sábado, 19 de abril de 2014

Opinião do dia: Rubens Bueno

Temos que ter em mente que a população cansou da velha política e do fisiologismo, que foi ao ápice no governo do PT. Que ela deseja um governo que, em troca dos impostos, lhe ofereça um serviço público de qualidade, coisa que a atual administração não conseguiu fazer. Quer um governo que combata a corrupção, chaga que foi ampliada nos 12 anos do PT. Quer maior crescimento econômico com controle da inflação, o que Dilma mostrou que é incapaz de oferecer. Ou seja, a população já percebeu que com o PT isso não é possível e está à procura de um candidato que consiga promover essa mudança. É nesse campo que vamos apresentar nossa proposta para o Brasil.

Rubens Bueno, deputado federal (PR) e líder do PPS na Câmara Federal. “Desaprovação do governo Dilma mostra que população deseja mudança no comando do país”. Portal do PPS, 18 de abril de 2014

Novas provas de corrupção na Petrobras

ÉPOCA revela mais suspeitas de gestão temerária – e também de irregularidades – dentro da estatal

Diego Escosteguy, com Marcelo Rocha, Murilo Ramos e Flávia Tavares

Na manhã da segunda-feira, dias após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter convocado os petistas a defender a Petrobras das mais graves acusações de corrupção na história, a presidente Dilma Rousseff trocou o discreto tailleur preto da Presidência pela clássica jaqueta laranja da estatal. Deixou a labuta no Planalto para fazer campanha no Porto de Suape, em Pernambuco. Numa cerimônia montada às pressas para lançar ao oceano o navio Dragão do Mar, Dilma defendeu incisivamente a Petrobras. “Não ouvirei calada a campanha negativa dos que, por proveito político, não hesitam em ferir a imagem desta empresa que nosso povo construiu com tanto suor e lágrimas”, disse, zangada. “Nada, nem ninguém, conseguirá destruir (a Petrobras). Com o apoio de todas as pessoas, a Petrobras resistiu bravamente às tentativas de desvirtuá-la, reduzi-la e privatizá-la.”

A jaqueta laranja que Dilma ostentava ao discursar já deu orgulho aos brasileiros. Quem não teria orgulho da maior empresa do Brasil, a 13ª produtora de petróleo do mundo e líder inconteste na exploração de óleo em alto-mar? Hoje, é a mesma jaqueta de Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da Petrobras preso pela Polícia Federal (PF), acusado de comandar um dos mais vastos esquemas de corrupção já descobertos na estatal, um sujeito mantido no cargo por um consórcio entre PT, PP e PMDB, com o aval de Lula, que o chamava de “Paulinho”. A mesma jaqueta de Nestor Cerveró, o ex-diretor internacional da Petrobras que, indicado por PT e PMDB, é agora acusado de ser o artífice do desastre conhecido como “operação Pasadena”, em que a estatal desembolsou US$ 1,2 bilhão por uma refinaria nos Estados Unidos comprada um ano antes por US$ 42 milhões.

Conexão
A jaqueta laranja não é mais a mesma. Nem a autoridade política de Dilma, após ficar claro que ela avalizara a compra da refinaria Pasadena em 2006. Somente agora, tantos anos depois, ela se disse enganada pela diretoria da Petrobras, acusada de não ter explicado corretamente os termos do negócio. Como fica a imagem de gestora competente, marca de Dilma, assim como a jaqueta laranja é a marca da competência da Petrobras? A combinação das duas imagens pareceu fora do lugar. Tudo ali estava fora do lugar. O navio Dragão do Mar fora construído pelo Estaleiro Atlântico Sul, uma sociedade entre as empreiteiras Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, ambas suspeitas de pagar propina para conseguir contratos na Petrobras, segundo a PF investiga na Operação Lava Jato.

Nos últimos dias, Maria das Graças Foster, presidente da Petrobras, e Nestor Cerveró, ex-diretor da Área Internacional, foram ao Congresso Nacional falar sobre o caso da refinaria Pasadena. Eles divergiram. Para Graça Foster, “o negócio originalmente concebido tornou-se um investimento de baixo retorno sobre o capital investido.” Para Cerveró, “foi um bom negócio, sem dúvida”. É útil relembrar a cronologia da transação. Em 2004, a empresa belga Astra comprou o controle acionário da refinaria Pasadena, no Texas, por US$ 42,5 milhões. A Astra pagou dívidas antigas, fez investimentos e vendeu 50% da refinaria à Petrobras por US$ 360 milhões. Havia no contrato uma cláusula segundo a qual, em caso de divergência entre os sócios, a empresa divergente deveria comprar a parte do outro. Tal divergência ocorreu em 2008, e a Astra fez uma proposta para vender a refinaria à Petrobras. A Petrobras decidiu não pagar e entrar na Justiça. Perdeu – e foi obrigada a pagar uma indenização de US$ 639 milhões.

O prejuízo, já grande, poderia ter parado por aí. Bastava à Petrobras ter feito um acordo com a Astra. De acordo com documentos inéditos obtidos por ÉPOCA, a Astra estava disposta a negociar. Em vez disso, a Petrobras preferiu entrar na Justiça outra vez. Perdeu de novo – e o prejuízo para o acionista subiu a US$ 1,2 bilhão.

Como um mau negócio se tornou um negócio ainda pior
Até julho de 2009, o negócio de Pasadena era apenas ruim para a Petrobras. Depois, se tornou desastroso – quando não suspeito, tamanha a sequência de más decisões tomadas no curso de muitos anos. Até ali, havia um prejuízo de US$ 639 milhões com uma refinaria que para nada servia, a não ser enriquecer advogados contratados para defender a Petrobras na Justiça americana. E enriquecer também ex-fun¬cionários da Petrobras que foram trabalhar na Astra. Somente os advogados contratados pela Petrobras já haviam cobrado US$ 3,9 milhões em honorários. Mesmo perdendo.

A Astra, segundo executivos ouvidos por ÉPOCA, já estava satisfeita com a indenização. Havia outros processos na Justiça americana sobre o mesmo caso, mas a Astra, de acordo com executivos ligados a ela, estava disposta a fazer um acordo para encerrar o assunto. Não interessava extrair, nos tribunais, todo o dinheiro possível da Petrobras. Como uma trading, a Astra pretendia fazer mais dinheiro vendendo petróleo, nos anos seguintes, à própria Petrobras. E a manutenção de um longo e desgastante litígio contra a Petrobras, um dos gigantes do petróleo mundial, também afetava as outras relações comerciais da Astra, com empresas no mundo todo. Segundo esses executivos, a Astra não apenas poderia aceitar fazer um acordo. Ela queria fazer um acordo.

Se a Astra queria encerrar o assunto, quem poderia sair ganhando caso a Petrobras continuasse brigando nos tribunais? E, ainda por cima, brigando com poucas chances de se livrar do prejuízo de US$ 639 milhões – mas com chances razoáveis de aumentar substancialmente esse valor? Sem dúvida, os advogados contratados para prolongar essa briga. Quanto mais tempo e mais processos, mais honorários milionários para eles. Não parece fortuito, portanto, que a decisão de prolongar a disputa judicial tenha partido, na Petrobras, de um grupo de advogados. Ao menos oficialmente.

No dia 9 de julho de 2009, segundo documentos internos da Petrobras, o chefe do Jurídico Internacional, o advogado Carlos Borromeu, defendeu, perante a diretoria da empresa, que a Petrobras continuasse brigando com a Astra nos tribunais americanos. O departamento jurídico da Petrobras, como acontece na maioria das empresas, tem tal peso que raramente uma decisão é tomada em desacordo com a opinião dos advogados. Tem peso também, por óbvio, para escolher que advogados serão contratados para ajudar nos processos. Na Petrobras, os advogados reportam-se diretamente ao presidente – suas carreiras dependem dele. Naquele momento, o presidente era o petista José Sérgio Gabrielli, aquele que aprovara, anos antes, a compra da refinaria. E que, até hoje, defende o negócio.

Naquele dia de julho, Borromeu deveria estar em baixa. Fazia pouco tempo que uma corte arbitral dos Estados Unidos decidira que a Petrobras deveria pagar à Astra a indenização de US$ 639 milhões. Borromeu, sem se abalar pelo prejuízo que ele e seu departamento não haviam conseguido evitar na Justiça, disse aos diretores que a postura da Astra era “belicosa”. Disse também que a estratégia mais inteligente consistia em “prosseguir litigando” com os belgas. Por quê?

Segundo os cálculos apresentados por Borromeu à diretoria, a que ÉPOCA também teve acesso, eram mínimas as chances – 30%, para ser exato – de que a Astra aceitasse um acordo. Borromeu não explicou como chegara a esse percen¬tual. Em contrapartida, argumentou, havia uma chance de 50% de que a Petrobras estancasse os prejuízos se continuasse nos tribunais. Logo, a decisão mais sensata era “prosseguir litigando”.

Para diretores que estavam na reunião, e altos executivos da Petrobras que entendiam do caso, os percentuais não faziam sentido. Estavam, na mais benigna das hipóteses, invertidos. O mais provável era que a Astra topasse um acordo. E, diante do tamanho do prejuízo que a derrota final da Petrobras nos tribunais americanos significaria, era preciso articular esse acordo. Gabrielli estava inflexível – não se sabe se por convicção pessoal, se por influência dos advogados ou se por ordens superiores. Como presidente, tinha poder para decidir que “sugestão de encaminhamento” seria feita ao Conselho de Administração, presidido por Dilma. Gabrielli comprou o argumento de Borromeu.

Procurado por ÉPOCA, Gabrielli afirma que “a disputa judicial buscava o melhor resultado para a Petrobras”. 

“As diferenças entre os sócios eram sobre procedimentos operacionais e o tamanho do investimento a realizar”, diz ele. “Buscamos explicitar as diferenças entre a disputa arbitral sobre essas questões e a judicial, que era o exercício do ‘put option’.” Pasadena foi um bom negócio? Gabrielli afirma que a resposta é “sim” para o momento da compra, mas não teria sido sob o cenário de 2008 a 2012. “Vale lembrar que a refinaria está em operação todos esses anos e, devido à disponibilidade de petróleo leve e barato no Texas, especificamente no campo de Eagle Ford, atualmente é lucrativa, ainda que a Petrobras não tenha realizado os investimentos para capacitá-la a processar petróleo pesado”, diz. Ele sustenta que as cláusulas omitidas do Conselho de Administração – a “put option” (sobre a opção de venda) e “marlim” (referente ao petróleo brasileiro) – não são as responsáveis por transformar um bom negócio no momento da compra, em 2006, em aparente mau negócio no cenário que vai de 2008 a 2012. “Nesse período, o mundo mudou, descobrimos o pré-sal e o planejamento estratégico da Petrobras acompanhou as mudanças”, diz. Quanto à cláusula “marlim”, que garantiria a rentabilidade de 6,9% à sócia da Petrobras no caso de duplicação da capacidade de refino, ela é inócua. “Como não houve o investimento previsto – e essa é a razão da disputa judicial com a Astra –, ela não é válida. Isso foi reconhecido pela Justiça americana.”

Na época da reunião da diretoria, Cerveró não era mais diretor internacional da Petrobras. Pelos bons serviços prestados ao PT e ao senador Renan Calheiros, que também o apadrinhava, fora realocado para a Diretoria Financeira da BR Distribuidora, uma das principais subsidiárias da estatal. Em depoimento ao Senado nos últimos dias, Graça Foster deu a entender que Cerveró fora rebaixado em virtude do mico Pasadena. Nem tanto. É como se Cerveró deixasse de dirigir uma Ferrari para pilotar um Jaguar – e com o mesmo combustível BR. A Ferrari agora estava nas mãos de Jorge Zelada, apadrinhado pela bancada do PMDB na Câmara. Era ele que, ao lado de Paulo Roberto Costa, pilotava o bólido mais veloz da Petrobras, tinha de dar explicações e resolver o problemaço que se tornara Pasadena. Ambos discordavam do cavalo de pau proposto pelo jurídico da Petrobras – e aprovado por Gabrielli.

Os técnicos abaixo deles, também. Nos relatórios internos obtidos por ÉPOCA, eles criticam o resultado da reunião e a posição de Gabrielli. Parte desse material já foi publicado por ÉPOCA – mas a íntegra dos documentos agora revelados detalha os bastidores que levaram a Petrobras a ter ainda mais prejuízo com Pasadena. “Após a explanação (do advogado), resolveu a Diretoria apresentar ao Conselho a sugestão de não negociar-se com a Astra e sim prosseguir com a ação na Corte”, escreveram os executivos da área de Abastecimento. “A razão que fez com que a Diretoria optasse pelo prosseguimento da ação ao invés do acordo deveu-se principalmente pela alegada ‘prepotência’ com que a Astra vem se colocando frente à Petrobras e, segundo colocado na Diretoria, nunca ter havido de parte da Astra uma manifestação de desejar o acordo.”

Eles preferiam o acordo. E tinham argumentos, não apenas legais, para isso. Um deles: “O fato de pessoa altamente credenciada da Astra e membro do seu Board ter procurado uma aproximação para início de entendimentos com a Petrobras”. Em seguida, deixando de lado a dita prepotência dos executivos da Astra, os técnicos afirmaram o óbvio: o acordo significava menos prejuízo num negócio que, use-se lá qual fórmula matemática, já era um mico. “Caso no litígio a Petrobras perca, o custo total irá para cima de US$ 1 bilhão, acrescidos de honorários de sucumbência. Vale lembrar que a Petrobras já perdeu na arbitragem, e a possibilidade de perder na Corte é preocupante”, escreveram.

Diante desse cenário, o que propuseram os executivos? “A ministra Dilma deverá ser procurada para ser informada de que a Astra está procurando entendimentos, inicialmente por canais informais. (…) Com isto, a ministra Dilma deveria, na reunião do Conselho da próxima sexta-feira, comunicar que estão havendo (sic) movimentos de aproximação da Astra com relação a Petrobras e, com isto, o Conselho daria um prazo para que se consumasse o acordo – ou, aí sim, a partir deste prazo não restaria outra alternativa senão prosseguir na Corte.”

Os técnicos foram ignorados, os advogados prevaleceram, e o Conselho presidido por Dilma tomou, mais uma vez e no mesmo caso, uma decisão que, sob a luz do presente, revela-se profundamente danosa aos cofres – e à imagem – da Petrobras. Pode-se argumentar que Dilma e o Conselho de Administração foram, como no começo do caso Pasadena, mal assessorados. Que não tinham acesso às informações necessárias para tomar a melhor decisão possível em favor da Petrobras.

Outros executivos talvez tivessem prestado atenção aos apelos dos técnicos para levar a sério as abordagens informais da Astra. Mesmo depois que o Conselho presidido por Dilma resolveu levar a briga judicial até as últimas consequências, executivos da Astra prosseguiam buscando formas de encerrar o caso – o oposto do que asseguravam, meses antes, os advogados da Petrobras. Tamanho era o desejo dos belgas de pôr fim à disputa judicial que Mike Winget, presidente da Astra nos Estados Unidos, e Kari Burke, diretora da empresa, vieram ao Brasil diversas vezes, em busca de contatos políticos que resolvessem o caso definitivamente.

Segundo empresários e lobistas que mantiveram contato com eles, os diretores da Astra queriam duas coisas: que a Petrobras pagasse os US$ 639 milhões e que as duas empresas voltassem a fazer negócios. Para conseguir, a Astra, de acordo com esses relatos, estava disposta a pagar até US$ 70 milhões à pessoa certa – à pessoa que resolvesse o caso. Procuraram o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, e um assessor informal dele, Carlos Mattos.

Como revelou ÉPOCA, Fernando Baiano é parceiro de negócios de Paulo Roberto. Baiano não conseguiu resolver. Procuraram outros lobistas, que também não resolveram. Nas conversas com esses lobistas e empresários, os dois executivos da Astra diziam que haviam contratado um advogado ligado ao ex-mi¬nistro José Dirceu para resolver o assunto. Não declinavam o nome do advogado, o método empregado por ele para “resolver”, nem o andamento das tratativas. Para convencer a Petrobras a encerrar o caso, os executivos conseguiram até que o senador americano Ted Kennedy enviasse uma carta à presidência da Petrobras, apelando para a boa relação entre os dois países.

A intensa movimentação dos executivos demonstra que a Astra não estava interessada em faturar os US$ 1,2 bilhão pagos pela Petrobras. Queriam mais – mas em negócios. Ao fim, quem mais ganhou com tudo isso, além dos belgas, foram os advogados contratados pela Petrobras.

Pesquisa do IBGE derruba três mitos do governo Dilma sobre o emprego

Por: Folha.com


Suspensa de maneira de controversa, a pesquisa ampliada do IBGE sobre o mercado de trabalho tem o potencial de derrubar mitos propagados pelo governo Dilma Rousseff sobre o emprego no país.

Apurados em todo o país, os números mostram que o cenário atual é, sim, favorável -mas não a ponto de autorizar afirmações de tom épico como as mostradas abaixo, retiradas de discursos da presidente.

1) “Nós hoje, no Brasil, vivemos uma situação especial. Nós vivemos uma situação de pleno emprego.” (Dilma, 29/01/13)

O mito revisto: “Nós chegamos próximos do pleno emprego.” (Dilma, 17/07/13)

Os dados: A tese do (quase) pleno emprego se amparou nos resultados da pesquisa mais tradicional do IBGE, limitada a seis regiões metropolitanas, que mostra desemprego na casa dos 5%.

A pesquisa ampliada que começou a ser divulgada neste ano mostra taxa mais alta, de 7,1% na média de 2013, e, sobretudo, desigualdades regionais: no Nordeste, o desemprego médio do ano ficou em 9,5%.

2) “O Brasil, hoje, é um país que, em meio à crise econômica das mais graves, talvez a mais grave desde 1929, é um país que tem a menor taxa de desemprego do mundo.” (Dilma, 14/06/13)

O mito revisto: “Hoje nós temos uma das menores taxas de desemprego do mundo.“ (Dilma, no mesmo discurso)

Os dados: Em comparação com o resto do mundo, não há nada de muito especial na taxa brasileira. É semelhante, por exemplo, à dos Estados Unidos (6,7% em março), que ainda se recuperam de uma das mais graves crises de sua história.

O desemprego no Brasil é menor que o de importantes países europeus, mas supera o de emergentes como Coreia do Sul (3,9%), China, (4,1%,), México (4,7%) e Rússia (5,6%), além de ricos como Japão (3,6%), Noruega (3,5%) e Suíça (3,2%).

3) “Temos o menor desemprego da história.” (Dilma, 23/12/12)

O mito não foi revisto.

Os dados: A base da afirmação é que a taxa apurada em apenas seis metrópoles é a menor apurada pela atual metodologia, iniciada em 2001. Já foram apuradas no passado, com outros critérios, taxas iguais ou mais baixas.

A pesquisa ampliada permite comparações com taxas apuradas no passado por amostras de domicílios. Dados do Ipea mostram que o desemprego atual é semelhante, por exemplo, ao medido na primeira metade nos anos 90.

Eleições: patamar de aprovação indica derrota para Dilma

Estudo com 104 casos mostra que nenhum governador ou presidente se reelegeu com 34% ou menos de aprovação desde 1998

Leonardo Guandeline, Cleide Carvalho, Luiza Damé e Jailton de Carvalho – O Globo

SÃO PAULO e BRASÍLIA — A pesquisa Ibope divulgada anteontem que mostrou a presidente Dilma Rousseff com 34% de aprovação (somados os que acham sua administração boa ou ótima) acende um sinal amarelo em sua campanha. A julgar pelo retrospecto de 104 eleições para governadores e presidente desde 1998 em que havia um candidato tentando a reeleição, analisadas pelo cientista político Alberto Carlos Almeida, Dilma hoje não se reelegeria.

O estudo de Almeida mostra que, justamente quando teve 34% ou menos de avaliações de gestão ótima ou boa antes do pleito, nenhum candidato que tentou a reeleição, desde que ela foi instituída, foi bem-sucedido. Os que tinham aprovação de 46% ou mais, ao contrário, tiveram 100% de êxito.

Segundo Almeida, mesmo liderando as intenções de voto, com esse patamar de aprovação, Dilma Rousseff hoje não se reelegeria. O cientista político, no entanto, faz uma ressalva, citando os casos das reeleições de Fernando Henrique Cardoso, em 1998, e a de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.

Embora eles tivessem índices de aprovação abaixo de 46% em julho (os dois tinham 38%), ambos tiveram aumento nas avaliações positivas de seus governos às vésperas do pleito, e acabaram sendo reeleitos.

— É possível aumentar o desempenho de governo ótimo e bom no decorrer da campanha. A situação atual é de grande risco para a presidente Dilma, mas ela pode reverter o quadro. Se as eleições fossem hoje, a probabilidade maior seria a eleição de um candidato de oposição — diz Almeida.

Para ele, eleitores que atualmente avaliam mal o governo Dilma estão declarando voto em branco, nulo, ou dizem ainda não saber em quem votar.

— Esses votos, provavelmente, irão para os candidatos de oposição. Devem migrar, principalmente para o Aécio, que é quem tem a base mais sólida — disse o cientista político, para quem a principal reclamação do eleitorado em relação ao governo Dilma vem da área econômica.

O professor Roberto Romano, da Unicamp, cita outro dado da pesquisa Ibope: embora a diferença seja de apenas um ponto percentual, pela primeira vez o percentual dos que não gostam da maneira de Dilma governar ultrapassou o dos que aprovam — a desaprovação aumentou de 43% para 48%, e a aprovação caiu de 51% para 47%.

— Há uma percepção de que Dilma está sendo tutelada (pelo ex-presidente Lula), e o envolvimento dela no caso de Pasadena deixou evidente que, como ministra e presidente do conselho da Petrobras, ela falhou — afirma Romano.

Eleitor ainda não está preocupado com eleição
Na avaliação do cientista político Fernando Abrucio, professor e pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV) em São Paulo, o eleitor, neste momento, ainda não está preocupado com as eleições deste ano. Ele diz que a queda na aprovação no governo da presidente, segundo mostrou a pesquisa Ibope, está mais relacionada a dois fatores: a inflação e a perda no poder de compra do “brasileiro mediano”; e a sensação de que os serviços públicos em geral não andam bem.

— É a mesma (sensação) que mobilizou as pessoas no ano passado, nas manifestações de junho — diz o professor.

Segundo Abrucio, baseado em análises qualitativas realizadas pela FGV, o eleitor tem, em geral, um apelo por mudança misturado a um sentimento de desilusão. E isso seria um problema tanto para o governo quanto para a oposição.

— Os dois principais concorrentes da presidente, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), ainda são pouco conhecidos e estão fazendo de tudo para melhorar isso. Faço muita (pesquisa) qualitativa e vejo que os eleitores querem mudanças, mas também a manutenção das transformações sociais, principalmente as dos últimos dez anos.

Apesar de a aprovação do governo ainda ser positiva, a oposição vê nos resultados das últimas pesquisas uma tendência de queda na candidatura da presidente Dilma Rousseff e um espaço para crescimento de Aécio Neves e Eduardo Campos. Os governistas, por sua vez, avaliam que é cedo para fazer qualquer prognóstico sobre as eleições de outubro e que Dilma tem resultados a mostrar na propaganda eleitoral para reverter as últimas quedas na aprovação de seu governo e nas suas intenções de voto.

— Evidentemente que ninguém pode definir as eleições antes do processo que se inicia nas convenções, mas a posição dela (Dilma) é absolutamente vulnerável. O que é pior para ela e melhor para a oposição é o viés de baixa, como se diz no meio econômico. A aprovação dela vem caindo sistematicamente — argumentou o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE).
Segundo ele, além da queda nos índices de aprovação da presidente, o que anima a oposição é o crescente desejo de mudança revelado pelos entrevistados, mesmo que os números não tenham se refletido nas candidaturas de oposição.

— O eleitor não sai de um lado para o outro automaticamente, como o pêndulo de um relógio. Primeiro, o eleitor sai da posição pró-Dilma, vai para o meio (representado pelas respostas “não sei, não respondeu, branco ou nulo”) e só então decide que rumo tomar — disse o líder do DEM.

O deputado Rubens Bueno (PPS-PR), também da oposição, concorda. Segundo ele, a queda da aprovação do governo federal e os recentes escândalos como as denúncias de corrupção envolvendo ex-dirigentes da Petrobras serão decisivos no resultado das eleições presidenciais deste ano.

Para PT, aprovação crescerá durante eleição
No campo da situação, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) reconhece que a presidente não está num bom momento, mas entende que as dificuldades são ocasionais. Segundo ele, a aprovação do governo e a popularidade pessoal da presidente voltarão a crescer durante a campanha.

— Quando começar o horário eleitoral, é o momento em que ela (Dilma) vai poder apresentar o governo dela na sua totalidade. Creio que, a partir daí, a aprovação subirá violentamente. O governo tem enorme riqueza de realizações que poderá ser mostrada a partir de agosto — diz o deputado.

O deputado argumenta ainda que escândalos como o caso da Petrobras não afetam diretamente a imagem da presidente. Para ele, a presidente não compactua com a corrupção e, quando descobre irregularidades, age prontamente.

Ex-líder do governo na Câmara, o deputado Cândido Vacarezza (PT-SP) vê com reserva as análises de pesquisas sobre as eleições de outubro. Ele lembrou que o ex-prefeito de Salvador João Henrique (foi do PDT e do PMDB) tinha um governo mal avaliado, mas foi reeleito em 2008. Já em São Paulo, contou Vacarezza, Marta Suplicy tinha um governo bem avaliado e perdeu para José Serra, em 2004.

— É muito cedo para avaliar pesquisas quantitativas de qualquer natureza, e as pesquisas qualitativas não são assertivas. Acho cedo dizer que a presidente vai ganhar no primeiro turno, como acho errado dizer que não vai ganhar. Tem de esperar o programa eleitoral e as pessoas nas ruas. A eleição está em aberto. É muito cedo para fazer prognósticos — afirmou Vacarezza.

Com aprovação em queda, Dilma pede que auxiliares divulguem 'marcas' sociais

Sucessão presidencial. Em reação à popularidade em baixa e seguindo orientação de Lula, presidente determina que ministros usem discursos para multiplicar difusão dos programas federais; campanha sobre o Mais Médicos vai ao ar na próxima semana

Vera Rosa - O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Com a popularidade em queda, o patrimônio de "gerente" corroído e sob ameaça de uma CPI da Petrobrás, a presidente Dilma Rousseff determinou aos ministros que adotem a estratégia da multiplicação das marcas do governo. A ordem é para que todos os auxiliares, sempre que fizerem discursos públicos, citem programas sociais como Mais Médicos, Pronatec, Prouni, Brasil Sem Miséria e Minha Casa, Minha Vida.

O roteiro de reação deve ser seguido mesmo se o tema da cerimônia não estiver relacionado a esses assuntos e os ministros forem de outras áreas. Pressionada por eleitores que exigem mudanças, como revelou a última pesquisa Ibope divulgada anteontem, Dilma quer destacar que muitos dos programas mencionados hoje por seus adversários são conquistas da administração do PT e representam "só um começo".

Uma campanha publicitária sobre o Mais Médicos entrará no ar na próxima semana. Para rebater as críticas da oposição de que o governo Dilma investe no "trabalho escravo" de médicos cubanos, a propaganda na TV mostrará como o programa, com cerca de 14 mil novos profissionais, tem mudado a vida dos mais pobres, principalmente no interior. A meta é que, até a Copa do Mundo, o plano dê assistência a 49 milhões de pessoas.

"O principal cabo eleitoral do seu governo é você mesma", disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em conversa com Dilma, no início do mês. "Os ministros têm que divulgar as ações do governo, dar respostas mais rápidas e traduzir todos esses números para a vida real. Ninguém sabe o que é PIB. A pessoa quer saber o que pode comprar no supermercado, se a vida melhorou ou não."

Dilma começou a pôr em prática os conselhos de Lula, mas a pesquisa Ibope acendeu a luz amarela no Palácio do Planalto. Embora o senador Aécio Neves (PSDB) e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), pré-candidatos ao Planalto, não tenham capitalizado a insatisfação com o governo do PT, Dilma caiu em todos os cenários. A presidente ainda venceria no primeiro turno, se a eleição fosse hoje, mas a desaprovação a seu modo de governar subiu de 43%, em março, para 48% neste mês.

Reduto. Além disso, a pesquisa captou um desejo crescente de mudança. O índice de brasileiros que querem alterações profundas no governo chegou a 68% em abril, segundo o levantamento. O descontentamento com o governo Dilma aumentou muito entre os jovens e também entre tradicionais eleitores do PT, como beneficiários do Bolsa Família. A avaliação negativa da gestão, feita por pessoas que moram na periferia, subiu 11 pontos, passando de 27% no mês passado para 38% agora. São índices próximos ao que Dilma obteve no período posterior aos protestos de junho do ano passado.

O "inferno astral" do governo é atribuído, nos bastidores do PT, a turbulências na economia, com o aumento da inflação, e à "desconstrução" da imagem da Petrobrás, abalada por denúncias de corrupção e sob ameaça de uma CPI no Congresso.

"A oposição continua sendo hipócrita. Nem o mais ingênuo dos políticos vai acreditar que uma CPI transcorrerá de forma técnica e sem contaminação política, principalmente começando em abril ou maio, com prazo de 180 dias, para acabar no período eleitoral", afirmou ao Estado o ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini.

No Planalto, Berzoini já começou a seguir a recomendação de Dilma para multiplicar as marcas do governo. "Essa é uma eleição para fazer um debate profundo do que foi o Brasil no passado e do que o Brasil é hoje em termos de desemprego, renda, salário mínimo, Minha Casa Minha Vida, Prouni e Bolsa Família", insistiu ele.

Para Eduardo Campos, a estratégia indica que o PT vai apostar no "terrorismo eleitoral", acusando a oposição de querer acabar com programas sociais. "Eles sabem que sabemos fazer. Não podemos ficar sem alternativas nesse debate do presente e do passado", argumentou o ex-governador, ao formalizar a ex-ministra Marina Silva como vice de sua chapa.

"O problema não é o Brasil; é o governo que está aí", afirmou Aécio no programa de TV do PSDB, exibido na quinta-feira. O tucano abriu ofensiva contra o PT ao dizer que o governo "não reconhece que a inflação está saindo do controle".

Economia. Além das previsões de menor crescimento feitas recentemente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e também pelo Banco Central, os juros básicos estão hoje em 11% ao ano, acima do patamar de quando Dilma assumiu o governo, e há risco de racionamento de energia.

A "agenda positiva" da presidente até a Copa, porém, prevê "vacinas" contra as más notícias da economia, com discursos sob medida para estancar a queda de sua popularidade entre eleitores de várias faixas de renda.

Aécio ataca "monólogo" do governo

Para ele, insatisfação com o governo se refletirá nas pesquisas quando a campanha começar

Daniel Camargos – Correio Braziliense

SÃO JOÃO DEL-REI — O senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato à Presidência da República, considerou ontem ser natural que os votos de quem está insatisfeito com o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) não migrem de imediato para os candidatos de oposição. “Há um enorme desconhecimento em relação a esses candidatos, pois nunca disputaram eleições nacionais”, avaliou o tucano, ao comentar os resultados obtidos por ele e pelo ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) nas últimas pesquisas eleitorais. Porém, o senador acredita que, quando a campanha começar para valer, ele se tornará conhecido nacionalmente e chegará não só ao segundo turno como à vitória nas eleições.

“Temos hoje apenas um monólogo do governo federal”, reclamou o pré-candidato, que participou, na noite de ontem, em São João del-Rei, da cerimônia do descendimento da cruz, na escadaria da Igreja Nossa Senhora das Mercês, e da procissão do enterro.

Na cerimônia, Aécio repetiu, como fez em anos anteriores, o gesto do avô Tancredo Neves e carregou uma lanterna de prata no cortejo pelas ruas da cidade histórica. “Um instante de reflexão e saudade do meu avô, que tinha na cerimônia da semana santa um dos momentos mais importantes da sua caminhada pessoal e espiritual”, comentou o senador. Depois de amanhã, Aécio será o orador do ato de entrega das medalhas do Dia de Tiradentes, em Ouro Preto. O pré-candidato tucano antecipou que seu discurso na cerimônia será sobre “o resgate de valores que estão em falta no Brasil”.

Em entrevista concedida em frente ao Solar dos Neves, casarão histórico de sua família, no Largo do Rosário, o senador voltou a elevar o tom para criticar o governo da presidente Dilma. “Um governo que fracassou na economia e que vai nos deixar como herança inflação alta, crescimento baixo e perda enorme da credibilidade da gestão do Estado, que deixa o país com um cemitério de obras inacabadas.”

Pimenta fica
Aécio Neves, que é presidente nacional do PSDB, disse que não existe nenhuma possibilidade de o pré-candidato tucano ao governo de Minas Gerais, Pimenta da Veiga, desistir da candidatura. “Não, de forma alguma. Isso é uma preocupação dos adversários que temem Pimenta da Veiga,” Na terça-feira, a Executiva Nacional do partido se reunirá e traçará os próximos passos das candidaturas do senador e da agremiação nos estados. “Cerca de 80% dos palanques estão consolidados”, garantiu Aécio.


Sobre a decisão de Marina Silva (PSB) de ser candidata a vice na chapa encabeçada por Eduardo Campos, o senador comentou apenas que era o esperado e que sempre estimulou a candidatura dela. “Ajudamos na coleta de assinaturas para a Rede (partido concebido por Marina e ainda não registrado por falta de assinaturas de apoio validadas pela Justiça Eleitoral). Queremos uma disputa plural. Quem buscou ganhar por W.O. impedindo a criação da Rede foi o PT”, atacou o senador.

Tradição de família
Assim como o avô, o ex-presidente Tancredo Neves, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) pertence à Ordem Terceira de São Francisco de Assis. A cerimônia do enterro, considerada a mais bela da semana santa em São João del-Rei, começa quando a imagem deJesus Cristo é descida da cruz, após sermão, que ontem foi proferido pelo bispo emérito de Aparecida (SP), Dom Arci Nicioli.

Eduardo Campos: povo quer mudanças

Suzana Inhesta - Agencia Estado

SÃO PAULO - O pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, escreveu há pouco em sua página na rede social Twitter que as pesquisas recentes de intenção de voto "podem divergir em alguns aspectos", mas são "unânimes" em apontar o "declínio do governo" e o desejo "maciço" por uma mudança política. Segundo ele, é função dos políticos e da sociedade promoverem essas alterações. Entretanto, "sem ódios ou ressentimentos, mas também sem medo". "O Brasil merece", disse.

A pesquisa mais recente, a do Ibope, divulgada ontem, mostra, no principal cenário, uma queda nas intenções de voto na presidente Dilma Rousseff, que caiu de 43% no levantamento divulgado em março para 39%. O pré-candidato do PSDB, Aécio Neves, somou 16% das intenções de voto, ante 15% no levantamento anterior. Campos obteve 8% das intenções de voto, ante 7% na mostra de março.

Desaprovação do governo Dilma mostra que população deseja mudança no comando do país, diz o líder do PPS na Câmara

Por: Assessoria do PPS

A última pesquisa Ibope que mostrou queda na aprovação do governo e também nas intenções de voto para a presidente Dilma Rousseff (PT) indica que a população brasileira está insatisfeita com a atual gestão e procura uma alternativa de mudança. A avaliação foi feita nesta sexta-feira pelo líder do PPS na Câmara, deputado federal Rubens Bueno (PR), para quem o atual cenário abre um grande espaço para a chapa Eduardo Campos e Marina Silva, da aliança PSB-REDE-PPS-PPL.

Segundo o levantamento, a parcela dos brasileiros que considera a gestão ótima ou boa despencou pela terceira vez no ano, passando de 36% em março para 34% em abril. Em dezembro, estava 43%. Em fevereiro era de 39%.

“A pesquisa confirmou a tendência contínua de queda de Dilma, que já apresenta números próximos do desgaste que sofreu durante os protestos de junho. Por outro lado, mostrou estagnação dos candidatos de oposição. Me parece que no momento o eleitor está rejeitando o governo, mas ainda não tem noção clara sobre quem é o candidato ideal para a mudança. É nesse espaço de temos que trabalhar com Eduardo Campos e Marina. Eles tem a menor rejeição e, no caso de Eduardo, precisa ser mais conhecido do eleitor. Com a aproximação da campanha, temos um grande potencial para o crescimento”, analisou o líder do PPS.

A pesquisa Ibope apontou, em um dos cenários da disputa eleitoral, que Dilma caiu de 40% em março para 37%. Aécio Neves (PSDB) aparece com 14% e Eduardo Campos (PSB) com 6%. Na sequência seguem Pastor Everaldo (PSC), com 2%; Denise Abreu (PEN), 1%; e Randolfe Rodrigues (PSOL), 1%. Eymael (PSDC), Levy Fidélix (PRTB), Mauro Iasi (PCB) e Eduardo Jorge (PV) não alcançaram 1%. Os que disseram que votarão em branco ou nulo somaram 24% e os quem afirmaram que não sabem em quem votar ou não responderam, 13%.

Para Rubens Bueno, a campanha presidencial será muito dura, com o PT usando todo o tipo de golpe baixo contra a oposição. “Temos que ter em mente que a população cansou da velha política e do fisiologismo, que foi ao ápice no governo do PT. Que ela deseja um governo que, em troca dos impostos, lhe ofereça um serviço público de qualidade, coisa que a atual administração não conseguiu fazer. Quer um governo que combata a corrupção, chaga que foi ampliada nos 12 anos do PT. Quer maior crescimento econômico com controle da inflação, o que Dilma mostrou que é incapaz de oferecer. Ou seja, a população já percebeu que com o PT isso não é possível e está à procura de um candidato que consiga promover essa mudança. É nesse campo que vamos apresentar nossa proposta para o Brasil”, afirmou o líder do PPS

Ministro do PMDB lidera resistência ao 'Aezão'

Luciana Nunes Leal - Agência Estado

Desde que parte do PMDB do Rio de Janeiro prometeu apoio ao tucano Aécio Neves, pré-candidato do PSDB à Presidência da República, na última segunda-feira, a ala governista da legenda iniciou articulações para conter a dissidência e garantir apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff no Estado.

Representante desse grupo, o ministro da Secretaria de Aviação Civil, Moreira Franco, age para evitar o voto "Aezão", pregado por Aécio após o encontro com os peemedebistas fluminenses. A ideia é difundir no Estado o apoio silmultâneo ao tucano para a Presidência e ao governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) para o Palácio Guanabara.

"Estamos realmente (trabalhando para conter a dissidência), porque vivemos a história do PMDB e o PMDB não trai", afirmou Moreira Franco. O ministro tem conversado com os convencionais do Estado, considerados fundamentais na convenção nacional que decidirá a posição do partido na eleição presidencial, a fim de assegurar apoio a Dilma.

A movimentação do ministro entra em choque com a ação do presidente regional da legenda, Jorge Picciani, que lidera a ala pró-Aécio no PMDB.

O mentor de Dilma inicia roteiro de apoio a campanha da criatura

Ex-presidente deve priorizar SP, Minas e redutos governados por seu partido

Estados em que base aliada está dividida, como Rio e Maranhão, podem ficar sem a presença do petista

Patrícia Britto, Diógenes Campanha – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Principal fiador político dos candidatos do PT, o ex-presidente Lula já prepara o roteiro que fará pelo país a partir de maio, na corrida pela reeleição da presidente Dilma Rousseff e pela vitória em disputas estaduais.

A cúpula petista trabalha para definir os Estados que receberão visitas do ex-presidente. São três prioridades: aqueles de maior peso eleitoral, redutos governados por petistas e onde há aliança pacificada com siglas da base.

No primeiro grupo estão São Paulo e Minas Gerais, onde Lula já vem participando de atos com jeito de campanha desde fevereiro --foi ao palanque de Fernando Pimentel, em Minas, e a três cidades paulistas ao lado de Alexandre Padilha.

Também são considerados importantes para o partido os redutos dos quatro governadores petistas: Bahia, Distrito Federal, Rio Grande do Sul e Acre. Nos três últimos, o governador tentará a reeleição.

Outro Estado que estará no roteiro de Lula é Pernambuco, terra natal do ex-presidente e do pré-candidato Eduardo Campos (PSB). O PT local aposta na imagem de Lula para enfrentar a popularidade do ex-governador Campos. "A participação dele e a ida de Dilma serão fundamentais ", diz o senador Humberto Costa (PT-PE).

Ainda deverá pesar na escolha a presença de rivais, como ocorreu nas eleições municipais de 2012. Naquele ano, ele fez questão de ir a Salvador e a Manaus para tentar tirar votos de ACM Neto (DEM) e de Arthur Virgílio (PSDB), nomes com quem teve rusgas em seu governo.

Agora, são esperadas as visitas ao Paraná, onde Gleisi Hoffmann (PT) disputa contra o governador Beto Richa (PSDB), e a Goiás, onde a chapa petista, ainda em definição, irá enfrentar o governador Marconi Perillo (PSDB).

Base dividida
Os casos com mais de um candidato da base governista, como Rio e Maranhão, ainda não foram definidos. Por enquanto, parte da cúpula petista avalia que a ida de Lula a esses Estados causaria constrangimento a aliados.

"A presença do Lula será discutida na campanha. Tem Estados que hoje precisam mais dele do que nós", diz o presidente estadual do PT-RJ, Washington Quaquá.

Outra vertente defende que a preocupação de não melindrar aliados cabe a Dilma, mas não a Lula. "Ela [Dilma] tem que fazer uma leitura [sobre quais palanques visitar] a partir das convenções [dos partidos da base], porque tem uma composição de alianças. O Lula não, é um quadro partidário", afirma Ary Vannazi, presidente do PT-RS.

Algumas regras serão definidas para balizar o roteiro de Lula. Uma já está combinada: ele não deverá ir a Estados onde houver aliança do PT com o PSDB, DEM ou PPS.

É o caso de Mato Grosso do Sul, onde está em articulação aliança entre o senador Delcídio Amaral (PT), pré-candidato ao governo, e o tucano deputado Reinaldo Azambuja, que pleiteia disputar o Senado com apoio petista.

Voto dos jovens será decisivo na eleição

Participação de eleitores com 16 e 17 anos será recorde em 2014, mas classe política está preocupada com os índices de brancos e nulos detectados nas pesquisas. Inspirado nas manifestações de junho, TSE lança campanha para estimular a ida às urnas

André Shalders – Correio Braziliense

As eleições de 2014 baterão o recorde em número de jovens aptos a votar. Somente no grupo dos eleitores com idade entre 16 e 17 anos, há um salto de 1,8 milhão em 2010 para 2,3 milhões este ano, de acordo com dados consolidados em fevereiro pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Um aumento mais discreto também é observado na faixa etária de 18 a 24 anos. Esse contingente expressivo ajuda a explicar os altos e recorrentes percentuais de votos brancos e nulos registrados nas pesquisas de intenção de voto. Os números são maiores que os de eleições anteriores, mas nulos, brancos e abstenções estão longe de serem estranhos na política brasileira: em 2010, as três variáveis superaram o número de votos recebidos pelo segundo colocado na disputa presidencial daquele ano, José Serra (PSDB).

Pesquisa do Ibope, divulgada na última quinta-feira, mostra que a soma de brancos e nulos, no cenário eleitoral mais provável, com Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) na disputa, atingiu um índice de 24%. O percentual é o mesmo, por exemplo, do somatório das intenções de voto de todos os adversários da presidente Dilma, incluindo os nanicos Pastor Everaldo (PSC), Denise Abreu (PEN), Randolfe Rodrigues (PSol) e Eduardo Jorge (PV). O índice de indecisos varia entre 12% e 13%. É justamente esta fatia do eleitorado que pode mudar a eleição.

Em uma pesquisa anterior do mesmo instituto, publicada em novembro do ano passado, o percentual de brancos e nulos variava entre 17% e 31%, de acordo com os diferentes cenários políticos apresentados aos eleitores. Aos 18 anos, o estudante secundarista Cláudio Túlio Soares Martins votará para presidente da República pela primeira vez em outubro. Até agora, entretanto, nenhum dos quatro principais pré-candidatos ao cargo conquistou o voto do jovem morador de Samambaia. “Até agora, meu voto é nulo. E o da maioria das pessoas que convive comigo também”, apressou-se em dizer. Participante das manifestações de junho passado e também dos “rolezinhos” ocorridos em centros comerciais da cidade, Cláudio dá rosto ao grupo que embaralha os cálculos eleitorais de especialistas e lideranças.

Sem muita convicção, diz-se mais próximo da esquerda política que do que da direita, e expressa uma descrença profunda nas instituições e nos políticos em geral. “Acho que isso (o voto nulo) é mais por causa do retorno que os políticos dão para as pessoas. Minha escola, por exemplo, ficou uma semana fechada por causa de um problema na instalação elétrica. E só voltou porque os pais e professores fizeram vaquinha para pagar”, exemplifica. “Enquanto isso, os políticos gastam milhões com estádio e com Copa do Mundo. Não dá pra levar fé nos caras”, arremata.

Redes sociais
Para o jornalista e doutor em História Cultural Aylê-Salassié Filgueiras Quintão, há ainda um outro elemento a desestabilizar o quadro eleitoral deste ano. “Além desses jovens, há ainda um percentual muito grande de eleitores que embarcaram no chamado ‘espiral do silêncio’. São pessoas que não manifestam opiniões políticas por medo de que elas se choquem contra a opinião majoritária na sociedade. Esse é um grupo cujo comportamento eleitoral só vai ser conhecido na hora da urna”, ressalta. O tema foi desenvolvido por Quintão no livro Rupturas, lançado em Brasília e no Rio de Janeiro no fim do mês passado. No volume, Quintão também traça um perfil do eleitor jovem. “Eles estão permanentemente conectados em rede, no que eu chamei de ‘parlamento virtual’, onde são debatidos principalmente temas pontuais, de forma descontinuada. Não há ali um grande debate sobre os rumos dos país, e nem esses jovens expressam uma ideologia clara. O único traço comum é uma desconfiança e descrença generalizadas contra todas as instituições e partidos políticos”, comenta o especialista.

Preocupada com a possibilidade de um novo recorde no número de brancos, nulos e abstenções, a Justiça Eleitoral lançou uma campanha para conscientizar o público jovem sobre a participação democrática pela via eleitoral. Pensada no formato de vídeos curtos, feitos para a internet e para as redes sociais, a campanha tem como mote a frase #vempraurna, numa alusão a um dos gritos de guerra empregados pelos jovens nas passeatas do ano passado. Artistas como Carlinhos Brown, Daniela Mercury e Bell Marques (ex-Chiclete com Banana) participaram das gravações ao longo desta semana, em Salvador (BA). Nos vídeos, os músicos serão mostrados com camisetas estampadas com a logomarca da campanha.

Cronologia
1532
» Primeiro pleito de que se tem notícia no Brasil. Eleição indireta para o Conselho Municipal de São Vicente, primeira vila fundada na então colônia portuguesa.

1821
» Primeira eleição brasileira em moldes modernos. Homens livres, a partir dos 25 anos, inclusive analfabetos, podiam eleger representantes para a Corte portuguesa. Casados e oficiais militares tinham direito ao voto aos 21 anos. Não existiam partidos políticos. A votação não era secreta.

1824
» É editada a primeira legislação eleitoral brasileira. O voto era censitário, ou seja, não restrito àqueles que preenchessem condições econômicas. Poderia ser por procuração e não existia título de eleitor. Estavam excluídos da vida política nacional quem estivesse abaixo da idade limite, as mulheres, os assalariados em geral, os soldados, os índios e — evidentemente — os escravos.

1842
» É proibido o voto por procuração.

1881
» A Lei Saraiva estabelece a obrigatoriedade do título de eleitor. O analfabeto perde o direito de votar.

1889
» A Proclamação da República não assegura o direito ao voto a menores de 21 anos, mulheres, analfabetos, mendigos, soldados rasos, indígenas e integrantes do clero.

1891
» O voto direto para presidente e vice-presidente aparece pela primeira vez na Constituição Republicana, com o presidencialismo.

1894
» Primeira eleição direta para presidente. Prudente de Morais chegou ao poder com cerca de 270 mil votos que representavam quase 2% da população brasileira da época.

1932
» A Justiça Eleitoral é criada. É assegurado à mulher o direito de ir às urnas e garantido o sigilo dos votos. A médica paulista Carlota de Queiroz foi eleita deputada.

1934
» A Constituição estabelece a idade mínima obrigatória de 18 anos para o exercício do voto.

1937
» No Estado Novo, o código eleitoral é revogado. As eleições livres são suspensas e é estabelecida eleição indireta para Presidente da República, com mandato de seis anos. As mulheres só voltam a votar em 1946.

1945
» Retorno das eleições.

1946
» A Constituição não exigia a maioria absoluta dos votos para representantes do Executivo. Assim, menos da metade dos eleitores levaram três presidentes ao poder: Getúlio Vargas, em 1950; Juscelino Kubitschek, em 1955; e Jânio Quadros, em 1960.

1963
» Com a renúncia de Jânio Quadros em 1961, o Congresso condicionou a posse de João Goulart ao parlamentarismo. Em janeiro de 1963, contudo, o brasileiro participou do primeiro referendo, que teve como resultado a rejeição do novo sistema.

1964
» Golpe militar proíbe o voto direto para presidente e para representantes de outros cargos majoritários, como governador, prefeito e senador. Apenas deputados federais, estaduais e vereadores eram escolhidos nas urnas.

1968
» O Ato Institucional 5 dá plenos poderes ao governo. O Congresso é fechado e muitos parlamentares são cassados.

1972
» São restauradas as eleições diretas para senador e prefeito, exceto para as capitais.

1978
» É editado o Pacote de Abril, que determina a eleição de apenas dois senadores, um eleito diretamente e outro indiretamente pelas assembleias legislativas.

1984
» Começa a campanha pelas eleições diretas.

1985
» É eleito indiretamente o primeiro presidente civil após o período militar. Emenda constitucional restabelece eleições diretas para presidente e prefeitos de cidades consideradas área de segurança pelo regime militar. A emenda concede direito de voto aos maiores de 16 anos e analfabetos.

1988
» É promulgada nova Constituição, que estabelece eleições diretas. Prevê o voto facultativo para analfabetos, os maiores de 70 anos e os jovens entre 16 e 18 anos.

1989
» Após 29 anos, o Brasil elege o primeiro presidente pelo voto direto.

1996
» As urnas eletrônicas são usadas pela primeira vez nas eleições municipais.

2008
» Começa a ser testada a identificação biométrica dos eleitores, nas eleições municipais.

Regulação da mídia e guerrilha na internet marcam debates no 1º dia da Camping Party do PT

Evento em São José dos Campos, SP, treina militantes do partido para ações nas redes sociais durante a campanha eleitoral

Silvia Amorim - O Globo

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (SP) - O uso da internet para o embate eleitoral e a regulação dos meios de comunicação foram os temas que marcaram o primeiro dia de debates do Camping Digital, evento organizado pelo PT em São José dos Campos, no interior paulista, para treinar militantes para ações nas redes sociais. Sem a presença de lideranças do partido, o movimento foi pequeno nesta sexta-feira nas dez tendas montadas em um clube de campo.

Em uma delas, que tratou de "inovações nas redes e páginas de esquerda", palestrantes ensinaram a jovens técnicas para ter um blog de conteúdo político e como conseguir audiência.

- A gente tem que ser criativo e dar porrada nos caras - disse uma das palestrantes, Leila Farkas, autora de blogs como Fora Alckmin Fora tucanos e Eu quero Padilhar para melhorar São Paulo.

Ela mostrou fotos usadas na internet e que tiveram repercussão nas redes sociais contra os adversários como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), do senador Aécio Neves (PSDB) e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Os temas usados para incomodar a oposição foram a ameaça de racionamento de água em São Paulo, a lotação do metrô paulista e as denúncias contra a Petrobrás. Em uma das fotos utilizadas, Alckmin aparece fazendo o gesto que notabilizou um dos personagens do humorista Chico Anísio, o professor Raimundo - ‘e o salário oh’ - e acima da foto a pergunta: quanta água ainda temos no Sistema Cantareira?

Foram recorrentes as críticas aos veículos de comunicação. Uma das leituras recomendadas aos militantes nesse primeiro dia foi a do blog "Curso Básico de Jornalismo Manipulativo".

A regulação da mídia foi tema de dois painéis desta tarde - Lei de Meios, o que muda? e Por que democratizar?. Mas o assunto foi tema de discussão em diversos outros debates. De forma unânime, os palestrantes - blogueiros, representantes de movimentos sociais e acadêmicos - defenderam a aprovação de uma lei para regular os meios de comunicação. Mas, nessa questão, o próprio governo Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula foram alvo de duras críticas por não terem liderado um movimento a favor da proposta.

- Essa mobilização depende de mobilizações e vontade política. No momento em que o governo tiver disposição de fato para capitanear essa causa, a coisa vai - afirmou Jonas Valente, um dos palestrantes e militante do movimento Observatório do Direito à Comunicação.

- Meia dúzia de figuras comandam de forma obscura e sem direito à crítica a comunicação no nosso país. A lei é uma necessidade de se criar um passo civilizatório - afirmou o jornalista Leandro Fortes, um dos palestrantes do painel Lei de Meios, o que muda?.

Os debates continuam neste sábado e o movimento promete ser maior com a realização de um ato político no início da noite com a presença de lideranças do PT.

Descabido apelo às ruas: O Estado de S. Paulo - Editorial

Em queda nas pesquisas, fustigada pelo escândalo da Petrobrás e com uma base de apoio parlamentar cada vez mais fisiológica e arisca, a presidente Dilma Rousseff resolveu apelar às ruas. Em encontro recente no Palácio do Planalto, ela pediu a militantes de movimentos sociais que realizem protestos para pressionar o Congresso a aceitar uma reforma política.

Esse caminho populista e autoritário é bastante conhecido na história do Brasil, com resultados quase sempre trágicos. Os exemplos do passado - a ópera-bufa de Fernando Collor de Mello é apenas o mais recente - deveriam ser suficientes para que Dilma evitasse a tentação de convocar o "povo" contra o Congresso, para aprovar projetos de interesse do Executivo ou simplesmente para impor-se em disputas de poder.

Como em muitas outras áreas de sua desastrosa administração, porém, Dilma parece não ter noção do absurdo de suas propostas nem do modo atabalhoado como as encaminha.

Movida por interesses eleitoreiros, como tem sido a praxe desde que assumiu o governo, a presidente poderia ter apenas se limitado a posar para a foto com os tais ativistas. Afinal, é só a imagem que interessa na estratégia marqueteira que ora dirige a agenda do Planalto. Mas ela decidiu ir além.

Na reunião com os militantes, Dilma lhes disse, segundo o relato de diversos participantes, que não será possível fazer a reforma política "só na relação entre governo e Congresso". Uma das convidadas ao encontro afirmou que, segundo Dilma, "não é uma questão só de caneta, que a maioria que ela tem no Congresso não é uma maioria em todos os temas e que é preciso uma conjuntura que envolva as ruas para pressionar o Congresso a fazer a reforma política".

Como essa declaração não foi desmentida pelo Planalto, é lícito supor que seja fidedigna. Então, trata-se da admissão explícita da situação desconfortável de Dilma no Congresso e de sua intenção de confrontá-lo de alguma maneira.

A presidente chegou a sugerir que um movimento desse tipo seria comparável ao das Diretas Já, que entre 1983 e 1984 mobilizou o País para exigir que o Congresso aprovasse eleições livres para a Presidência. A comparação não tem nenhum cabimento. Naquela época, ainda vigorava o regime militar, que via a campanha das Diretas Já como "subversiva", nas palavras do então presidente João Figueiredo. Tal atmosfera constrangia o Legislativo, razão pela qual a emenda das eleições diretas para presidente foi rejeitada.

Já o atual Congresso não está constrangido por coisa alguma, a não ser pelos interesses paroquiais dos parlamentares e por disputas de poder entre partidos governistas. É a soma de uma presidente fraca e despreparada com uma base aliada cúpida que transforma cada votação de interesse do governo num suplício.

A presidente afirmou que a campanha eleitoral é o momento para discutir a reforma política e pediu que os movimentos sociais "pautem" a discussão. Não é a primeira vez que o oportunismo de Dilma se manifesta sobre esse tema. Em meio às manifestações de junho de 2013, a presidente prometeu empenhar-se para aprovar a reforma - reivindicação que não estava no cardápio dos manifestantes, que protestavam contra os péssimos serviços públicos.

Primeiro, Dilma propôs uma Constituinte exclusiva, algo flagrantemente ilegal. Depois, sugeriu um plebiscito, em que o eleitor seria convidado a opinar sobre as mudanças. A iniciativa, obviamente, gorou.

Mas a presidente não desiste. Ao falar a ativistas que apenas queriam atenção às suas reclamações, Dilma reintroduziu o tema da reforma, porque acredita que apenas uma mudança drástica nas regras do jogo irá libertá-la da necessidade de fazer política - atividade para a qual ela já demonstrou não ter a menor aptidão.

Ninguém tem dúvida de que uma ampla reforma política é necessária ao País. O problema é que as mudanças defendidas pelos petistas certamente não têm outro objetivo senão o de lhes permitir a consolidação de sua hegemonia.

Cristovam Buarque: Avestruz suicida

Preferimos esconder a cabeça para não ver os problemas

- O Globo

Vem desde os gregos a ideia de que o homem é um animal político. Os outros animais se movem por instinto, os homens pela conversa. Cada vez que três pessoas tentam decidir algo fazem política. Mas, olhando para os brasileiros de hoje, pode-se dizer que o político é um animal parecido ao avestruz. A exemplo desta ave há uma preferência por esconder a cabeça para não ver os problemas ao redor.

Nesse momento, o animal político brasileiro debate sobre fazer ou não uma CPI para apurar os desmandos na Petrobras. Os que não querem a CPI escondem as cabeças para não descobrir o que está acontecendo; os que desejam descobrir o que está ocorrendo na Petrobras não percebem o problema maior da crise energética que enfrentamos.

Diante da grave crise energética que se abaterá sobre o mundo inteiro, nas próximas décadas, os políticos se comportam como avestruz. Não despertam para os limites da disponibilidade de petróleo que se esgotará, esgotando também a Petrobras, qualquer que seja a competência e honestidade de sua direção depois de uma CPI séria. Nem despertam para o enorme potencial que temos para gerar energia a partir de novas fontes, tal como a energia solar, e ainda a relegada e criativa experiência do etanol.

O animal político brasileiro se comporta como avestruz para não ver a gravidade da violência espalhada, profunda e destruidora sobre todo o tecido social brasileiro. Não percebe que vivemos um tempo de guerra, com mais de 50 mil mortos por ano, vítimas de assassinatos. Com a cabeça escondida, deixamos de ver a violência e o medo generalizado nas ruas das cidades.

Escondemos a cabeça para não identificar e entender as causas da guerrilha de grupos organizados por meio de celulares e de computadores para queimar ônibus, impedir o trânsito, paralisar serviços.

E, tal como avestruz, decidimos enfrentar parte dessa guerra espalhada envolvendo localmente as Forças Armadas; não ver os riscos de soldados serem mortos por traficantes dentro do território nacional ou de soldados matarem acidentalmente crianças no meio de tiroteio. O que em guerra se chama de efeito colateral, dentro do território nacional será chamado de assassinato.

Não vemos os riscos de nossas cidades degradadas, da economia baseada em produtos primários, enquanto os outros países investem em produtos de alta tecnologia.

O avestruz prefere não ver o triste futuro de um país que não cuida de suas crianças, abandonando-as e jogando-as em escolas sem aulas, sem equipamentos, sem professores e sem avaliação, onde não conseguem concluir o ensino fundamental. Só um avestruz não vê o triste futuro do Brasil retratado na cara de suas escolas de hoje.

Também é comportamento de avestruz não perceber a falta de credibilidade nos políticos, vistos como um tipo especial de avestruz que, além de esconder a cabeça, enfia as mãos no chão para trocar favores com recursos públicos. Continuar agindo dessa forma é o comportamento de avestruz suicida.

Cristovam Buarque é senador (PDT-DF)

Rolf Kuntz: Economia vira-lata, mas sem complexo

- O Estado de S. Paulo

Transformado pelo governo em vira-lata econômico, o Brasil continuará atolado na mediocridade nos próximos três anos, crescendo menos que a maioria dos emergentes e suportando uma inflação mais alta, segundo as projeções embutidas no projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). A economia crescerá míseros 3% em 2015 e 4% em cada um dos dois anos seguintes, de acordo com a tabela acrescentada ao projeto. A inflação ficará em 5% no próximo ano e em seguida recuará para o centro da meta, 4,5% - previsão muito mais otimista que as do Banco Central (BC), do mercado e das instituições econômicas e financeiras multilaterais. Para este ano o governo mantém, oficialmente, a expectativa de 2,5% de expansão do produto interno bruto (PIB), número também citado no projeto da LDO.

O governo parece conformado com a condição de vira-lata econômico (mas sem complexo) imposta ao Brasil por sua política. Não admite, é claro, sua responsabilidade e continua atribuindo a estagnação do País à crise externa, como se essa crise, estranhamente, afetasse o Brasil muito mais que outros países de economia muito mais aberta. Muitos desses países, no entanto, têm crescido bem mais que o Brasil e continuarão crescendo, nos próximos anos, segundo as projeções conhecidas.

O Fundo Monetário Internacional (FMI), para citar só um exemplo, calcula para a economia brasileira taxas de crescimento de 1,8% neste ano, 2,7% no próximo e 3,5% em 2019. O salto para 2019 dá uma ideia da evolução considerada provável no período intermediário. No caso da Colômbia, a projeção é de uma taxa firme de 4,5% entre 2014 e 2019, com possíveis variações, é claro, em torno dessa média. As estimativas para o Peru são de 4,8%, 4,5% e 4,5%. Para o Chile, 3,6%, 4,1% e 4,5%. Para o Paraguai, 4,8%, 4,5% e 4,5%. Para a China, 7,5%, 7,3% e 6,5%, com passagem gradual e sem trauma para a um modelo com taxa de investimento provavelmente menor e menor dependência da exportação. Em todos esses casos, a inflação projetada é menor que a do Brasil.

Na maior parte das economias emergentes e avançadas o potencial de crescimento foi reduzido nos últimos anos, segundo o FMI. Esse diagnóstico vale também para a China, embora o país, segundo as previsões, deva continuar muito dinâmico.

No caso do Brasil, o potencial de crescimento está estimado pelo FMI e por outras fontes nacionais e estrangeiras em cerca de 3%, e até menos, e só será elevado com muito mais investimentos em capital físico e em formação de capital humano. Por mais de uma causa, a começar pela demografia, o crescimento econômico baseado na incorporação de mão de obra está encerrado. A expansão dependerá, nos próximos anos, do acréscimo de capital e do aumento da produtividade. Também no governo parece haver alguma percepção desse fato, traduzida, por exemplo, na nova retórica de valorização do ensino técnico e na promessa de mais investimentos em infraestrutura.

Mas a educação, de modo geral, continua desastrosa. Isso é comprovado pela participação brasileira em testes internacionais para estudantes, quase sempre com resultados muito ruins. É comprovado também pela dificuldade, apontada por entidades da indústria, de encontrar pessoal com um mínimo razoável de qualificação. A própria indústria continua formando pessoal, em cursos básicos e técnicos e, em muitos casos, diretamente nas fábricas. Quanto ao investimento físico, permanece na faixa de 18% a 19% do PIB, muito abaixo do nível necessário. Assim continuará, provavelmente, enquanto faltar um ambiente seguro para as decisões empresariais e o governo for incapaz de formular e de administrar projetos com alguma competência.

O fiasco do PAC 2, a segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento, ilustra com clareza as dificuldades do governo para cuidar de planos de investimento. Em dezembro continuavam no papel, depois de três anos, 53,3% das ações previstas no programa. "No papel" significa em ação preparatória, em contratação, em licitação ou ainda em fase de projeto. Esse conjunto incluía 26.154 iniciativas. A maior concentração de atrasos, com 10.553 ações nas etapas iniciais, foi detectada no Ministério da Educação, com apenas 4,9% de empreendimentos concluídos. O Ministério da Saúde, com o maior número de ações previstas no Executivo (16.155), só terminou 8,8%. Candidato a governador de São Paulo, o ex-ministro Alexandre Padilha terá uma excelente segunda oportunidade, se eleito, de testar sua competência administrativa.

Segundo o projeto da LDO, o crescimento econômico de 3% previsto para 2015 será um avanço na direção do potencial, isto é, de um taxa de 4%. Para o governo, portanto, a capacidade de expansão da economia brasileira já é maior do que aquela estimada por alguns dos mais respeitados analistas nacionais e estrangeiros. Falta explicar por que o desempenho efetivo ficou tão abaixo desse potencial nos últimos três anos, continua abaixo em 2014 e assim permanecerá em 2015. Atribuir esse resultado às condições internacionais é tão fantasioso e tão despropositado quanto explicar a inflação brasileira, persistente e muito elevada, apenas por algumas pressões localizadas, como a dos alimentos.

A própria meta oficial, 4,5%, é muito alta pelos padrões internacionais. A insistência nessa número, desde 2005, já é uma comprovação de tolerância. Mas nem se pode dizer com certeza se essa é a meta efetivamente considerada pelas autoridades, pelo menos fora do BC. De fato, têm dito alguns analistas, o alvo levado em conta na política econômica deve estar na faixa de 5,5% a 6%.

Essa tolerância está associada ao gosto pela gastança e à política fiscal frouxa. Ao indicar no projeto da LDO a meta fiscal para 2015, um superávit primário de 2,5% do PIB, destinado ao serviço da dívida, o Executivo já tratou de mencionar o abatimento provável dos investimentos do PAC. A meta efetiva, pode-se apostar, é só 2%.

Merval Pereira: Desinteresse

- O Globo

As pesquisas eleitorais que estão sendo divulgadas recentemente refletem ambiente político bem diverso daquele com que se depararão os candidatos a partir de julho, quando os partidos já terão definido oficialmente seus escolhidos, e começarão os debates na televisão e a propaganda eleitoral, em agosto.

No momento, a pesquisa do Ibope mais recente registrou que nada menos que 56% dos entrevistados têm pouco ou nenhum interesse nas eleições de outubro. O fato de que 37% dos pesquisados optaram por “nulo ou em branco” ou “não sabe”, já devidamente registrado aqui, mostra que boa parte dos desinteressados escolheu a resposta mais condizente com seu estado de espírito no momento.

Não é provável que esse número se sustente nas eleições, embora possa ser maior do que o registrado em 2010 — de 8,6% no primeiro turno —, pelo aumento da frustração do eleitorado com a classe política. Da mesma maneira, os eleitores que estão deixando, com certa regularidade, de escolher o nome da presidente Dilma nas pesquisas dos últimos dias devem acabar optando por um dos nomes da oposição, caso o governo não consiga reverter a tendência de descrédito que no momento o atinge.

Os especialistas em pesquisas eleitorais dizem que o movimento mais habitual dos eleitores desiludidos é fazer uma parada nos indecisos (ou branco ou nulo) para depois escolher a melhor alternativa.

Tanto o candidato do PSB, Eduardo Campos, quanto o do PSDB, Aécio Neves, ainda têm espaço para serem conhecidos pelos eleitores, e para eles o programa eleitoral na televisão antes da campanha pode sera bala de prata. Não funcionou, aparentemente, para a dupla Eduardo Campos-Marina, que apareceu na televisão nos dias em que a pesquisa do Ibope foi realizada. Campos não saiu do lugar, e Marina ainda não demonstrou ser capaz de transferir seus votos, ou parte deles, para sua chapa. Já Aécio Neves teve seu programa de televisão transmitido depois do fechamento da pesquisa do Ibope, embora a reação a algumas inserções publicitárias possa ter sido captada. Continua com a esperança de que uma exposição maior lhe dará um reconhecimento do eleitorado que até agora se mostrou restrito.

Os candidatos do PSDB tinham neste momento, nas campanhas anteriores, índice maior do que os 15% que as pesquisas dão a Aécio Neves. Mas tanto José Serra quanto Geraldo Alckmin tinham a exposição que os governos de São Paulo e federal dão aos seus titulares, enquanto Aécio passou os últimos quatro anos como senador.

De positivo para ele há a constatação de que uma das teses mais caras a seu principal rival na oposição, o ex-governador Eduardo Campos, não está se revelando eficaz até o momento.

A terceira via, para acabar com a polarização entre PT e PSDB, não parece empolgar o eleitorado.

Um trabalho da equipe da PUC do Rio de Janeiro que o cientista político Romero Jacob coordena aponta que a terceira via não tem se mostrado viável, pois não se observa nada em comum, do ponto de vista eleitoral ou geográfico, entre os terceiros colocados nas eleições anteriores : Brizola (1989), Enéas (1994), Ciro (1998), Garotinho (2002), Heloísa Helena (2006) e Marina (2010).

Ele chama de “a maldição do terceiro colocado” o destino político desses candidatos que surgiram como opção alternativa aos líderes das corridas presidenciais e não deram certo em nível nacional.

A ex-senadora Marina Silva poderia ter quebrado essa “maldição” se tivesse conseguido registrar seu partido político, mas teve que adiar seu sonho para 2018 e embarcar no sonho de Eduardo Campos este ano. 

Denise Rothenburg: Brasília-DF

- Correio Braziliense

Dilma e a reforma
Já está nas mãos da presidente Dilma Rousseff a análise da reforma política, que teve como relatores os cientistas políticos Murillo de Aragão e José Moroni. Aragão foi direto ao dizer em alto e bom som à presidente que a reforma só avançará se houver um pacto republicano, envolvendo os Três Poderes. Além disso, é preciso fazer isso em etapas, como ocorreu na reforma sistema financeiro internacional, com os acordos de Basiléia 1, 2 e 3, que elevaram o padrão de segurança e de liquidez dos bancos no mundo.
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Dilma respondeu que os poderes Executivo e Judiciário querem a reforma. Não mencionou o Poder Legislativo. Sinal de que não acredita no empenho do Congresso para aprovar as propostas em discussão. Esse parece mais um ponto que manterá afastada a presidente dos congressistas.
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Em tempo: a elaboração do texto, liderada por Aragão e Moroni, teve a participação do ex-presidente da OAB Cezar Brito, do ex-governador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto, e de dom Demétrio, da CNBB.

O homem-bomba
O ex-vice presidente da Câmara André Vargas está tirando o sono da cúpula petista. Ao se sentir abandonado, vive altos e baixos. Na baixa, jura que não ficará sozinho no porão da política. Já tem gente sentindo falta de José Dirceu que, em situações difíceis, sempre convencia seus companheiros a não envolver todo o PT. Até porque, nesse caso, juram alguns, o PT não está diretamente relacionado ao problema.

Seguro de viagem
Antes de seguir para a China, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), garantiu que o DEM, do senador José Agripino (RN), não dará legenda para a governadora Rosalba Ciarlini concorrer à reeleição no Rio Grande do Norte. A ordem do PMDB por lá é fazer parceria com o DEM.

Nunca antes…
Na reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, semana passada, a presidente Dilma testou o velho bordão de Lula “nunca antes na história desse país…”, que voltará com força na campanha reeleitoral. Ela afirmou que nunca foram construídos ou ampliados metrôs em nove capitais simultaneamente, como é feito agora. E dê-lhe a citar BRTs, VLTs e todas as obras em aeroportos.

Dúvida cruel/ Com tantas convenções partidárias marcadas para 10 de junho, às vésperas da abertura da Copa, os tucanos estão com dificuldade para dar a largada oficial da candidatura de Aécio Neves nessa data, em São Paulo, que estará no clima do jogo inaugural, no Itaquerão. Há quem defenda o adiamento… A decisão sai na terça-feira, na reunião da Executiva do partido.

Em solo cearense/ Aécio fala hoje à noite à Rádio Verdes Mares, uma das mais tradicionais do Ceará. A desculpa é responder às críticas feitas pelo ex-ministro Ciro Gomes, mas tudo o que Aécio deseja por lá é tirar uma lasquinha da vantagem eleitoral de Dilma Rousseff.

Por falar em Ceará…/ E não é que o governador Cid Gomes terminou mesmo tirando férias? Só volta a trabalhar depois do dia 25. E olha que, há uma semana e meia, ele havia garantido que não sairia do posto justamente para não deixar o líder do PMDB, Eunício Oliveira, se aproximar do PT. O governo está a cargo do desembargador Gerardo Brígido, num momento em que quatro desembargadores do estado estão sob investigação no Conselho Nacional de Justiça. Que coisa…

Bruno na lida/ Bruno Dantas, hoje consultor jurídico da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), já começou a percorrer os gabinetes dos senadores em busca de votos para o Tribunal de Contas da União (TCU). Sabe como é, o Senado está de um jeito que não dá para confiar apenas no poder dos padrinhos formais, no caso, Renan Calheiros e José Sarney.

Cláudio Humberto: Diário do Poder

- Jornal do Commercio (PE)

• País tem mais ministérios que EUA e Chile juntos
A promessa do presidenciável Aécio Neves (PSDB) de, eleito, reduzir o número de ministérios, faz lembrar que o Brasil tem mais ministérios que a soma de todos os que existem nos governos dos Estados Unidos e do Chile. Com 39 ministros sem autonomia nem metas a perseguir, o governo Dilma Rousseff sucumbe ao inchaço, com crescimento pífio da economia e estagnação no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

• Menos é mais
Com 15 ministérios e cerca de 2 milhões de servidores, os americanos mantêm a maior potência do mundo funcionando sem inchar o governo.

• Exemplo da vizinha
Com 80% de aprovação, a presidente do Chile, Michelle Bachelet, e seus 20 ministros comandam o país de melhor IDH da América Latina.

• No quadrado errado
Aloizio Mercadante reflete a confusa gestão Dilma. Já foi ministro de Ciência, de Educação e está na Casa Civil. E só entende de economia.

• Brasília, 54
A Câmara vai homenagear nesta terça-feira (22) os 54 anos de Brasília. O evento acontece no Plenário Ulysses Guimarães, às 9h30.

• Luz no fim do túnel na novela da ex-TV Manchete
O Tribunal de Justiça de São Paulo determinou intervenção judicial e afastamento da diretoria da Rede TV!, sucessora da TV Manchete, que foi extinta em 1999 após calote de mais de R$ 500 milhões em funcionários e fornecedores. A novela judicial da dívida da família Bloch, assumida pela Rede TV!, parece mais perto do fim com a possível execução da penhora de 10% do faturamento do canal de Amilcare Dallevo, o principal sócio.

• Barão da TV
A sentença cita matéria sobre “a vida de Luiz XVI” de Amilcare Dallevo em São Paulo, com 50 vagas de garagem e dois helipontos em casa.

• Vendo navios
Cita ainda “fortes indícios de movimentação clandestina do dinheiro” da Rede TV!, que agora só terá o Supremo Tribunal Federal para recorrer.

• Pegou pesado
O Sindicato dos Jornalistas do DF representou contra o deputado Jair Bolsonaro (PP) que chamou Manuela Borges (Rede TV) de analfabeta.

• Não é do PMDB
Com medo da volta de Lula, a cúpula do PMDB acredita que o partido dificilmente aceitaria Josué Gomes para vice, em lugar de Michel Temer. Cristão-novo, ele é tido como “soldado do Lula, não do PMDB”.

• Trem desgovernado
Mais constrangedor que a presidente da Petrobras admitir “mau negócio” na refinaria de Pasadena, foi Graça Foster dizer que soube das maracutaias doleiras do ex-diretor Paulo R. Costa “pela imprensa”.

• Retífica CH
A pesquisa do PMDB-MA, que aponta Lobão Filho perto de Flávio Dino (PCdoB) na disputa ao governo, não foi registrada no TRE-MA e foi feita em apenas um município, não refletindo a situação dos candidatos.

• Ladeira abaixo
Os chineses estão muito preocupados com a queda de seu PIB. O crescimento do país este ano deve ficar na casa dos 7,4%. Enquanto isso, no Brasil ficaremos felicíssimos se o crescimento chegar a 1,5%.

• Upgrade
Rival do tio Antônio Valadares e do primo Valadares Filho (PSB-SE), o ex-deputado Pedro Valadares colou em Eduardo Campos e acabou promovido a assessor especial. Ele cuidará da agenda em SP e no DF.

• Surra nele
Enquanto parte dos cristãos malham Judas neste sábado de aleluia, o governo segue firme malhando o contribuinte. Ao final do dia, o valor total pago em impostos passará de R$ 520 bilhões, só em 2014.

• Lados opostos
Ex-líder do PT, Maurício Rands (PSB-PE) comemora o pré-lançamento da candidatura de Eduardo Campos contra reeleição de Dilma (PT): “Concluímos a aliança programática, e consolidamos a eleitoral”.

• Mais da mesma coisa
O político argentino Sérgio Massa se encontra em São Paulo com a nata do empresariado brasileiro, na Fiesp. Apesar dos esforços para se apresentar como símbolo de algo novo, ele não engana: é peronista como Cristina Kirchner e, mais, foi chefe seu de gabinete.

• Ponto sem vírgula
Triste país em que não procurar emprego entra em estatística do IBGE.