Kennedy Alencar
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
EDUCATIVA A civilidade entre dois potenciais candidatos à Presidência em 2010: o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). Eles gostam um do outro. Respeitam-se.
Da relação de Serra com Lula, nem se fale. Gera ciúme de homem, aquele do pior tipo, no PT e no PSDB -esses primos da redemocratização brasileira que vivem entre tapas e beijos. Por conveniência, a fase agora é de beijos.
O presidente e a gerente enfrentam o seu maior desafio. A crise econômica apenas começou a dar as caras. Vem uma avalanche por aí que poderá minar a chance de êxito eleitoral de uma candidatura governista. A crise econômica respinga em Serra, mas é pior para Lula e Dilma. Na tempestade, é aconselhável sintonia fina entre o governo federal e o Estado com a economia mais forte.
Mas que ninguém se iluda. Em 2010, voltarão os tapas.
É verdade que Lula não acharia um desastre ser sucedido por Serra ou pelo governador de Minas, Aécio Neves. Acharia bem ruim.
O petista acredita que um governo tucano desconstruiria marcas de sua gestão. Alguém já ouviu falar em herança maldita? Se eleger a sucessora, o presidente imagina que seu governo e sua pessoa serão mais valorizados historicamente.
Lula diz que não entregará a rapadura de mão beijada.
Ouve-se no Palácio do Planalto que as regiões mais pobres do Brasil cresceram nos últimos anos e dificilmente aceitarão na Presidência um político tão paulista como Serra. Ninguém no PT dirá que ele era contra a política econômica de Fernando Henrique Cardoso. A provável aliança com o DEM (ex-PFL) será apontada como tentativa de volta aos anos FHC.
Se a gerência da crise deixar, Lula subirá nos palanques para dizer que a vida melhorou, que a oposição chamava o Bolsa Família de "Bolsa Esmola" e que Dilma seria a garantia de continuidade de um governo para os mais pobres.
No PSDB, ouve-se que seria um feito o Brasil eleger uma ex-guerrilheira. Aposta-se na inexperiência eleitoral de Dilma. Tucanos acham que seu gênio forte não resistirá ao corredor polonês de uma campanha presidencial. Falam que, se as palavras de Dilma nas reuniões reservadas viessem a público, sua candidatura se inviabilizaria.
Serra afia o discurso de que o Brasil aproveitou mal a mais recente fase de prosperidade mundial por erros da política econômica.
Amigos, amigos, política à parte.
Kennedy Alencar é repórter especial da Folha.
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
EDUCATIVA A civilidade entre dois potenciais candidatos à Presidência em 2010: o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). Eles gostam um do outro. Respeitam-se.
Da relação de Serra com Lula, nem se fale. Gera ciúme de homem, aquele do pior tipo, no PT e no PSDB -esses primos da redemocratização brasileira que vivem entre tapas e beijos. Por conveniência, a fase agora é de beijos.
O presidente e a gerente enfrentam o seu maior desafio. A crise econômica apenas começou a dar as caras. Vem uma avalanche por aí que poderá minar a chance de êxito eleitoral de uma candidatura governista. A crise econômica respinga em Serra, mas é pior para Lula e Dilma. Na tempestade, é aconselhável sintonia fina entre o governo federal e o Estado com a economia mais forte.
Mas que ninguém se iluda. Em 2010, voltarão os tapas.
É verdade que Lula não acharia um desastre ser sucedido por Serra ou pelo governador de Minas, Aécio Neves. Acharia bem ruim.
O petista acredita que um governo tucano desconstruiria marcas de sua gestão. Alguém já ouviu falar em herança maldita? Se eleger a sucessora, o presidente imagina que seu governo e sua pessoa serão mais valorizados historicamente.
Lula diz que não entregará a rapadura de mão beijada.
Ouve-se no Palácio do Planalto que as regiões mais pobres do Brasil cresceram nos últimos anos e dificilmente aceitarão na Presidência um político tão paulista como Serra. Ninguém no PT dirá que ele era contra a política econômica de Fernando Henrique Cardoso. A provável aliança com o DEM (ex-PFL) será apontada como tentativa de volta aos anos FHC.
Se a gerência da crise deixar, Lula subirá nos palanques para dizer que a vida melhorou, que a oposição chamava o Bolsa Família de "Bolsa Esmola" e que Dilma seria a garantia de continuidade de um governo para os mais pobres.
No PSDB, ouve-se que seria um feito o Brasil eleger uma ex-guerrilheira. Aposta-se na inexperiência eleitoral de Dilma. Tucanos acham que seu gênio forte não resistirá ao corredor polonês de uma campanha presidencial. Falam que, se as palavras de Dilma nas reuniões reservadas viessem a público, sua candidatura se inviabilizaria.
Serra afia o discurso de que o Brasil aproveitou mal a mais recente fase de prosperidade mundial por erros da política econômica.
Amigos, amigos, política à parte.
Kennedy Alencar é repórter especial da Folha.
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