segunda-feira, 4 de agosto de 2008

DEU NO JORNAL DO BRASIL

`DIPLOMATA' ENTRE O PODER PARALELO E O ESTADO

A nova legislação eleitoral tem favorecido a candidatura dos mais pobres. É o que acredita o candidato a vereador Luís Cláudio dos Santos, o Claudinho da Merindiba (PSDC), do Complexo da Penha, na Zona Norte. ­ A gente pensava: como ser candidato sem dinheiro? Com a nova lei e a proibição de brindes, isso se tornou possível ­ acredita Claudinho, que chegou a ser posto sob suspeita de ter a ficha suja e teve de obter certidões negativas para provar que as anotações penais na sua ficha de inscrição no TRE pertenciam a homônimos. Para o candidato, o líder comunitário tem sido um diplomata da comunidade, entre o poder paralelo e o oficial. ­ Não sou candidato do tráfico, mas ele existe e preciso transitar em todos os territórios para representar os interesses da comunidade no relacionamento com o tráfico, com a polícia, com o hospital ­ explica Claudinho, candidato apoiado por pelo menos quatro das 12 comunidades do Complexo da Penha. ­ Estabelecemos aqui com clareza o que é tráfico, o que é movimento comunitário. Um não se mete com o outro. Segundo Claudinho, a força do poder paralelo aumentou muito nos últimos cinco anos. ­ A ausência do Estado é cada vez maior, a não ser pela presença violenta da polícia. O mais grave é a inexistência de um programa de capacitação dos jovens. Sem perspectivas, cada vez mais ingressam no mundo do crime. O candidato revela que a própria experiência de vida o afasta do tráfico: ­ Sofri viciado em drogas durante dez anos. Consegui sair dessa com uma missão, quero ver as coisas mudarem ­ afirma ele, que, aos 24, entrou para a Universal, de onde saiu quatro anos depois para outra igreja evangélica.

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