SÃO PAULO - Aí, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva leva sua candidata do coração a um passeio pelo sertão nordestino. A horas tantas, apresenta: "Dilma, este é o sertanejo, veja como é diferente".
Dilma deslumbra-se e produz uma frase que nunca ninguém antes havia dito neste país (ou em qualquer outro país): "Nós sabemos que aqui no Nordeste há um imenso potencial de homens e mulheres trabalhadores, que muitas vezes, com seu braço, sustentaram o desenvolvimento de outras regiões".
Se a eleição presidencial fosse um torneio do lugar-comum, Dilma passaria facilmente à frente nas pesquisas. E olhe que é um torneio muito disputado, o mais disputado deste país entre políticos. Depois ainda tem gente que se espanta com o fato de que cada vez menos brasileiros se interessam por política.
Até eu, que sou obrigado a fazê-lo por motivos profissionais, só aguento porque a Folha me dá a oportunidade de, vez ou outra, fugir para o exterior, respirar outros ares, ver outros debates, às vezes até piores, conhecer outros políticos, ter ao menos uma chance de entender o que está acontecendo com o mundo nesta quadra confusa, complexa, delicada.
A 22 meses e meio da posse do novo presidente, você aí tem a mais remota ideia do que Aécio Neves, Ciro Gomes, Dilma Rousseff ou José Serra, os principais "presidenciáveis", ou mesmo qualquer outro político relevante, pensa da crise, dos seus desdobramentos, do mundo e do país que emergirão dela, dos novos desafios que surgirão?
Para não falar dos velhos desafios, como a imensa pobreza (o trabalhador brasileiro ganhava, ao final de 2008, menos do que ao final de 2002, apesar do crescimento dos cinco anos mais recentes), a obscena desigualdade, a educação esculhambada, a saúde sempre em frangalhos, a violência e todo o imenso etc. que todos conhecem.
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