segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Ele é o presente

"O que é atual em Theodor W. Adorno não é meramente o que ?resta? de seu pensamento, mas o que nele ainda incomoda e faz pensar, reafirmando a melhor tradição do pensamento crítico e dialético. Não por acaso, Adorno tornou-se leitura obrigatória em várias disciplinas acadêmicas (educação, sociologia, filosofia, literatura, psicologia, comunicação, direito) por recusar as separações estanques entre os domínios do pensamento. A dialética por ele desenvolvida, atividade crítica por excelência, revela as contradições presentes nos mais variados objetos (sociais, artísticos e filosóficos), contrapondo-se ao pensamento enrijecido e classificatório, que está na base tanto do positivismo quanto do nazismo, que sobrevivem numa sociedade marcada pela reificação das relações humanas, a serviço da mera reprodução do capital."

JORGE DE ALMEIDA, PROFESSOR DE TEORIA LITERÁRIA NA USP

"A atualidade de Adorno pode ser vista em três temáticas interligadas: a filosofia social, a estética num sentido mais amplo e a teoria crítica da indústria cultural, uma síntese entre as duas primeiras. Pode-se dizer que o neomarxismo mediatizado pela incorporação da psicanálise e pela inspiração da filosofia clássica alemã parece talhado para uma compreensão crítica da sociedade contemporânea, formatada por um capitalismo não-concorrencial que difunde a falsa idéia de que sua superioridade reside na livre concorrência econômica e maior liberdade individual. No que diz respeito à estética, constata-se em Adorno uma sensibilidade ímpar para o entendimento dos fenômenos estéticos considerados autênticos - as obras de arte -, contrastantes com o que o filósofo chama ?mercadorias culturais?. Isso leva à menção da terceira temática: a implacável crítica à indústria cultural, que é entendida como braço ideológico do capitalismo oligopolista contemporâneo, tanto mais evidente quanto mais ele se globaliza e se difunde numa escala planetária."

RODRIGO DUARTE, PROFESSOR DE FILOSOFIA NA UFMG

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