Villas-Bôas Corrêa
DEU NO JORNAL DO BRASIL
O presidente Lula conseguiu dar a volta por cima de uma das mais complicadas enrascadas em que se envolveu por precipitação e com a dose excessiva de empáfia, na crise de nervos, muito parecida com o chilique, da sua irritada reação à cobertura da imprensa à festa de arromba, que reuniu em Brasília cerca de 5 mil prefeitos, acompanhados das respectivas esposas e familiares, além de secretários, convidados, amigos e penetras, a pretexto do lançamento do programa federal, ensopado de demagogia, de socorro às prefeituras endividadas.
Durante os dois dias do magno espetáculo, Brasília viveu o sonho da capital projetada por Lúcio Costa enriquecida pelo gênio de Oscar Niemeyer. E, no pódio, ao lado do presidente Lula, a presença da ministra Dilma Rousseff, candidata da sua escolha pessoal, que o PT engoliu disfarçando a careta e já agora com o sorriso aberto pela esperança de mais um ou dois mandatos na folia do poder.
Ninguém neste país, por mais desatento ou desligado, deixou de reconhecer o evidente sentido eleitoreiro, com o duplo objetivo de apresentar a candidata aos prefeitos, que controlam as bases municipais e do oba-oba sobre as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), entregue de bandeja à gerência da ministra-candidata.
Ora, o que tanto irritou o presidente nas reclamações à cobertura da imprensa obtusa, que ainda não percebeu que "acabou o tempo em que alguém achava que podia interferir numa eleição porque é formador de opinião"?
Passa pelo mau humor presidencial a vaidade de quem se considera – e com boas razões – o dono do eleitorado, com 86% de aprovação nas últimas pesquisas, capaz de inventar uma candidata, impor ao PT a sua aceitação e confiar, com a certeza dos iluminados, na sua eleição em 5 de outubro de 2010. Já é ir longe demais especular sobre o sonho de mais um mandato, lá para 2014 ou 2018, se a reeleição resistir à adiada reforma política.
DEU NO JORNAL DO BRASIL
O presidente Lula conseguiu dar a volta por cima de uma das mais complicadas enrascadas em que se envolveu por precipitação e com a dose excessiva de empáfia, na crise de nervos, muito parecida com o chilique, da sua irritada reação à cobertura da imprensa à festa de arromba, que reuniu em Brasília cerca de 5 mil prefeitos, acompanhados das respectivas esposas e familiares, além de secretários, convidados, amigos e penetras, a pretexto do lançamento do programa federal, ensopado de demagogia, de socorro às prefeituras endividadas.
Durante os dois dias do magno espetáculo, Brasília viveu o sonho da capital projetada por Lúcio Costa enriquecida pelo gênio de Oscar Niemeyer. E, no pódio, ao lado do presidente Lula, a presença da ministra Dilma Rousseff, candidata da sua escolha pessoal, que o PT engoliu disfarçando a careta e já agora com o sorriso aberto pela esperança de mais um ou dois mandatos na folia do poder.
Ninguém neste país, por mais desatento ou desligado, deixou de reconhecer o evidente sentido eleitoreiro, com o duplo objetivo de apresentar a candidata aos prefeitos, que controlam as bases municipais e do oba-oba sobre as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), entregue de bandeja à gerência da ministra-candidata.
Ora, o que tanto irritou o presidente nas reclamações à cobertura da imprensa obtusa, que ainda não percebeu que "acabou o tempo em que alguém achava que podia interferir numa eleição porque é formador de opinião"?
Passa pelo mau humor presidencial a vaidade de quem se considera – e com boas razões – o dono do eleitorado, com 86% de aprovação nas últimas pesquisas, capaz de inventar uma candidata, impor ao PT a sua aceitação e confiar, com a certeza dos iluminados, na sua eleição em 5 de outubro de 2010. Já é ir longe demais especular sobre o sonho de mais um mandato, lá para 2014 ou 2018, se a reeleição resistir à adiada reforma política.
A vaidade, misturada com orgulho e presunção, subiu à cabeça presidencial na festa de arromba de dois dias de badalação em torno da ministra-candidata e do pacote de generosidade aos prefeitos. E, francamente, passou dos limites do bom senso. Ora, para anunciar não apenas aos prefeitos e suas famílias as obras do PAC, com a ministra-candidata a tiracolo mas, ao país, seria mais simples, muito mais econômico, utilizar a poderosa rede pública de emissoras de rádio e televisão ou apelar para a rede nacional. E com a vantagem nada desprezível da audiência em todo o país.
Certamente, ao presidente ou a seus atentos assessores ocorreu a solução óbvia. Mas Lula sonhou o espetáculo da reunião em Brasília de todos os prefeitos, suas famílias, secretários e cupinchas. E ficou indignado quando a mídia registrou o óbvio.
Ao abrir a guarda, Lula colheu agrados e petelecos em doses variadas. Do presidente nominal do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), com engulhos, a rosa murcha da rendição incondicional: "Certamente que a ministra Dilma vai estar liderando a luta do nosso projeto democrático e popular no próximo ano". Mas o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não perdeu a oportunidade de encaixar a reprimenda: Lula está antecipando o processo eleitoral. E em recado direto: "Se Lula continuar forçando a campanha antecipada, o PSDB pode ir ao TSE pedir autorização para fazer campanha também".
A sugestão de FHC não pode ser levada ao pé da letra, pois nenhum partido se exporia ao ridículo de bater às portas do Tribunal Superior Eleitoral para pleitear o descumprimento de um dispositivo constitucional. Os dois dias da milionária festança eleitoral do Encontro Nacional dos Prefeitos em Brasília prometem render ao presidente mais aborrecimentos do que benefícios. A candidatura da ministra Dilma já estava lançada há vários meses e reafirmada em inúmeras declarações do seu patrono. Dilma assumiu a prenda com natural deslumbramento e algum exagero, com a exposição das correções plásticas, a reforma do vestuário e a mudança do temperamento seco para a euforia de quem vive o sonho das mil e uma noites. E ninguém segura a ministra repaginada e inteiramente à vontade no novo desafio.
Certamente, ao presidente ou a seus atentos assessores ocorreu a solução óbvia. Mas Lula sonhou o espetáculo da reunião em Brasília de todos os prefeitos, suas famílias, secretários e cupinchas. E ficou indignado quando a mídia registrou o óbvio.
Ao abrir a guarda, Lula colheu agrados e petelecos em doses variadas. Do presidente nominal do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), com engulhos, a rosa murcha da rendição incondicional: "Certamente que a ministra Dilma vai estar liderando a luta do nosso projeto democrático e popular no próximo ano". Mas o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não perdeu a oportunidade de encaixar a reprimenda: Lula está antecipando o processo eleitoral. E em recado direto: "Se Lula continuar forçando a campanha antecipada, o PSDB pode ir ao TSE pedir autorização para fazer campanha também".
A sugestão de FHC não pode ser levada ao pé da letra, pois nenhum partido se exporia ao ridículo de bater às portas do Tribunal Superior Eleitoral para pleitear o descumprimento de um dispositivo constitucional. Os dois dias da milionária festança eleitoral do Encontro Nacional dos Prefeitos em Brasília prometem render ao presidente mais aborrecimentos do que benefícios. A candidatura da ministra Dilma já estava lançada há vários meses e reafirmada em inúmeras declarações do seu patrono. Dilma assumiu a prenda com natural deslumbramento e algum exagero, com a exposição das correções plásticas, a reforma do vestuário e a mudança do temperamento seco para a euforia de quem vive o sonho das mil e uma noites. E ninguém segura a ministra repaginada e inteiramente à vontade no novo desafio.
Se a oposição continuar no chove-não-molha das picuinhas entre os governadores José Serra e Aécio Neves, sozinha no palco, Dilma pode disparar nas pesquisas e virar o jogo.
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