Em entrevista ao jornal O Globo, senador afirma que a indefinição de José Serra “debilita” as oposições e atrapalha seu projeto eleitoral em Pernambuco
O prazo para o governador José Serra (PSDB) se declarar candidato à Presidência da República acabou. E a oposição saiu prejudicada nacionalmente. Essa é a conclusão do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), explicitada em entrevista concedida ao jornal O Globo na quarta-feira passada, e publicada na edição de hoje. Sem esconder a irritação com a demora do aliado tucano em assumir a candidatura, Jarbas faz uma avaliação dura da situação das oposições: “Não temos candidato. Temos é uma candidata da base (governista) permanentemente acompanhando (o presidente) Lula em todo tipo de inauguração, lançamento de pedra fundamental, inauguração de obra pela metade”, afirma, referindo-se à presidenciável do PT, ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).
Na entrevista, Jarbas Vasconcelos reconhece que o clima de indefinição tem interferido inclusive nos seus planos eleitorais em Pernambuco. Embora afirme estar pronto para entrar na disputa pelo governo do Estado, diz que não o fará movido apenas por uma questão provinciana. “Teria que voltar a ser dentro de um projeto nacional em que acredito. Temos sete meses à frente, mas Serra não pode esperar mais. Este não é mais um problema só dele. É problema dos Estados”, afirma.
Jarbas admite que havia certo conforto na situação de Serra enquanto seus índices nas pesquisas giravam em torno de 40%, bem à frente dos adversários. Mas no início de 2010, diante de problemas que, segundo ele, não dependiam do presidenciável tucano – como as enchentes em São Paulo e o mensalão do DEM – Serra deveria ter se antecipado. “Estamos em março e já tivemos dano por causa das indefinições, que não posso mensurar. Se Serra resolvesse isso ontem seria importante para montar palanques pelo país. Ele tem que resolver neste fim de semana, chamar pessoas não só de São Paulo”. Ele adverte ainda sobre as articulações nas oposições para desestabilizar o governador paulista e lançar outra alternativa. “Sei que há focos de resistência que eram uma, duas pessoas, e hoje são mais, está crescendo. Serra não é bobo e vai resolver. E não só a candidatura dele, mas os palanques estaduais”, aposta.
Na entrevista, o senador admite que o crescimento de Dilma nas pesquisas surpreendeu as oposições e o próprio PT, e “atropelou os fatos”. Mas volta a bater forte na ministra, a quem acusa de ser inexperiente e de usar de grosserias para esconder suas “muitas debilidades”. Também repete os ataques a Lula, afirmando que o presidente tem usado seu peso político e prestígio “para entregar o país a uma pessoa que não tem experiência política, eleitoral, administrativa”. Segundo Jarbas, Lula vai ficar como um “irresponsável” na História se Dilma vencer as eleições.
A novidade fica por conta das críticas de Jarbas ao governador mineiro Aécio Neves. Segundo o senador pernambucano, é um erro dos tucanos vincular uma eventual vitória de Serra à presença de Aécio como candidato a vice-presidente. “Em política, é um erro jogar tudo em cima de uma pessoa. Fica parecendo que só se ganha se for com Aécio. Isso pode ser uma debilidade a mais”, diz Jarbas. “Acho Aécio um grande homem público, que tem liderança consolidada, governa o segundo maior colégio eleitoral do país. Respeito suas opções de querer ser candidato ao Senado. Só que os fatos mudaram. E ele poderia mudar!
É jovem, tem 50 anos, poderia deixar esse projeto de lado e ajudar. Seria um gesto de muita sabedoria e muito alcance político de um líder que é”, diz, acrescentando que a vice poderia, inclusive, consolidar o nome do governador mineiro para uma futura candidatura presidencial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário