no governo, o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab disse à presidente Dilma Rousseff que ainda é cedo para se comprometer com o apoio ao governo e à sua reeleição em 2014.

"Eu disse a ela, e a presidente compreendeu, que esta era uma decisão definitiva, oficial, e que reflete o desejo majoritário no partido", afirmou Kassab à Folha na manhã de ontem, ao fazer um relato do jantar que teve com a presidente na quarta-feira.

Nas últimas semanas, o Palácio do Planalto acenou com a possibilidade de entregar à sigla de Kassab o controle de dois ministérios, com o objetivo de assegurar o apoio de suas bancadas no Congresso e seu engajamento na campanha da presidente à reeleição.

Kassab disse a Dilma que continua disposto a apoiá-la, mas decidiu que não fará nenhuma indicação por enquanto. "Não teria sentido integrar o governo agora. Vamos manter nossa independência, mas apoiando o governo em tudo que for bom para o país", afirmou.

Com o gesto, Kassab ganha tempo para observar o cenário político e fica com as mãos livres para eventualmente fazer outras composições, num momento em que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), ameaça romper com o governo para se candidatar à Presidência.

Há dois anos, quando se preparava para lançar o PSD, Kassab e Campos chegaram a discutir a possibilidade de uma fusão com o PSB no futuro. O governador de Pernambuco ajudou a organizar o partido em alguns Estados.

O ex-prefeito nega que o recuo em suas negociações com o governo tenha algo a ver com a provável candidatura presidencial de Campos. "O partido caminha, em sua maioria, para apoiar a presidente em 2014", afirmou Kassab.

Ao recusar-se a indicar nomes do PSD para o ministério, o ex-prefeito deixou uma porta aberta ao dizer a Dilma que o partido não vai se opor se ela quiser nomear alguém filiado à sigla para sua equipe em "caráter pessoal".

A ressalva permite que a presidente mantenha em seus planos o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, que é do PSD e está cotado para assumir a recém-criada Secretaria da Micro e Pequena Empresa.

Nos últimos dias, Dilma chegou a cogitar a possibilidade de indicar um aliado de Kassab para a Secretaria da Aviação Civil, que também tem status de ministério. Com o recuo dele, a pasta deverá ser entregue ao PMDB, o maior dos partidos aliados a Dilma.

O ministro Moreira Franco, que hoje chefia a Secretaria de Assuntos Estratégicos, deve ser transferido para a Aviação Civil. A presidente deve anunciar as mudanças no ministério na próxima semana.

Também contribuiu para o recuo de Kassab a falta de consenso dentro do seu partido. Os dois governadores do PSD, Raimundo Colombo (SC) e Omar Aziz (AM), são contrários à aliança com os petistas.

Há resistências pontuais também nas bancadas no Congresso. Muitos integrantes do PSD saíram de partidos de oposição, e Kassab teme defecções se assumir compromissos com o governo agora.

Colaborou Natuza Nery, de Brasília

Fonte: Folha de S. Paulo

Kassab: PSD não aceita ministérios

O presidente do PSD, Gilberto Kassab, disse que seu partido recusou participação no governo Dilma antes da eleição de 2014 por não ser "adequado" aceitar ministério no momento.

Kassab afirma que PSD não integrará governo até 2014

Ex-prefeito que comanda partido "nem de esquerda nem de direita" diz que, se correligionários ocuparem ministério, será algo "pessoal"

Bruno Boghossian, João Domingos e Vera Rosa

O ex-prefeito de São Paulo e presidente do PSD, Gilberto Kassab, disse ontem que seu partido não vai aderir oficialmente à base de apoio do governo Dilma Rousseff antes da eleição de 2014. 0 político, que afirma não ser "nem de esquerda nem de direita", ressaltou, porém, que se algum correligionário vier a ocupar um ministério de Dilma, será uma decisão pessoal da presidente, sem comprometimento partidário.

Anteontem à noite, Kassab esteve com Dilma no Palácio do Alvorada. De acordo com auxiliares que tiveram acesso ao conteúdo da conversa, ele se recusou a assumir os dois cargos de primeiro escalão já em negociação com o governo: a Secretaria de Micro e Pequena Empresa e a Secretaria de Assuntos Estratégicos.

Ontem, em entrevista ao Estado, Kassab disse ter garantido a Dilma o apoio do PSD à reeleição, mas julgou que não seria "adequado" ocupar ministérios. "Deixei claro que agente não quer participar do governo, é uma decisão do partido. Participar do governo significaria ser da base, mas muita gente no partido não votou na Dilma. Eu, por exemplo, não votei nela", afirmou. "Mas não há problemas de proximidade. Imagina se não está próximo um partido que, espontaneamente, por entender que ela é uma boa presidente, caminha para apoiar sua reeleição."

Kassab ressaltou: "O partido não vai participar do governo, mas ela (Dilma) está livre para convidar quem quiser". Sobre a reunião com a presidente, ele afirmou não ter tratado dos cargos. Auxiliares palacianos, porém, informaram que o ex-prefeito disse que Dilma poderia chamar um integrante da legenda para compor a equipe "em caráter pessoal".

O PSD considera a oferta de dois ministérios periféricos, com pouco orçamento e poder, incompatível com seu tamanho e, por isso, rejeitou um alinhamento automático com o governo.

Juntinho. Ontem, na entrevista, Kassab citou a possibilidade de ocupar cargos num eventual segundo mandato de Dilma: "Quem faz campanha junto governa junto. Não se trata de cargo. Eleição é isso: para você ocupar espaços, precisa de uma delegação do povo para governar".

Kassab afirmou que a postura em relação a cargos não altera a disposição do partido de apoiar, no Congresso, projetos de interesse do governo federal. "Somos independentes, mas, nas votações, estamos votando com ela em quase todas, a favor do progresso do País. Isso não muda."

A recusa do ex-prefeito em aderir ao governo embaralhou a reforma ministerial de Dilma. Ela agora avalia se ainda é conveniente chamar Afif para a Secretaria da Micro e Pequena Empresa. O outro nome do PSD pelo qual Dilma tem simpatia é o do empresário Paulo Simão, presidente do partido em Minas Gerais.

Caso a caso. Ao manter o PSD fora da Esplanada dos Ministérios, ao menos oficialmente, Kassab deixa o partido livre para fechar alianças com candidatos de oposição ao PT nas eleições estaduais de 2014, segundo dirigentes da sigla. Fora da base, o PSD poderia se coligar ao PSDB no Paraná, no Pará e em Goiás (onde já apoia governadores tucanos) ou formar chapas com adversários do PT em Pernambuco e Minas.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Ex-prefeito pretende ser vice de Alckmin

Assim como o PR, de Valdemar Gosta Neto, e o PP, de Paulo Maluf, o PSD, do ex-prefeito Gilberto Kassab, trabalha em duas frentes na disputa de 2014: o alinhamento com o PT na reeleição de Dilma Rousseff, em Brasília, e o reenlace com o PSDB de Geraldo Alckmin, em São Paulo. O discurso público, porém, segue outra lógica, a do despiste: a retórica aponta em uma direção, enquanto a movimentação nos bastidores segue outra.

Ontem, Kassab disse que, antes de 2014, ó PSD não embarcará no governo Dilma. Afirmou também que, se houver um ministério para o partido no curto prazo, será da cota da presidente - o vice-governador Guilherme Afif Domingos, por exemplo, seria uma escolha "pessoal" dela. Dessa maneira, o PSD, que na realidade ficou insatisfeito com as ofertas feitas pela Presidência - o partido chegou a almejar Transportes ou Cidades vende a ideia de que será independente. E tenta, assim, se descolar do estigma da negociata peemedebista, citada pelos líderes do PSD como exemplo a evitar.

Recentemente, o ex-prefeito também passou a dizer que será candidato a governador no ano que vem. Nos bastidores, o partido de Kassab já pediu a vice de Alckmin, com quem o ex-prefeito esteve no final do ano passado em uma conversa de aproximação no Palácio dos Bandeirantes. Kassab quer, assim, reeditar a mesma estratégia de 2004, quando fgi vice de José Serra, caminho que o levou à Prefeitura. Na ocasião, o ex-prefeito também falava que o PFL, seu partido, teria candidato próprio. Mas, nos bastidores, trabalhava pela aliança com o PSDB. "Um dia quero ser vice, mas não agora", afirmou em junho de 2004, três dias antes de ser indicado oficialmente candidato ao cargo pelo PFL.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Kassab assina ficha de partido de Marina

Cristiane Agostine

Marina, em visita ao Mercado Municipal em São Paulo: ex-senadora intensifica agendas de rua para colher apoio

SÃO PAULO - Na ponta dos pés, debruçada em um balcão de alumínio, a ex-senadora Marina Silva estendeu a mão para o vendedor de queijos e embutidos e entregou uma ficha. "Nos ajude. A Heloísa Helena está conosco. Não estou pedindo para que você se filie. Mas precisamos de 500 mil assinaturas e, se você concordar com a criação do partido, nos ajude a lutar", disse, desviando-se do lombinho condimentado e da paleta defumada pendurados. O pedido, repetido na manhã de ontem dezenas de vezes no Mercado da Lapa, na zona Oeste de São Paulo, será intensificado até o meio do ano, quando os apoiadores da ex-senadora tentam obter as assinaturas necessárias para criar o Rede Sustentável.

Os signatários, no entanto, não são buscados só entre populares, mas também entre políticos "nem de centro, nem de direita, nem de esquerda". O grupo de Marina foi atrás, na semana passada, do fundador do PSD, o ex-prefeito Gilberto Kassab, e conseguiu dele uma assinatura para criar o partido.

O gesto, simbólico, mostra uma tentativa de aproximação entre Kassab e Marina com vistas às próximas eleições. Porém, não significa que o ex-prefeito tenha intenção de trocar de legenda. Antes, a ex-senadora já havia se aproximado do governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, que enviou uma carta de apoio no dia do lançamento oficial do Rede, em Brasília.

Em um dia de atividades públicas em São Paulo, Marina passou o dia ao lado do deputado federal Walter Feldman (SP), que não demonstrou constrangimento de ainda estar filiado ao PSDB. "Não tem crise. O PSDB sabe que estou aqui. Estou em uma transição clara", disse. Na visita ao Mercado Municipal Paulistano, no meio da tarde, Marina era anunciada em um megafone por Geraldo Malta, assessor que deve ser nomeado no gabinete de Feldman. No anúncio, era reforçado que a vereadora Heloisa Helena (PSOL) é do Rede.

Malta coordenou a articulação com os evangélicos na campanha de José Serra (PSDB) na disputa pela Prefeitura de São Paulo no ano passado. O assessor disse que o grupo responsável pelo Rede distribuiu 100 mil fichas pela criação da sigla entre igrejas evangélicas de São Paulo, das 150 mil que estão circulando na cidade. "Mas não o partido não tem nada a ver com religião", afirmou. "Buscamos apoio também entre lideranças políticas", disse.

Com calça jeans, camisa azul, blazer preto, tênis e com o tradicional coque nos cabelos, Marina foi vista como celebridade. Tirou fotos, distribuiu beijos e tomou suco de laranja. Muitos sabiam que o rosto era conhecido da televisão, mas não fizeram a associação imediatamente. O comerciante Edison Brunasse não votou em Marina em 2010, mas disseque assinaria a ficha. "Não a conhecia, por isso não votei. Mas o mundo precisa de novas ideias e apoio o partido", disse. O comerciante Fernando Rodrigues conversou com Marina, deu a ela margaridas, mas não se convenceu. "Não assino. Ninguém veio aqui antes. Nem Marina, nem Lula, nem Vilma ", disse, referindo-se à presidente Dilma Rousseff.

Foi a segunda atividade pública que Marina participou para coletar assinaturas - a primeira foi em Brasília. Hoje, Marina segue para Araraquara, no interior paulista e no fim de semana irá para o Rio de Janeiro.

Segundo balanço parcial informado pelo deputado Feldman, o grupo já conseguiu cerca de 50 mil assinaturas, 10% do necessário.

Ao lado de Feldman e do vereador Ricardo Young (PPS) - articuladores do novo partido -, Marina afirmou ter apoio suprapartidário e citou a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP), o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e o ex-prefeito de Manaus Serafim Corrêa (PSB). Feldman citou os deputados federais Zequinha Sarney (PV-MA) e Dr Ubiali (PSB-SP).

A ex-senadora disse estar preocupada com a tramitação de projeto de lei do deputado Edinho Araújo (PMDB-SP), que quer excluir os novos partidos da divisão da maior parte do fundo partidário e do horário gratuito de rádio e TV. "São dois pesos e duas medidas", disse. Não foi colocada nenhuma cláusula de barreira para partidos recém-criados".

Fonte: Valor Econômico

Serra quer comando para ficar no PSDB

Caio Junqueira

BRASÍLIA - O ex-governador de São Paulo José Serra disse a um interlocutor em sua casa nesta semana que a presidência do PSDB é o único cargo que lhe interessa para continuar no partido e compor com o senador Aécio Neves (MG).

A outro interlocutor não disse isso tão expressamente, mas deixou claro que nem a presidência do Instituto Teotônio Vilela (ITV), o órgão de estudos do partido, nem a secretaria-geral, interessam-lhe. Serra considerou "uma ofensa" o papel secundário que tentam lhe conferir no processo de definições internos. Vai constantemente ao apartamento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para reclamar disso.

E soube que nem esses dois cargos estavam em vista para ele. As articulações atuais apontam para o atual presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), ser deslocado para o ITV. A secretaria-geral irá para um deputado federal. Primeiramente, era para o ex-líder da bancada Duarte Nogueira (SP). Mas o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, indicou Nogueira para a presidência do diretório paulista do partido. O nome mais cotado, então, passou a ser o do também ex-líder e deputado federal Bruno Araújo (PE).

Foi diante dessa composição formulada pelos aecistas para a convenção nacional de maio, e que o excluía da cúpula do partido, que Serra passou a cogitar se lançar presidente do partido. Sob pena de deixá-lo se não for atendido. Como o Valor antecipou na edição do dia 8 de março, serristas intensificaram conversas com interlocutores do governador de Pernambuco, o presidenciável Eduardo Campos (PSB). A ideia é fundir PPS com o PMN e, assim, abrir uma brecha para migrações partidárias. Serra seria um dos nomes desse partido novo, que se coligaria com Campos em 2014.

Preocupado com a situação, Aécio ligou para Serra na quarta-feira e agendou uma conversa entre ambos em São Paulo, nesta segunda-feira. Assim, o senador cuidou de antecipar sua ida a São Paulo, já prevista para o dia 25 de março. Teme sair da capital paulista nesse dia sem o que mais precisa para consolidar sua candidatura: o apoio de Serra.

O problema é que os aecistas não abrem mão da presidência do PSDB. Acham que ela é condição necessária para fazer a candidatura Aécio decolar e, evidentemente, temem pelo protagonismo que Serra pode desempenhar nesse papel, atrapalhando os planos nacionais do mineiro.

Por outro lado, Serra sabe que tem votos e recall suficientes em São Paulo para negociar espaço no partido. E de forma indireta sabe que ganhou um aliado nessa empreitada, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). Com uma reeleição sob risco, Alckmin passou a avaliar a viabilidade de uma candidatura Aécio para sua reeleição. Muitos tucanos do seu círculo avaliam que, para ele, é melhor ter Serra em seu projeto do que Aécio. Daí decorre a demora em anunciar apoio ao mineiro. Mas sua postura teve consequências: foi cobrado diretamente pelos governadores do PSDB nesta semana em Brasília, quando os governadores do país se reuniram para discutir o pacto federativo. Alckmin chegou a ligar para Serra para informar-lhe dessa situação.

Para o governador paulista, porém, quanto mais tempo retardar sua posição, melhor. Alckmin não quer antecipar a sucessão presidencial porque isso prejudica a sua própria reeleição. Não quer entrar em confronto direto com a presidente Dilma Rousseff (PT), nem perder os votos que Serra ainda tenha no Estado. Muito menos romper com o PSB de Eduardo Campos, seu aliado no Estado. Para ele, quanto mais palanques nacionais tiver em São Paulo em 2014, melhor.

FHC tem atuado como bombeiro nesse processo, embora tenha lado: acha que o tempo de Serra já passou e que Aécio precisa se lançar logo. Mas também tem uma avaliação comum com Alckmin e Serra: a de que Aécio pode chegar em 2014, desistir da candidatura presidencial e se lançar ao governo de Minas, outra cidadela tucano sob ameaça do petismo. Trata-se de mais uma avaliação que os paulistas consideram na hora de embaralhar ainda mais a vida de Aécio.

Em mais um sinal claro de que está no jogo, Serra, que esteve ausente do Twitter por 72 dias, voltou a postar mensagens para seus seguidores na noite de quarta-feira, com críticas à desindustrialização do país e ao governo federal. Com pouco mais de 1 milhão de seguidores, o tucano era figura frequente no microblog até ser derrotado na disputa pela Prefeitura de São Paulo em 28 de outubro.

No dia da derrota, escreveu: "Saio desta disputa revigorado e com mais energia do que quando iniciei a campanha. Vamos em frente!". Desde então, Serra estava quieto. O fortalecimento de Aécio trouxe o ex-governador de volta à tona.

(Colaborou Raphael Di Cunto, de São Paulo)

Fonte: Valor Econômico

No RJ, Eduardo volta a bater na economia

Em evento com empresários, governador critica desempenho da economia, fala em "união dos brasileiros" para vencer os desafios, mas deixa de lado a polêmica dos royalties

RIO - Em discurso na Confederação Nacional do Comércio (CNC), o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, fez ontem, críticas ao desempenho da economia brasileira e à falta de interesse político para resolver questões relativas ao setor terciário no País. Sem condenar, explicitamente, a política econômica da presidente Dilma Rousseff, Campos afirmou que "é preciso unir os brasileiros" para discutir como agir para a economia voltar a crescer em todos os setores."Temos o desafio de pensar o Brasil estrategicamente, tivemos um 2011 pior que 2010 e um 2012 pior que 2011. Os Estados Unidos sofreram com a crise financeira de 2008 e cresceram mais do que o dobro que o Brasil no ano passado", afirmou. Ele falou por cerca de dez minutos e foi muito aplaudido pela plateia, formada por empresários do segmento de comércio e serviços. Entre as mesas, comentava-se a possível candidatura de Campos a presidente. O governador evitou, no entanto, na fala, entrar em temas mais polêmicos, como a questão dos royalties do petróleo.

Apontado como principal articulador da alteração da lei que redistribui as importâncias pagas pelas compensações da exploração do petróleo, Campos tenta um acordo entre Estados produtores e não produtores. Rio e Espírito Santo anunciaram que entrarão no Supremo Tribunal Federal (STF) com ações para derrubar as mudanças no pagamento, pois alegam que foram prejudicados.

Campos negou que sua nova proposta seja eleitoreira (ver matéria abaixo). Mas o vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), afirmou que a proposta de nova negociação pela redistribuição dos royalties é tardia. Ele afirmou que o Estado vai levar a questão ao STF.

"É lamentável que a proposta venha agora que os vetos já foram derrubados. A gente tem certeza que nosso direito é forte", disse Pezão. Para ele, a negociação tem poucas chances de prosperar, já que o veto da presidente, que impedia as mudanças na distribuição dos royalties, foi derrubado pelo Congresso Nacional.

O Estado decidiu questionar no Supremo toda a lei que trata da redistribuição de royalties, e não apenas os pontos que se referem aos blocos já licitados. Para Pezão, a iniciativa de Campos é resultado do temor de uma derrota no STF.

"Acho que eles estão vendo o erro que foi cometido. O governador Sérgio Cabral (PMDB) desde o primeiro momento se colocou à disposição para negociar, de ceder o futuro. Mas sempre colocando que se mexer na nossa receita atual era impossível ter entendimento", declarou.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Marina roda o País para criar partido

SÃO PAULO - A ex-senadora Marina Silva disse ontem que vai rodar o País atrás de assinaturas para criar o seu novo partido político, batizado de Rede Sustentabilidade. Ontem pela manhã, Marina esteve no Mercado da Lapa, zona oeste de São Paulo, onde conversou com feirantes e participou de um mutirão de coleta de apoios."Esta é a segunda atividade que eu participo, a primeira foi em Brasília. A partir de agora vamos andar o Brasil inteiro", afirmou. Hoje, a ex-ministra do Meio Ambiente vai a Araraquara, a 270 quilômetros da capital, e, no fim de semana, ela estará no Rio de Janeiro.

Marina, no entanto, disse que ainda não há um levantamento de quantas assinaturas o movimento já conseguiu até aqui, pois o processo está apenas no início. A Rede foi lançada no último dia 16 de fevereiro e tem até setembro para conseguir as mais de 500 mil assinaturas de apoio que a Justiça Eleitoral exige para a criação de uma nova sigla.

O deputado Walter Feldman (PSDB) e o vereador Ricardo Young (PPS), que já anunciaram que vão deixar os seus partidos para integrar a Rede, também participaram do mutirão ao lado de Marina. Segundo Feldman, a mobilização deles não causa constrangimento dentro das atuais legendas e, para Young, até contribui para trazer o tema "sustentabilidade" para o debate nas demais siglas.

Eleição

Cotada como um das candidatas à Presidência da República em 2014, depois de ter conquistado quase 20 milhões de votos nas eleições passadas, Marina criticou o clima de campanha criado nas últimas semanas pelo PT e PSDB e disse que a Rede não vai participar desse processo de antecipação.

"Nós acabamos de ter uma eleição para prefeito e já anteciparam a eleição para presidente da República. Eu acho que a gente tem que ganhar mais tempo discutindo as propostas, as ideias, do que apenas discutir a engenharia eleitoral. Neste momento nós estamos focados em discutir o programa que teremos e não estamos participando dessa antecipação", afirmou.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

O veto faz de conta- Stepan Nercessian

Lembrança recente, de águas rasas.O então presidente Lula garante que Rio não perderá royalties do Petróleo. É tempo de eleição. Dilma Rousseff vence e o Rio de Janeiro lhe dá expressiva votação. Nova ameaça e o Veta Dilma toma conta da cidade. Covardia Não. O povo se mobiliza. Passeatas, palanques, adesivos e slogans. Dilma, a heroína veta. Diz não a inconstitucionalidade. Diz não a quebra de contratos ao ultraje jurídico. Dilma é fiel ao Rio e à promessa de Lula. Dilma faz a parte que lhe cabe neste latifúndio. Lava as mãos tal qual Lula sujou as dele com o ouro negro da discórdia. O Rio vibra e Cabral segue em Paes sua travessia olímpica a passos largos que só um Pezão pode alcançar.

Vem à apreciação do Veto presidencial para o Congresso e revela-se que o Veta Dilma era uma ficção. O Veto de Dilma era um faz de conta. Faz de conta que eu veto e vocês derrubam.

A tribuna do Governo ficou vazia. Nem líder, nem PT, nem base aliada. A plataforma ficou vazia, virou um petroleiro fantasma, encalhado na desfaçatez de uma farsa. De duas uma: ou veto não era mesmo pra valer ou a Presidente perdeu toda sua sustentação parlamentar. Os vetos ao projeto não eram obra do Espírito Santo, do Rio ou SP. Eram vetos da Presidente da República. Fundamentados na Constituição Brasileira. Gesto e vontade da primeira mandatária e assim deveriam ser tratados. Um elefante no plenário que os aliados do Governo e o próprio governo resolveu ignorar. Subiam no elefante, brincavam com sua tromba mas negavam sua existência. Nunca antes na história desse parlamento uma mensagem do governo foi tão imoralmente ignorada como essa. O senador Renan Calheiros chegou ao cenário com a empáfia dos xerifes do velho oeste. Respaldado estava para agir com tamanha indelicadeza. Um dia antes, Dilma deixou claro que sua participação nessa novela havia terminado com o capítulo do veto. Dali por diante, cada um que prospectasse suas próprias jazidas.

O bom senso, equilíbrio e espírito republicano já haviam se ausentado do plenário e o que se enxergava era o caminho do caos, da discórdia. Um grito de guerra ufanista e fundamentalista dos pobres irmãos contra os perdulários Rio e Espírito Santo. Aí Renan nadou de braçada. Como é fácil dar razão à maioria. Como é fácil destruir a minoria.

Hoje, lá vamos nós, deputados e senadores, recorrer ao poder Judiciário já que no Legislativo não podemos mais nada.

O Regimento Interno foi destratado com a mesma sem cerimônia com que tratam a quebra de contrato dos Royalties. Direitos adquiridos são considerados direitos roubados.

Fica aqui a lição para todos nós, para a população e para os governadores, senadores e deputados. Mas principalmente para quem vive na política: é preciso ter muito cuidado com promessas de políticos. Principalmente promessas feitas em tempo de eleição. Muitas vezes é só um faz de conta.

Stepan Nercessian é deputado federal eleito pelo PPS do Rio de Janeiro

Fonte: Portal do PPS

Desfaçatez do governo na desoneração da cesta - Roberto Freire

Anunciada pela presidente Dilma Rousseff em cadeia nacional de rádio e televisão, a desoneração dos alimentos da cesta básica é um tema discutido há anos pelo Congresso Nacional. Por meio de uma Medida Provisória, o PIS/Confins foi zerado e, através de um decreto, o mesmo aconteceu com o IPI de todos os produtos que ainda tinham incidência de tributos. Não se trata de discutir a desoneração em si, já que ninguém em sã consciência pode ser contrário a uma medida que alivia o bolso do trabalhador brasileiro. O que se condena na atitude do atual governo é o fato de a própria presidente ter vetado, em setembro do ano passado, uma emenda apresentada pela oposição de conteúdo idêntico ao que agora é colocado em prática. A proposta inicial, aliás, é de autoria de parlamentares do próprio PT, que apresentaram um projeto de lei ainda em fevereiro de 2012, mas foram dissuadidos pelo governo, interessado em arrecadar com os impostos federais.

Diante disso, o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE) propôs a inclusão de emenda na Medida Provisória 563, que tratava do Plano Brasil Maior e previa a retirada dos impostos dos produtos da cesta. Aprovada pela Câmara e pelo Senado, a medida foi encaminhada para a sanção presidencial, mas acabou vetada por Dilma. Ao barrar uma proposta de um parlamentar da oposição e, seis meses depois, anunciá-la em rede nacional como iniciativa de seu governo, Dilma afronta a inteligência dos brasileiros e escancara mais uma vez o já tradicional desrespeito do PT ao Parlamento. A desfaçatez com que a presidente encampa hoje uma medida que ela mesma vetara há alguns meses é tão escandalosa quanto a desonestidade intelectual do ato em si, pois Dilma nem sequer teve a grandeza de ao menos citar o verdadeiro autor ou os autores da iniciativa.

A luta pela desoneração da cesta básica é antiga e sempre encontrou resistência dos governos de turno por conta do impacto da redução nos cofres da União. O Congresso se debruçava sobre o assunto há muitos anos, assim como já fizera no debate que tratava dos impostos que o cidadão paga ao comprar remédios, por exemplo. Essas discussões culminaram na introdução dos medicamentos genéricos no país, ideia do ex-deputado Jamil Haddad (PSB), já falecido, concretizada por José Serra durante sua gestão como ministro da Saúde. Poucos dias antes de anunciar a desoneração, Dilma admitiu publicamente que poderia “fazer o diabo quando é a hora da eleição”.

Com a antecipação da disputa eleitoral deflagrada pelo ex-presidente Lula ao lançar a candidatura da sucessora para 2014, fica claro que o governo do PT já ocupa o centro do ringue e não vê limites para afrontar os adversários, muito menos tem qualquer preocupação com o decoro republicano. A licença para “fazer o diabo” inclui a apropriação indébita de uma proposta alheia e seu anúncio à população de forma oportunista, com estardalhaço, valendo- se dos canais de comunicação da Presidência da República para fazer campanha antecipada. O corte de tributos da cesta básica, uma medida salutar e que merece o apoio de todos, é apenas o pano de fundo que esconde o interesse eleitoral mais rasteiro.

Deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

Fonte: Brasil Econômico

Diálogos decisivos - Merval Pereira

Embora tenha sido antecipada exoticamente pelo próprio governo, contra todas as melhores regras da tradição política, a sucessão presidencial ainda está num estágio incipiente para os principais candidatos a adversários da presidente Dilma Rousseff. Enquanto a ex-senadora Marina Silva está em plena luta para criar uma sigla que possa chamar de sua, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e o senador mineiro Aécio Neves tentam se organizar dentro de seus próprios terrenos para, a partir daí, jogarem-se mais seguramente na tentativa de vencer a máquina governamental, que já está funcionando a toda.

Recentemente, os dois tiveram conversas fundamentais para aplainar o terreno que pisarão dentro em pouco. Aécio deve assumir a presidência do PSDB em maio, e a partir daí intensificará suas viagens pelo país, mesmo que não assuma formalmente a candidatura. Campos marcou setembro como a data para anunciar sua decisão e está em campo para avaliar as possibilidades concretas de levar seu plano adiante.

Dentro do PSDB, a única e grande pedra no sapato de Aécio continua sendo a união do grupo paulista que até hoje indicou todos os candidatos a presidente da República do partido, começando pelo ex-senador Mario Covas, seguindo por Fernando Henrique, vitorioso duas vezes, José Serra, duas vezes, e o governador paulista, Geraldo Alckmin. Dependente do apoio paulista, o mineiro procurou o último para saber seu ânimo diante da disputa que se avizinha.

Foi claro com ele, perguntando diretamente se estava nos seus planos, mesmo que remotamente, disputar a Presidência novamente em 2014. Se a resposta fosse positiva, mesmo que no plano puramente especulativo, Aécio disse a Alckmin que não teria problema em abrir mão da postulação, com uma explicação muito simples ao eleitorado: não consegui unir o partido e devolvo à direção nacional a decisão sobre quem será o candidato. Voltaria a Minas Gerais para provavelmente ser candidato novamente ao governo do estado.

Alckmin teria sido enfático ao recusar tal possibilidade, garantindo a Aécio o apoio integral da seção paulista. O incômodo que Serra estaria sentindo, com relação à direção nacional e até mesmo ao governador paulista, é uma questão a ser superada, mas não impeditiva da união partidária. Na formação da nova direção nacional, Serra será convidado por Aécio a participar, pessoalmente ou através de um representante de seu grupo, mas há a percepção no partido de que não existe a possibilidade de um racha que divida os votos tucanos em São Paulo.

Tanto para o governo quanto para os outros candidatos, sempre haverá um ranço contra o mineiro que tirou do páreo os paulistas, e é nesse espaço que veem a chance de quebrar a hegemonia do PSDB no estado. Já Campos, candidato natural do PSB e sem rivais do partido, teve uma conversa franca com a presidente Dilma Rousseff no Planalto, onde as fichas foram colocadas na mesa.

A presidente tomou a iniciativa de dizer que compreendia o momento do PSB e considerava quase certo que um dia Campos ocuparia o lugar que hoje é dela. Qualquer decisão que viesse a ser tomada, disse Dilma, não interferiria na relação de amizade que nutria em relação a ele e à sua mulher, Renata. Campos admitiu que o partido o estava empurrando para a disputa e pediu que Dilma se considerasse livre para agir da maneira que considerasse melhor em relação à participação do PSB no governo.

Falou sobre o desgaste natural que a permanência por muitos anos de um mesmo grupo político no governo provoca e se disse convencido de que a coalizão PT-PMDB estava esgotada, sem um projeto para o país. Foi claro ao dizer que temia que o PSB fosse tragado pelo fracasso da coalizão governista, mas se colocou sempre crítico ao PT, e não à pessoa da presidente. Advertiu-a de que a popularidade de hoje pode desaparecer. Garantiu que não fazia qualquer movimento com vistas a ocupar a vice-presidência no lugar de Michel Temer, e prometeu comunicá-la assim que se decidir.

Dentro do governo, Campos já é visto como o adversário a ser batido, por representar a novidade da eleição. O que muitos no PSB temem, porém, é que essa novidade envelheça, com toda a exposição que necessariamente o governador terá que estimular para criar em torno de si uma expectativa de poder.

Fonte: O Globo

Questão de cacife - Denise Rothenburg

À primeira vista, a recusa do presidente do PSD, Gilberto Kassab, em colocar sua legenda como parte do governo Dilma Rousseff nesse momento pode transmitir um quê de liberdade para a eventualidade de um projeto alternativo prosperar, leia-se, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Mas, na verdade, é muito mais do que isso. Com o seu gesto, Kassab segue a velha máxima de quem chega primeiro bebe água limpa e encontra a mesa farta. Quem chega por último, tem que se contentar com os restos.

A atual reforma ministerial, para o PSB, teria essa cara de “resto”. O novo partido encontrou ocupados todos os postos que poderia sonhar, caso do Ministério das Cidades, a Integração Nacional, a Agricultura, área na qual o PSD trafega muito à vontade na figura da senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional de Agricultura (CNA). Se Dilma mexesse em algum partido para abrigar os novos aliados, fatalmente teria problemas. Daí, ficou para os pessedistas a “sobra”, ou seja, o novo Ministério da Pequena e Micro Empresa. Esse ministério precisa de, pelo menos, um ano para ser organizado. Sendo assim, quando o ministro, seja quem for, tomar pé do serviço, já estará na hora sair para a campanha de 2014.

Diante dessa constatação, bem pragmática, o PSD dispensou o convite, mas deixou claro o interesse em um ingresso para a próxima temporada. “Ela está mais forte do que nunca no partido”, diz o ex-prefeito paulistano. Kassab não vê hoje nenhum adversário capaz de comprometer a reeleição da presidente Dilma Rousseff, embora considere que a campanha não será um passeio. Na visão dele, a economia caminha para uma melhora. Ainda que a recuperação seja bem menor do que o otimismo do ministro da Fazenda, Guido Mantega, será suficiente para dar à presidente o discurso de que ela segurou as rédeas da crise. E, sendo assim, o alcance dos programas sociais completará os votos rumo ao segundo mandato. Daí, o aceno de Kassab à presidente.

Enquanto isso, no futuro…

Ao anunciar desde já o apoio à presidente Dilma numa campanha pela reeleição, o PSD tenta garantir um passe para os camarotes vips do segundo mandato, leia-se ministérios de ponta. Entre quatro paredes, o PSD não descarta inclusive, quem sabe, ocupar o lugar do PSB na correlação de forças da base governista, se houver uma segunda temporada de Dilma no comando do país. Eduardo Campos, ao que tudo indica, será candidato a presidente. Logo, a presidente, se reeleita, terá mais espaço para acomodar os aliados de primeira hora.

O PSD repete o PSB ainda em outro aspecto. Em 2010, o partido de Eduardo Campos decidiu não apresentar a candidatura de Ciro Gomes contra Dilma com a justificativa de não prejudicar os candidatos a governos estaduais. Agora, é o PSD quem faz essa leitura. O fato de não ter cargos e facilitar hoje a vida de Dilma dá ao PSD mais moral para, logo ali na frente, pedir ao PT e à presidente uma parceria nos estados no ano que vem. Na Bahia, o vice-governador, Otto Alencar, é pré-candidato ao Palácio de Ondina. O governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, que, por sinal, participou do jantar da última quarta-feira com a presidente, também deve concorrer à reeleição.

Além de todos esses aspectos, o PSD, ao não entrar agora no governo, consegue ainda manter intacta a imagem de independência em relação ao governo federal. E, de mais a mais, na política assim como na vida nada é definitivo. Se algo desandar até 2014, o PSD sempre poderá mudar os rumos sem ficar com aquela pecha de que largou o governo em busca do novo. No momento, entretanto, o PSD não acredita muito no sucesso de Eduardo Campos para 2014 e, como não deseja seguir com o PSDB, joga suas fichas no futuro governo Dilma.

O fato de não querer se aliar a Eduardo Campos, entretanto, não representa um rompimento do PSD com o PSB. O partido de Kassab apenas considera que não haverá amplitude da base socialista para o ano que vem. Seus aliados acreditam que nem mesmo o PDT, hoje com setores para lá de empolgados com o governador pernambucano, dá sinais de que abandonará o barco de Dilma. Em 2018, pode até ser. Mas, agora, avalia o PSD, não é hora. Por enquanto, o PSD ficará mesmo de pé, atrás da mesa de jogo, observando como Dilma movimenta as cartas que tem na mão e só vai se sentar à mesa na hora de fechar 2014, quando seu passe estará mais valorizado. Agora, o cacife seria baratinho.

Fonte: Correio Braziliense

De feitiços e feiticeiros - Dora Kramer

Usada e abusada nas duas últimas campanhas presidenciais, carregada para cima e para baixo nos dois primeiros governos do PT a fim de que o então presidente Luiz Inácio da Silva se apresentasse como uma espécie de Getúlio Vargas revivido aos olhos da História em retrospectiva, a Petrobrás vai assumindo lugar de destaque no antecipado embate de 2014.

Dessa vez, porém, com sinal trocado: é a oposição que carrega a empresa para o centro da cena. Sem os mesmos instrumentos porque não tem o governo nas mãos para anunciar grandes feitos (em geral ao molde de mercado futuro), o provável candidato do PSDB, senador Aécio Neves, igualmente exagera ao comprometer-se a entrar numa guerra para "salvar o País" por meio da recuperação da Petrobrás.

Mas, fato é que vem batendo na mesma tecla do mau desempenho da companhia traduzido na queda do valor no mercado financeiro, na perda de pontos no ranking mundial, na redução acentuada dos lucros, na diminuição da capacidade de investimentos, no aparelhamento e uso político da empresa.

Neste último aspecto, o PT de certa forma passou recibo ao responder à provocação do adversário por intermédio da presidente da Petrobrás, Graça Foster. Para não corroborar a acusação do PSDB, ela deveria ficar fora disso.

Talvez o PT tenha avaliado que, ao divulgar uma entrevista dela no site do partido, tenha dado um caráter "técnico" à resposta.

Os tucanos agora parecem dispostos a ir à forra, já que em 2006 e 2010 o PT conseguiu votos e espaço acusando o PSDB de querer privatizar a Petrobrás. A versão aí se sobrepôs ao fato de que nunca foi essa a intenção.

Agora que os resultados são ruins e o tão festejado pré-sal nada rendeu ainda além de discórdia entre Estados e forças aliadas, é como se o feitiço tivesse virado contra o feiticeiro.

O PT, contudo, tem tempo e, sobretudo, ferramentas para encontrar um antídoto: a máquina federal, o prestígio da presidente Dilma Rousseff e nenhum pudor de usar o governo para fins eleitorais.

Mão do gato. A presidente Dilma manipulou o poder de veto para rejeitar a proposta (de iniciativa do PSDB) de desoneração dos produtos da cesta básica, aprovada pelo Congresso no ano passado.

Meses depois, usou o espaço reservado ao chefe da Nação em rede nacional ; de rádio e televisão para comunicar a ; decisão do governo de desonerar os produtos da cesta básica.

Ainda gue se pudesse abstrair a existência de leis que falam na igualdade de condições em disputas eleitorais, impossível não levar em conta a realidade de absoluta e abusiva desigualdade.

Por isso mesmo soa graciosa a versão de que o "Palácio do Planalto" considera "eleitoreira" a proposta do governador Eduardo Campos de buscar uma saída negociada entre Estados produtores e não produtores de petróleo, para a crise dos royalties.

O objetivo dele pode até ser - e parece mesmo ser - construir plataforma de lançamento entre os colegas, mas o governo federal não é exatamente credenciado para desqualificar atos dessa natureza.

Instantâneo. No quesito nó em pingo d"água: o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, saiu-se como protagonista da reunião de quarta-feira dos governadores no Congresso, cujos mestres de cerimônia ; - Henrique Alves e Renan Calheiros - foram mantidos à distância do PSB nas respectivas eleições para presidentes da Câmara e do Senado.

Fonte: O Estado de S. Paulo

85º - Eliane Cantanhêde

Todos os governos se sentem injustiçados e nenhum aceita crítica. Nos do PT, é pior ainda: quem não é parceiro vira adversário, quando não inimigo. Cá pra nós, nem o papa Bento 16 escapou.

Dito isso, Mercadante (Educação) e Tereza Campello (Desenvolvimento Social) têm alguma razão quando reclamam do ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) dos países. Mas não toda.

Têm razão ao dizer que o Pnud, da ONU, usa dados defasados, não capta a rápida inclusão no Brasil e acaba sendo "injusto". Em vez de desmentir, o Pnud admite que utiliza dados antigos -por uma questão de "isonomia" com os outros países.

Mas os ministros não têm razão quando ignoram que, se o Brasil evolui na área social, os demais também progridem, e muito. Nos Bric, houve enormes avanços nas últimas décadas. Na América do Sul, idem. O Brasil não é uma ilha, nem tem vitórias e méritos sozinho. O aumento da classe média, por exemplo, é mundial, apesar do oba-oba interno.

Pesquisas, números, cruzamentos são sempre passíveis de apaixonados debates, ainda mais num terreno tão sensível como o das melhorias sociais. A iniciativa do Pnud de monitorar os esforços e provocar reações e competição tem a melhor das intenções, mas os resultados devem ser vistos mais pelo aspecto geral do que número a número.

Pelos resultados divulgados ontem, o Brasil evolui positivamente desde 1980, cresceu 23,7% desde 1990 e está no bloco de países com IDH alto. Ainda assim, continua em 85º lugar entre 187 países -atrás, aqui na região, de Chile, Argentina, Uruguai, Venezuela e Peru. (Não bastassem Maradona, Messi, os Prêmios Nobel e agora o papa Francisco...)

Vamos convir. Além de ficar atrás de todos esses cinco sul-americanos no IDH, ficou também no índice de crescimento do PIB de 2012. E isso, apesar do legítimo esperneio, não deve ser pura coincidência, certo?

Fonte: Folha de S. Paulo