quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A recomposição de Alckmin com Serra e suas duas implicações em 2010

Jarbas de Holanda

Avaliação praticamente consensual da imprensa: a surpreendente incorporação de Geraldo Alckmin ao governo do estado de São Paulo, com a função de secretário de Desenvolvimento, fortalece a pré-candidatura de José Serra à presidência da República, removendo a ameaça de divisão do PSDB paulista e, assim, reforçando o favoritismo dele na disputa com o mineiro Aécio Neves pela indicação do partido do candidato nacional em 2010. Articulada provavelmente pelo ex-presidente FHC, a abertura de expressivo espaço político-administrativo ao ex-governador e candidato derrotado à prefeitura paulistana serve também como contraponto à imagem de Serra como duro ou vingativo na luta partidária interna, configurando – ao contrário – uma ação conciliadora e agregadora. O próprio Aécio Neves – cuja pré-candidatura tucana se enfraquece com a recomposição Serra/Alckmin – reagiu habilmente ao golpe, apressando-se em elogiá-la: “Ganham o governo e o estado de São Paulo, que passará a ter um colaborador de altíssimo nível”.

Outro dividendo dessa recomposição (e da presença de Alckmin no governo do estado, “no qual controlará projetos importantes, com investimentos previstos para este ano que se aproximam de R$ 2 bilhões”, conforme destaque da reportagem da Folha de S. Paulo) é que ele, assim, fortalece sua assumida pré-candidatura ao Palácio dos Bandeirantes, podendo reorientar o que parecia constituir o propósito do governador José Serra de caminhar para uma aliança com o PMDB e o DEM em torno da indicação para o cargo do seu vice Aloysio Nunes Ferreira.

E a campanha presidencial de Serra contaria, desse modo, com trunfos poderosos em São Paulo: uma dobradinha com o “candidato natural” do partido ao governo do estado e uma coligação com o PMDB e o DEM para a disputa dos dois postos de senadores paulistas a serem eleitos. Mas a construção de um esquema político-eleitoral de tal latitude depende, ainda, das reações ao projeto de Alckmin por parte dos peemedebistas e democratas, bem como entre os próprios tucanos serristas.

“O caso Battisti passado a limpo”

Do Estado de S. Paulo de 20/1/2009, coluna Direto da Fonte, de Sonia Racy:

“É bem mais duro do que se imagina o texto da carta mandada pelo presidente italiano Giorgio Napolitano ao presidente Lula. A avaliação é do especialista Walter Maierovich, que diz ter recebido telefonema de uma alta figura daquele País, interessado em entender "de onde saiu" a decisão brasileira de dar refúgio a Cesare Battisti. Para a coluna, Maierovich ressaltou aspectos do caso pouco esclarecidos até agora do caso. Alguns deles:

A comparação do caso Battisti com o de Salvatore Cacciola, feita por Tarso Genro, não faz sentido. Cacciola tem cidadania italiana e, por lei, a Itália jamais extradita seus cidadãos.

A França nunca deu refúgio a Battisti. Ele apenas contou com a boa-vontade do governo Mitterrand para "ir ficando" no País. E fugiu para o Brasil quando a Justiça francesa, já no governo Jacques Chirac, aceitou o pedido da Itália para extraditá-lo.

O Tribunal Internacional Europeu, em Estrasburgo, rejeitou seu pedido de proteção, entendendo que era criminoso comum.

Os quatro assassinatos foram praticados em um país democrático, onde inúmeros partidos atuavam, havia eleições livres, parlamento funcionando e nenhuma ditadura ou lei de exceção.
Todos os outros 8 ou 10 extremistas do grupo de Battisti, detidos e condenados, já cumpriram pena e estão em liberdade.Maierovich acusa Tarso de "contar as histórias pela metade" e de ter destratado não só a Justiça da Itália como a da França. E ironizou: "Ele teria dificuldades de passar em um exame da OAB".

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