João Domingos e Christiane Samarco
Brasília
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Ele disse que saiu ganhando, ao ajudar o senador no caso dos atos secretos, porque ""o PMDB vai marchar com Dilma""
Em conversa descontraída com ministros mais próximos, há cerca de 15 dias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva surpreendeu os presentes ao levar para a roda um fato recente, mas fora da agenda atual: a mão que deu a José Sarney (PMDB-AP) para mantê-lo na presidência do Senado mesmo com o escândalo dos atos secretos que beneficiaram parlamentares e seus parentes mais próximos. "Quem ganhou fui eu, porque o PMDB vai marchar com Dilma", disse Lula, segundo um dos presentes, ao se referir à aliança que está costurando para a disputa presidencial, com a sua candidata, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Lula tinha nas mãos alguns números sobre o PMDB, todos comprovando o gigantismo do partido. Como sabe que ser governo e apoiar Sarney desgasta e afugenta o voto das grandes regiões metropolitanas, é necessário avançar cada vez mais rumo aos grotões. E nenhuma sigla é melhor do que o PMDB para esse objetivo. Até se diz que é mais fácil faltar coca-cola numa cidade do que um político do PMDB, partido presente em 84% dos municípios brasileiros.
Tem mais. Somando-se os três minutos do tempo de TV e rádio do PT com os três minutos e doze segundos do PMDB, sem considerar outros partidos e uma nova contagem a ser feita pelo TSE, a partir do número de candidatos, a coligação somaria seis minutos e doze segundos, tempo superior ao de todas as oposições reunidas. PSDB, DEM e PPS, próximos de formalizar chapa para disputar a eleição presidencial, alcançam, nas contas de hoje, cinco minutos e cinquenta e três segundos.
TAMANHO
"O PMDB é importante para a candidatura da Dilma por conta do tamanho da estrutura do partido no País, pelo tempo que terá na propaganda eleitoral no rádio e na televisão e por sua força no Congresso", diz o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, um dos nomes fortes da equipe de articulação da candidatura petista.
O ministro não tem dúvidas de que a parceria com o partido que possui 91 deputados e 17 senadores, além das presidências da Câmara e do Senado - cujos titulares são os dois primeiros na linha sucessória da República, atrás apenas do vice José Alencar -, tem grande peso político não só para a pré-candidata Dilma como para o chefe dela. "O PMDB possibilita ao presidente Lula terminar melhor o seu governo."
O PMDB tem ainda 8.497 vereadores, 1.119 prefeitos, 910 vice-prefeitos, 170 deputados estaduais, nove governadores e cinco vice-governadores. Na avaliação dos que já trabalham para a candidatura de Dilma, esse tamanho que nenhuma outra sigla tem permitirá, por exemplo, que a campanha da petista chegue aos grotões sem que ela tenha a necessidade de botar o pé lá - não por desconsiderar determinada região, mas por absoluta falta de tempo.
Nesse caso, a ideia é fazer com que lideranças de microrregiões façam a campanha de Dilma, pois elas mantêm contatos com os fiéis das igrejas, com os empresários, com o entregador de leite, os professores e alunos das escolas rurais, entre outras tantas pessoas. Isso, na opinião dos estrategistas do governo, é um fator de multiplicação de votos que só o PMDB oferece.
Brasília
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Ele disse que saiu ganhando, ao ajudar o senador no caso dos atos secretos, porque ""o PMDB vai marchar com Dilma""
Em conversa descontraída com ministros mais próximos, há cerca de 15 dias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva surpreendeu os presentes ao levar para a roda um fato recente, mas fora da agenda atual: a mão que deu a José Sarney (PMDB-AP) para mantê-lo na presidência do Senado mesmo com o escândalo dos atos secretos que beneficiaram parlamentares e seus parentes mais próximos. "Quem ganhou fui eu, porque o PMDB vai marchar com Dilma", disse Lula, segundo um dos presentes, ao se referir à aliança que está costurando para a disputa presidencial, com a sua candidata, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Lula tinha nas mãos alguns números sobre o PMDB, todos comprovando o gigantismo do partido. Como sabe que ser governo e apoiar Sarney desgasta e afugenta o voto das grandes regiões metropolitanas, é necessário avançar cada vez mais rumo aos grotões. E nenhuma sigla é melhor do que o PMDB para esse objetivo. Até se diz que é mais fácil faltar coca-cola numa cidade do que um político do PMDB, partido presente em 84% dos municípios brasileiros.
Tem mais. Somando-se os três minutos do tempo de TV e rádio do PT com os três minutos e doze segundos do PMDB, sem considerar outros partidos e uma nova contagem a ser feita pelo TSE, a partir do número de candidatos, a coligação somaria seis minutos e doze segundos, tempo superior ao de todas as oposições reunidas. PSDB, DEM e PPS, próximos de formalizar chapa para disputar a eleição presidencial, alcançam, nas contas de hoje, cinco minutos e cinquenta e três segundos.
TAMANHO
"O PMDB é importante para a candidatura da Dilma por conta do tamanho da estrutura do partido no País, pelo tempo que terá na propaganda eleitoral no rádio e na televisão e por sua força no Congresso", diz o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, um dos nomes fortes da equipe de articulação da candidatura petista.
O ministro não tem dúvidas de que a parceria com o partido que possui 91 deputados e 17 senadores, além das presidências da Câmara e do Senado - cujos titulares são os dois primeiros na linha sucessória da República, atrás apenas do vice José Alencar -, tem grande peso político não só para a pré-candidata Dilma como para o chefe dela. "O PMDB possibilita ao presidente Lula terminar melhor o seu governo."
O PMDB tem ainda 8.497 vereadores, 1.119 prefeitos, 910 vice-prefeitos, 170 deputados estaduais, nove governadores e cinco vice-governadores. Na avaliação dos que já trabalham para a candidatura de Dilma, esse tamanho que nenhuma outra sigla tem permitirá, por exemplo, que a campanha da petista chegue aos grotões sem que ela tenha a necessidade de botar o pé lá - não por desconsiderar determinada região, mas por absoluta falta de tempo.
Nesse caso, a ideia é fazer com que lideranças de microrregiões façam a campanha de Dilma, pois elas mantêm contatos com os fiéis das igrejas, com os empresários, com o entregador de leite, os professores e alunos das escolas rurais, entre outras tantas pessoas. Isso, na opinião dos estrategistas do governo, é um fator de multiplicação de votos que só o PMDB oferece.
"Podemos, assim, aproximar o palanque nacional dos atores locais", afirma Padilha.
Não é por acaso que o PT nacional não quer brigar com o PMDB nem mesmo em Estados onde os dois partidos já estão em disputa pelo governo local. O ministro da Integração Nacional e pré-candidato a governador da Bahia contra o PT, Geddel Vieira Lima, é um dos que chamam a atenção para o "peso específico" do PMDB na eleição do ano que vem. Só para se ter uma noção de números, dos 417 municípios baianos, 116 são comandados pelo PMDB, incluindo cidades grandes como a capital Salvador e Jequié.
"O partido tem estrutura montada em todo o País e o prefeito é sempre uma liderança importante, que está no dia a dia da comunidade", analisa Geddel. "Um prefeito com prestígio junto à comunidade toca sozinho uma campanha porque, evidentemente, nenhum candidato vai a todos os municípios."
Como ocorre na Bahia, petistas e peemedebistas estão em guerra no Pará, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Como os grupos partidários ainda aguardam os acertos da aliança nacional,o roteiro do entendimento já está estabelecido.
AVALISTA
Pragmático, Geddel diz que, onde puder compor, ótimo: "Onde não der, vamos estabelecer regras para os dois palanques." Os estrategistas do governo acrescentam que o acordo PT/PMDB para a coligação nacional poderá inibir setores contrários à aliança, como o paulista comandado por Orestes Quércia. Afinal, será sempre um fator de constrangimento para os dissidentes saber que a direção nacional deu a orientação para seguir outro caminho.
Como os problemas regionais entre PT e PMDB, a forma encontrada pelos peemedebistas para tentar resolver as pendências nos Estados é encontrar um avalista para os acordos. A grande preocupação dos peemedebistas na composição com o PT é ter convicção de que eles não serão escanteados durante a campanha. Por isso, fazem questão de participar da chapa presidencial petista.
"O vice será o avalista da negociação nos Estados e o Michel Temer é o nome preferencial", diz Geddel. "Ninguém melhor que o presidente nacional do partido para avalizar os acertos estaduais."
Não é por acaso que o PT nacional não quer brigar com o PMDB nem mesmo em Estados onde os dois partidos já estão em disputa pelo governo local. O ministro da Integração Nacional e pré-candidato a governador da Bahia contra o PT, Geddel Vieira Lima, é um dos que chamam a atenção para o "peso específico" do PMDB na eleição do ano que vem. Só para se ter uma noção de números, dos 417 municípios baianos, 116 são comandados pelo PMDB, incluindo cidades grandes como a capital Salvador e Jequié.
"O partido tem estrutura montada em todo o País e o prefeito é sempre uma liderança importante, que está no dia a dia da comunidade", analisa Geddel. "Um prefeito com prestígio junto à comunidade toca sozinho uma campanha porque, evidentemente, nenhum candidato vai a todos os municípios."
Como ocorre na Bahia, petistas e peemedebistas estão em guerra no Pará, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Como os grupos partidários ainda aguardam os acertos da aliança nacional,o roteiro do entendimento já está estabelecido.
AVALISTA
Pragmático, Geddel diz que, onde puder compor, ótimo: "Onde não der, vamos estabelecer regras para os dois palanques." Os estrategistas do governo acrescentam que o acordo PT/PMDB para a coligação nacional poderá inibir setores contrários à aliança, como o paulista comandado por Orestes Quércia. Afinal, será sempre um fator de constrangimento para os dissidentes saber que a direção nacional deu a orientação para seguir outro caminho.
Como os problemas regionais entre PT e PMDB, a forma encontrada pelos peemedebistas para tentar resolver as pendências nos Estados é encontrar um avalista para os acordos. A grande preocupação dos peemedebistas na composição com o PT é ter convicção de que eles não serão escanteados durante a campanha. Por isso, fazem questão de participar da chapa presidencial petista.
"O vice será o avalista da negociação nos Estados e o Michel Temer é o nome preferencial", diz Geddel. "Ninguém melhor que o presidente nacional do partido para avalizar os acertos estaduais."
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