Tiago Pariz
DEU NO CORREIO BRAZILIENSE
Indefinição do candidato ao Planalto deixa PSDB com dificuldades em distribuir as peças no tabuleiro da disputa de 2010. Entrave complica viabilização dos palanques nos estados e irrita o DEM
O PSDB tem problemas em fechar palanques fortes para disputar a Presidência da República. E para o DEM isso é resultado da indefinição de quem será o candidato em 2010: o governador de São Paulo, José Serra, ou de Minas Gerais, Aécio Neves. Os principais entraves estão localizados em estados das regiões Sul e Nordeste, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Siva(1) tem os maiores índices de popularidade.
Entre os democratas, só crescem as insatisfações com os tucanos. Alijados do processo de definições de estratégias para a eleição presidencial, querem que o PSDB se resolva. É praticamente consenso que, enquanto o governo tem Lula como impulsionador da campanha da ministra Dilma Rousseff, a oposição patina.
A insatisfação chegou dentro do PSDB. O presidente da legenda, Sérgio Guerra (PE), já admitiu que a candidata governista terá o apoio dos principais partidos e, portanto, mais tempo de televisão durante a propaganda eleitoral gratuita. Ele, agora, está incomodado com o fato de Lula e sua candidata estarem nadando de braçada no período pré-eleitoral e passou a pregar um acordo entre Serra e Aécio ainda este ano para sepultar a indefinição. Um jantar marcado entre ele, o senador Tasso Jereissati e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na próxima terça-feira, em São Paulo, deve apontar uma solução para o impasse.
Sem saber quem será o candidato, os tucanos esbarram em dificuldades de fechar palanques competitivos, o que pode acarretar problemas em locais onde o partido historicamente tem votações significativas nas eleições presidenciais. É o caso de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. E não ajuda nos estados em que, desde 2002, na primeira eleição de Lula, o partido não tem votação expressiva. Nessa lista entram Rio de Janeiro, Maranhão, Paraíba, Ceará, Pernambuco e Sergipe. Nesses cinco dos nove estados nordestinos, o PSDB quebra a cabeça para forjar alianças significativas capazes de transferir votos em larga escala para Serra ou Aécio.
As turbulências na política gaúcha isolaram os tucanos na polarização entre PMDB e PT. Os peemedebistas estão divididos entre o senador Pedro Simon, presidente da legenda, e o deputado Eliseu Padilha, que comanda os votos do partido. Com a aliança nacional que os peemedebistas pretendem fechar com o PT na próxima quarta-feira, a ministra Dilma Rousseff poderá ter vantagem no estado que a lançou para a política nacional.
É justamente disso que o presidente do PSDB reclama. O impasse engessa as discussões sobre políticas de aliança. No Sul, ainda não é certo se a governadora Yeda Crusius (PSDB) disputará a reeleição ou abdicará do posto para apoiar outro candidato. Os caciques tucanos desejam que ela apoie um nome do PMDB, que deve ser o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça.
Cabo de força
Essa tensão com o PMDB repete-se em Santa Catarina. PSDB e DEM fecharam acordo com o governador Luiz Henrique Silveira e apontaram três pré-candidatos: o ex-senador Leonel Pavan (PSDB), o senador Raimundo Colombo (DEM), e o ex-vice governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB). Como num cabo de força triangular, ninguém abre mão da cabeça de chapa e o acordo pode fazer água.
No Paraná, a situação é mais confortável, mas nem por isso menos complicada. Os tucanos têm como pré-candidatos o prefeito de Curitiba, Beto Richa, e o senador Álvaro Dias. Só que estão também com as miras voltadas para o pré-candidato do PDT, o senador Osmar Dias, que flerta com o apoio de Dilma.
A situação é também complicada no Rio de Janeiro. Com a candidatura à Presidência da República da senadora Marina Silva (PV-AC), fecharam-se as portas para um acordo com os verdes e os tucanos ficaram sem candidato. O secretário-geral do PSDB, Rodrigo de Castro, disse que ainda é cedo para o quadro dos estados estar definido.
Manobra
O presidente Lula quer diminuir a força do PSDB em São Paulo ao empurrar o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) — que deseja ser candidato ao Palácio do Planalto — para a disputa do governo paulista. Em Minas, ele tenta fechar aliança com o PMDB, mas esbarra nas dificuldades do PT, que quer ter candidato próprio e não aceita apoiar o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB).
DEU NO CORREIO BRAZILIENSE
Indefinição do candidato ao Planalto deixa PSDB com dificuldades em distribuir as peças no tabuleiro da disputa de 2010. Entrave complica viabilização dos palanques nos estados e irrita o DEM
O PSDB tem problemas em fechar palanques fortes para disputar a Presidência da República. E para o DEM isso é resultado da indefinição de quem será o candidato em 2010: o governador de São Paulo, José Serra, ou de Minas Gerais, Aécio Neves. Os principais entraves estão localizados em estados das regiões Sul e Nordeste, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Siva(1) tem os maiores índices de popularidade.
Entre os democratas, só crescem as insatisfações com os tucanos. Alijados do processo de definições de estratégias para a eleição presidencial, querem que o PSDB se resolva. É praticamente consenso que, enquanto o governo tem Lula como impulsionador da campanha da ministra Dilma Rousseff, a oposição patina.
A insatisfação chegou dentro do PSDB. O presidente da legenda, Sérgio Guerra (PE), já admitiu que a candidata governista terá o apoio dos principais partidos e, portanto, mais tempo de televisão durante a propaganda eleitoral gratuita. Ele, agora, está incomodado com o fato de Lula e sua candidata estarem nadando de braçada no período pré-eleitoral e passou a pregar um acordo entre Serra e Aécio ainda este ano para sepultar a indefinição. Um jantar marcado entre ele, o senador Tasso Jereissati e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na próxima terça-feira, em São Paulo, deve apontar uma solução para o impasse.
Sem saber quem será o candidato, os tucanos esbarram em dificuldades de fechar palanques competitivos, o que pode acarretar problemas em locais onde o partido historicamente tem votações significativas nas eleições presidenciais. É o caso de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. E não ajuda nos estados em que, desde 2002, na primeira eleição de Lula, o partido não tem votação expressiva. Nessa lista entram Rio de Janeiro, Maranhão, Paraíba, Ceará, Pernambuco e Sergipe. Nesses cinco dos nove estados nordestinos, o PSDB quebra a cabeça para forjar alianças significativas capazes de transferir votos em larga escala para Serra ou Aécio.
As turbulências na política gaúcha isolaram os tucanos na polarização entre PMDB e PT. Os peemedebistas estão divididos entre o senador Pedro Simon, presidente da legenda, e o deputado Eliseu Padilha, que comanda os votos do partido. Com a aliança nacional que os peemedebistas pretendem fechar com o PT na próxima quarta-feira, a ministra Dilma Rousseff poderá ter vantagem no estado que a lançou para a política nacional.
É justamente disso que o presidente do PSDB reclama. O impasse engessa as discussões sobre políticas de aliança. No Sul, ainda não é certo se a governadora Yeda Crusius (PSDB) disputará a reeleição ou abdicará do posto para apoiar outro candidato. Os caciques tucanos desejam que ela apoie um nome do PMDB, que deve ser o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça.
Cabo de força
Essa tensão com o PMDB repete-se em Santa Catarina. PSDB e DEM fecharam acordo com o governador Luiz Henrique Silveira e apontaram três pré-candidatos: o ex-senador Leonel Pavan (PSDB), o senador Raimundo Colombo (DEM), e o ex-vice governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB). Como num cabo de força triangular, ninguém abre mão da cabeça de chapa e o acordo pode fazer água.
No Paraná, a situação é mais confortável, mas nem por isso menos complicada. Os tucanos têm como pré-candidatos o prefeito de Curitiba, Beto Richa, e o senador Álvaro Dias. Só que estão também com as miras voltadas para o pré-candidato do PDT, o senador Osmar Dias, que flerta com o apoio de Dilma.
A situação é também complicada no Rio de Janeiro. Com a candidatura à Presidência da República da senadora Marina Silva (PV-AC), fecharam-se as portas para um acordo com os verdes e os tucanos ficaram sem candidato. O secretário-geral do PSDB, Rodrigo de Castro, disse que ainda é cedo para o quadro dos estados estar definido.
Manobra
O presidente Lula quer diminuir a força do PSDB em São Paulo ao empurrar o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) — que deseja ser candidato ao Palácio do Planalto — para a disputa do governo paulista. Em Minas, ele tenta fechar aliança com o PMDB, mas esbarra nas dificuldades do PT, que quer ter candidato próprio e não aceita apoiar o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB).
Definição do perfil
Enquanto persiste o xadrez regional do PSDB, o partido volta os debates para a definição do perfil de seu candidato à Presidência da República em 2010. Se o critério for o maior percentual nas pesquisas de intenção de votos, a escolha será pelo governador de São Paulo, José Serra. Mas se a opção for por alguém capaz de agregar outras forças políticas além de DEM e PPS, a balança pesará para o governador de Minas Gerais, Aécio Neves. Esse é um tema que deve ser debatido no encontro entre Sérgio Guerra, Tasso Jereissati e Fernando Henrique Cardoso, na terça.
“Precisamos saber escolher o que é melhor: quem está bem colocado nas pesquisas ou quem tem capacidade de crescimento e de aglutinar forças. Esse debate está sendo travado dentro do partido de maneira bastante franca”, disse o secretário-geral do PSDB, Rodrigo de Castro. Ele, no entanto, não vê movimento de acerto entre os dois pré-candidatos até o fim do ano, antecipando a escolha que hoje está marcada para o primeiro semestre de 2010, como quer o governador paulista.
Trunfos
Apesar das dificuldades enfrentadas na formação de palanques fortes, os tucanos têm um trunfo, ou melhor, dois. Ser bem superior em São Paulo, onde o PT pasta para voltar a ter papel de protagonista, e ser forte em Minas Gerais — os dois maiores colégios eleitorais do país. Os paulistas têm quase o mesmo número de eleitores de todos os estados da Região Nordeste e Minas supera de longe os eleitores do Norte. “Se o Aécio e o Serra estiverem unidos em 2010, eles serão muito fortes, apesar de todos os problemas no Sul e no Nordeste”, disse um deputado governista que tem trânsito junto ao presidente Lula.
O PSDB aposta no governador mineiro para conter o efeito da popularidade de Lula e a transferência de votos para Dilma no Nordeste. “Aécio agrega mais e tem discurso fácil. Tem fala forte regional e isso vai pesar muito no Norte e no Nordeste”, completa Rodrigo de Castro.
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