Da Sucursal de Brasília
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
A ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira diz ter achado a agenda com registro da reunião com Dilma Rousseff na qual a ministra da Casa Civil teria pedido para “agilizar” investigação contra empresas da família do senador José Sarney. Na primeira linha da página de 9 de outubro de 2008, há uma anotação sobre o compromisso. O Gabinete de Segurança Institucional diz haver registro da ida de Lina ao Planalto naquele dia. Dilma afirma que o encontro não ocorreu.
Lina acha agenda que teria data de reunião com Dilma
Registro à mão de encontro no Planalto aparece na página de 9 de outubro de 2008
Ex-secretária da Receita diz que ministra convidou-a para reunião e pediu para agilizar apuração sobre Sarney; Dilma rechaça pedido e encontro
A ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira afirma ter encontrado a agenda pessoal em que está registrada a reunião a sós com Dilma Rousseff, na qual a ministra da Casa Civil teria pedido para "agilizar" a investigação contra empresas da família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Na primeira linha da página do dia 9 de outubro de 2008, existe uma anotação à mão sobre o tal compromisso. Segundo Lina, o encontro ocorreu na parte da manhã, por volta das 11h, no Palácio do Planalto.
O Gabinete de Segurança Institucional confirma que há registros da ida de Lina ao edifício naquele dia. Dilma, no entanto, diz que nunca teve uma audiência reservada com a então secretária da Receita.
O documento reforça o relato que Lina fez à Folha no começo de agosto deste ano. Na ocasião, a ex-secretária afirmou que Dilma havia solicitado o encontro reservado no Planalto para encaminhar o que Lina interpretou como uma ordem para encerrar logo a auditoria sobre os negócios de Sarney, aliado histórico do governo Lula e hoje presidente do Senado -ordem que a ex-secretária afirma não ter acatado.
Dilma negou não só o pedido como o encontro. A Folha procurou a assessoria de imprensa da ministra, mas não obteve resposta.Tanto ela quanto Lula desafiaram Lina a apresentar a agenda. "Qual a razão que essa secretária tinha para dizer que conversou com a Dilma e não mostrar a agenda?", disse o presidente, em agosto.
Na entrevista à Folha, em que detalhou a reunião, descrevendo até a roupa da ministra, Lina ressaltara que tinha feito registro do encontro em sua agenda pessoal. No entanto, o documento estava entre seus pertences embalados para a mudança de volta a Natal (RN). Lina havia sido demitida em meados de julho do principal cargo do fisco, depois de apenas 11 meses no posto.
Entre as razões para sua exoneração, estava o incômodo no Palácio do Planalto causado por pressões de grandes empresas que haviam sido fiscalizadas pela Receita, num projeto adotado por Lina de priorizar os maiores contribuintes.
Em meados de agosto, Lina prestou depoimento no Senado. Confirmou o relato feito à Folha e deu mais detalhes da reunião com Dilma. Mencionou, por exemplo, o nome do motorista que havia lhe levado ao Planalto. Disse que considerava o pedido da ministra "descabido" -a Casa Civil não tem nenhuma ingerência formal sobre a Receita, subordinada ao Ministério da Fazenda.
Mais uma vez, porém, a ex-secretária não apresentou a agenda com o compromisso, fato comemorado por Lula, Dilma e pela base de apoio à candidatura da ministra à Presidência da República em 2010.
Numa tentativa de desmentir a ex-secretária da Receita, senadores governistas divulgaram datas em que Lina esteve no Palácio do Planalto. Um dos registros é justamente o da manhã do dia 9 de outubro.
Em nenhum momento, a ex-secretária havia dito em público o dia exato do encontro. Ela sempre contou somente que a reunião havia sido no final do ano. Como não havia nenhum registro de visita da ex-secretária em novembro e dezembro, o governo acreditou ter desmascarado Lina.
A oposição no Congresso chegou a solicitar as imagens do circuito interno de TV do palácio, mas o Planalto informou que só guardava essas imagens por 30 dias. Depois disso, as fitas seriam apagadas.
Dias após o depoimento no Senado, segundo a Folha apurou, Lina encontrou a agenda. Mas ficou com receio do que fazer com o documento. Afirma ter recebido recados de pessoas ligadas ao governo para deixar "o assunto morrer".
Em meados de setembro, a ex-secretária fez uma viagem de três semanas para a Europa.
Voltou no dia 7, disposta a dar um "desfecho formal" ao caso. Não quer mais exposição na imprensa. Prefere entregar o documento ao Ministério Público Federal, se convocada.
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
A ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira diz ter achado a agenda com registro da reunião com Dilma Rousseff na qual a ministra da Casa Civil teria pedido para “agilizar” investigação contra empresas da família do senador José Sarney. Na primeira linha da página de 9 de outubro de 2008, há uma anotação sobre o compromisso. O Gabinete de Segurança Institucional diz haver registro da ida de Lina ao Planalto naquele dia. Dilma afirma que o encontro não ocorreu.
Lina acha agenda que teria data de reunião com Dilma
Registro à mão de encontro no Planalto aparece na página de 9 de outubro de 2008
Ex-secretária da Receita diz que ministra convidou-a para reunião e pediu para agilizar apuração sobre Sarney; Dilma rechaça pedido e encontro
A ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira afirma ter encontrado a agenda pessoal em que está registrada a reunião a sós com Dilma Rousseff, na qual a ministra da Casa Civil teria pedido para "agilizar" a investigação contra empresas da família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Na primeira linha da página do dia 9 de outubro de 2008, existe uma anotação à mão sobre o tal compromisso. Segundo Lina, o encontro ocorreu na parte da manhã, por volta das 11h, no Palácio do Planalto.
O Gabinete de Segurança Institucional confirma que há registros da ida de Lina ao edifício naquele dia. Dilma, no entanto, diz que nunca teve uma audiência reservada com a então secretária da Receita.
O documento reforça o relato que Lina fez à Folha no começo de agosto deste ano. Na ocasião, a ex-secretária afirmou que Dilma havia solicitado o encontro reservado no Planalto para encaminhar o que Lina interpretou como uma ordem para encerrar logo a auditoria sobre os negócios de Sarney, aliado histórico do governo Lula e hoje presidente do Senado -ordem que a ex-secretária afirma não ter acatado.
Dilma negou não só o pedido como o encontro. A Folha procurou a assessoria de imprensa da ministra, mas não obteve resposta.Tanto ela quanto Lula desafiaram Lina a apresentar a agenda. "Qual a razão que essa secretária tinha para dizer que conversou com a Dilma e não mostrar a agenda?", disse o presidente, em agosto.
Na entrevista à Folha, em que detalhou a reunião, descrevendo até a roupa da ministra, Lina ressaltara que tinha feito registro do encontro em sua agenda pessoal. No entanto, o documento estava entre seus pertences embalados para a mudança de volta a Natal (RN). Lina havia sido demitida em meados de julho do principal cargo do fisco, depois de apenas 11 meses no posto.
Entre as razões para sua exoneração, estava o incômodo no Palácio do Planalto causado por pressões de grandes empresas que haviam sido fiscalizadas pela Receita, num projeto adotado por Lina de priorizar os maiores contribuintes.
Em meados de agosto, Lina prestou depoimento no Senado. Confirmou o relato feito à Folha e deu mais detalhes da reunião com Dilma. Mencionou, por exemplo, o nome do motorista que havia lhe levado ao Planalto. Disse que considerava o pedido da ministra "descabido" -a Casa Civil não tem nenhuma ingerência formal sobre a Receita, subordinada ao Ministério da Fazenda.
Mais uma vez, porém, a ex-secretária não apresentou a agenda com o compromisso, fato comemorado por Lula, Dilma e pela base de apoio à candidatura da ministra à Presidência da República em 2010.
Numa tentativa de desmentir a ex-secretária da Receita, senadores governistas divulgaram datas em que Lina esteve no Palácio do Planalto. Um dos registros é justamente o da manhã do dia 9 de outubro.
Em nenhum momento, a ex-secretária havia dito em público o dia exato do encontro. Ela sempre contou somente que a reunião havia sido no final do ano. Como não havia nenhum registro de visita da ex-secretária em novembro e dezembro, o governo acreditou ter desmascarado Lina.
A oposição no Congresso chegou a solicitar as imagens do circuito interno de TV do palácio, mas o Planalto informou que só guardava essas imagens por 30 dias. Depois disso, as fitas seriam apagadas.
Dias após o depoimento no Senado, segundo a Folha apurou, Lina encontrou a agenda. Mas ficou com receio do que fazer com o documento. Afirma ter recebido recados de pessoas ligadas ao governo para deixar "o assunto morrer".
Em meados de setembro, a ex-secretária fez uma viagem de três semanas para a Europa.
Voltou no dia 7, disposta a dar um "desfecho formal" ao caso. Não quer mais exposição na imprensa. Prefere entregar o documento ao Ministério Público Federal, se convocada.
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